quarta-feira, 29 de julho de 2020

Conspiração Temporal T03C04

CAPÍTULO 3 – O LÍDER

 Jess e Nanda fizeram o caminho de volta ao local em que jantaram na noite anterior. Ao chegarem na cozinha, elas viram a mesa posta com diversas opções de frutas e alguns pães e sucos, mas nem sinal do Dr. Cintra. Pensaram em esperar o cientista, mas os roncos em seus estômagos as fizeram sentar e começarem a comer. No meio da refeição, a porta se abriu e duas pessoas entraram. As duas amigas levantaram de imediato. 

— Bom dia, meninas! – disse Dr. Cintra. – Que bom que já levantaram. Quero apresentar alguém para vocês. – ele foi dizendo enquanto as moças se aproximavam.

Nanda deu uma boa olhada na companhia do cientista. Ele era um homem alto, forte e com duas cicatrizes na face, uma na bochecha esquerda e outra na testa. Ainda assim a loira o achou muito bonito e teve uma estranha sensação de já ter visto aquele rosto antes.

— Esse é o nosso líder, Zé Ruela! – o mais velho disse e apontou para o homem mais jovem ao seu lado. – Zé, essas são Nanda e Jess. – disse e então apontou para cada uma das amigas.

— Olá, é um prazer conhecê-las. O Dr. Cintra falou muito de vocês. – o rapaz disse.

— Zé... – Nanda repetiu devagar e então notou a semelhança.

— Ah, sim! O doutor disse que vocês conheceram meu antepassado.

— Então você é... – Nanda começou a concluir.

— O tataraneto do Zé Mané. – o líder finalizou.

Nanda não conseguia parar de encarar o homem que acabara de conhecer. E quanto mais olhava, mais semelhanças ela encontrava entre os dois Zés. Apesar da barba por fazer, o homem à sua frente possuía um cabelo penteado para cima, ainda que mais desgrenhado, igual ao seu parente do passado.

— Vamos dar uma volta? Temos muito que conversar. – Zé disse achando graça e tentando ignorar a encarada da loira.

Antes de saírem, Jess deu uma cotovelada de leve na amiga, tirando-a de seu transe.

Fora da casa do Dr. Cintra e com a luz do sol da manhã, elas tiveram uma vista melhor do lugar que um dia tinha sido a Universidade Positivo. Zé Ruela levou-as por entre vários prédios de 4 andares, que um dia foram os blocos de aula. Elas notaram um lugar que parecia um refeitório e outro que lembrava uma biblioteca. O homem foi explicando conforme andava.

— Uma das primeiras coisas que meu tataravô fez depois de limpar toda a UP foi transformar os blocos de aulas em dormitórios para as pessoas. O refeitório já estava pronto e continuaria servindo seu propósito. Manter a biblioteca foi difícil, mas foi algo de suma importância para ele. – o líder contou.

— O Zé era realmente capaz de fazer tudo isso. – Jess comentou. – Quantas pessoas vivem hoje aqui?

— Hoje temos 523, mas já tivemos mais, assim como bem menos também. – o homem respondeu. – Temos uma espécie de livro-registro, caso queiram saber mais detalhes.

— E como você consegue liderar todo mundo sem problemas? – Nanda quis saber.

— Não é sem problemas e não sou só eu que faço isso. – Zé respondeu. – Nós já tentamos democracia, ditadura, anarquia, democracia de novo e hoje é uma espécie de parlamento.

— Como funciona? – Jess perguntou.

— Bem, eu sou o líder principal, mas existe um Conselho formado por pessoas de determinados setores que me informam das coisas e também dão ideias e sugestões de melhorias. A decisão final é minha, mas eu ouço todos e geralmente chegamos a um consenso. Eles podem me tirar quando quiserem se acharem que minhas ações estão prejudicando a comunidade. Por enquanto isso não aconteceu. – ele contou.

Os três andaram por toda a extensão da UP e então pararam em frente a um prédio que um dia abrigou os professores, diretor e demais setores administrativos do local. Durante todo o percurso, o líder respondeu a todas as perguntas das viajantes do tempo. Elas também lhes contaram tudo que ele quis saber.

— Bom, senhoritas, talvez eu devesse começado com isso, mas eu precisava conversar com vocês antes. – ele disse.

— Do que está falando? – Nanda perguntando sem entender.

— Aqui é onde temos nossas reuniões semanais. Hoje teremos uma extraordinária com vocês. – ele explicou.

— Conosco? Por que? – Jess quis saber.

— Bem, sempre que recebemos gente nova, fazemos isso. Precisamos saber quem está entrando no nosso meio. Mesmo vocês tendo a benção do Dr. Cintra, temos que tirar nossas próprias conclusões. Por isso, pedi para fazer essa caminhada. Para conhecê-las melhor. – ele contou.

— Por que não nos disse antes? – Nanda perguntou começando a se irritar.

— Eu precisava que estivessem relaxadas e fossem completamente honestas comigo. – ele disse e ao ver os olhares das moças continuou. – Olha, eu acredito totalmente no doutor. Ele fez muito por nós e não há nada que eu não faria por ele. Mas ainda existem alguns que não acreditam em viagem do tempo e tecnologia.

— E existe gente assim no Conselho? – Jess indagou.

— Sim. Mas não se preocupem. Depois da nossa conversa, vocês podem contar com meu total apoio. Eu sei lidar com o Conselho. – garantiu. – Só falem como falaram comigo e não escondam nada. – ele aconselhou.

— E o Dr. Cintra? – Nanda perguntou.

— Ah, sim! Já deve estar lá dentro. Perdoem-no! Eu pedi para que ele não dissesse nada. – Zé pediu. – Agora, vamos indo! Já estão nos esperando. – ele chamou e foi entrando no prédio.

Antes de seguirem-no, as duas amigas falaram uma para outra.

— Por essa eu não esperava. – Jess disse espantada.

— Nem eu, Jess. Nem eu. – Nanda disse com muita raiva.


Nenhum comentário :

Postar um comentário