CAPÍTULO 26 – ATÉ A PRÓXIMA!
“Ambulâncias, caminhões de
bombeiros e viaturas policiais infestaram o centro cívico. É claro que Raquel
se tornou o centro das atenções, todos tinham perguntas para ela. No entanto,
isso não livrou Carla e eu de sermos interrogados também. Antes fomos
examinados pelos paramédicos. Assim que nos liberaram, precisamos ir até a
delegacia prestar nossos depoimentos oficiais.”
— Você está péssima! – Rubens
disse chegando com Carla perto da ambulância em que Raquel estava sentada
recebendo curativo.
— Devia ver o outro cara. – a
morena devolveu.
— Nós vimos. – a jornalista
disse e os três riram.
O interrogatório durou horas,
pois os delegados e detetives estavam tendo dificuldades de acreditar na
história relatada, chegando até a desconfiar dos jornalistas. Essa era a última
parte do plano do Zé. Antes de partirem para o ataque, Raquel, Carla e Rubens
tiveram de repassar todo o combinado para que não houvesse nenhum furo.
Já era de madrugada quando foram
liberados do distrito policial, coincidentemente ao mesmo tempo.
— Então, imagino que vão te dar
alguns dias de folga. – Carla disse à detetive.
— Sim. Uma semana. – Raquel
confirmou. – Queriam me dar um mês, mas eu disse que era muito tempo. – ela
disse e olhou para o casal. – Vocês estão com uma cara estranha.
— Normalmente escreveríamos a
matéria e já voltaríamos para São Paulo, mas faz um tempo que não tiramos
férias e nós dois queremos conhecer mais Curitiba. – Rubens disse.
— E queremos que venha com a
gente. = Carla disse animada. – E caso já tenha ido nos lugares, você pode ser
nossa guia.
— Estou lisonjeada, mas não
posso aceitar. Vocês provavelmente querem um tempo a sós. Vou estragar o
passeio romântico de vocês. – Raquel disse.
— Teremos outros passeios só
para nós dois. Nesse queremos você junto. – Rubens insistiu.
— Tudo bem, então. Vai ser bom
uma distração antes de voltar à realidade. – a morena disse aceitando.
Os jornalistas voltaram ao hotel
e passaram boa parte da madrugada escrevendo sua matéria. Depois de dormirem
algumas horas se encontraram com Raquel para iniciarem seu passeio. Foram ao
Passeio Público, Ópera de Arame, Parque Barigui, Parque Tingui, Parque Tanguá,
Bosque do Alemão e, por insistência da morena, Jardim Botânico.
Apesar do acontecido ela não quis
privar o casal de conhecer o maior ponto turístico da cidade. No outro dia, ela
foi até o hotel deles para se despedir.
— Isso é um adeus, então. – a
detetive disse enquanto o taxista colocava a bagagem dos jornalistas no
porta-malas.
— Não seja tão radical. Isso é
no máximo um “até a próxima!”. – Rubens disse rindo.
— Exatamente! Não vai se livrar
tão fácil de nós, dona moça. – Carla disse abraçando a morena.
Rubens fez o mesmo e o casal foi
se encaminhando para o carro.
— Muito bem. Até a próxima! – Raquel
disse.
— Até! – Carla devolveu acenando
e sorrindo.
— Cuide bem de Curitiba,
detetive. – Rubens disse e piscou para ela enquanto fechava a porta do veículo.
— Cuidarei! – a morena devolveu
sorrindo com um olhar determinado.
“Soldados renegados dos Comandos
do Alfabeto Grego, motoqueiros vigilantes e um grupo de espiões. Já os tinha
encontrado antes, mas essa foi a primeira vez que os vi numa situação tão grave
com repercussões catastróficas. Curitiba precisará se reerguer agora, contudo
não demorará muito, pois há muitas pessoas boas que amam a cidade lá. Por fim,
aprendemos que onde há fumaça, realmente há fogo, pois começamos cobrindo o
incêndio de um asilo e acabamos presenciando o maior evento de caos urbano de
nossas vidas.”
Rubens Fonseca e Carla Lamarca.

A semana passou voando e Raquel
tentava dormir para voltar ao trabalho no dia seguinte. Ela iria para um novo
distrito, teria um novo chefe, novos colegas e conheceria muitas pessoas novas.
No entanto ela nunca iria esquecer daqueles que a ajudaram a chegar ali.
— Copi, Jorge, Ana, Mateus!
Vocês morarão para sempre no meu coração. – ela disse ficando de barriga para
cima e olhando para o teto. – Focarei toda minha energia para impedir que
outras pessoas tenham o mesmo destino que vocês. Suas mortes não serão em vão,
podem ter certeza.
Com toda essa adrenalina, Raquel
demorou um pouco, mas enfim pegou no sono.