CAPÍTULO 3 – O
LÍDER
— Bom dia, meninas! – disse Dr.
Cintra. – Que bom que já levantaram. Quero apresentar alguém para vocês. – ele
foi dizendo enquanto as moças se aproximavam.
Nanda deu uma boa olhada na
companhia do cientista. Ele era um homem alto, forte e com duas cicatrizes na
face, uma na bochecha esquerda e outra na testa. Ainda assim a loira o achou
muito bonito e teve uma estranha sensação de já ter visto aquele rosto antes.
— Esse é o nosso líder, Zé Ruela!
– o mais velho disse e apontou para o homem mais jovem ao seu lado. – Zé, essas
são Nanda e Jess. – disse e então apontou para cada uma das amigas.
— Olá, é um prazer conhecê-las. O
Dr. Cintra falou muito de vocês. – o rapaz disse.
— Zé... – Nanda repetiu devagar e
então notou a semelhança.
— Ah, sim! O doutor disse que
vocês conheceram meu antepassado.
— Então você é... – Nanda começou
a concluir.
— O tataraneto do Zé Mané. – o
líder finalizou.
Nanda não conseguia parar de
encarar o homem que acabara de conhecer. E quanto mais olhava, mais semelhanças
ela encontrava entre os dois Zés. Apesar da barba por fazer, o homem à sua
frente possuía um cabelo penteado para cima, ainda que mais desgrenhado, igual
ao seu parente do passado.
— Vamos dar uma volta? Temos
muito que conversar. – Zé disse achando graça e tentando ignorar a encarada da
loira.
Antes de saírem, Jess deu uma
cotovelada de leve na amiga, tirando-a de seu transe.
Fora da casa do Dr. Cintra e com
a luz do sol da manhã, elas tiveram uma vista melhor do lugar que um dia tinha
sido a Universidade Positivo. Zé Ruela levou-as por entre vários prédios de 4
andares, que um dia foram os blocos de aula. Elas notaram um lugar que parecia
um refeitório e outro que lembrava uma biblioteca. O homem foi explicando
conforme andava.
— Uma das primeiras coisas que
meu tataravô fez depois de limpar toda a UP foi transformar os blocos de aulas
em dormitórios para as pessoas. O refeitório já estava pronto e continuaria
servindo seu propósito. Manter a biblioteca foi difícil, mas foi algo de suma
importância para ele. – o líder contou.
— O Zé era realmente capaz de
fazer tudo isso. – Jess comentou. – Quantas pessoas vivem hoje aqui?
— Hoje temos 523, mas já tivemos
mais, assim como bem menos também. – o homem respondeu. – Temos uma espécie de
livro-registro, caso queiram saber mais detalhes.
— E como você consegue liderar
todo mundo sem problemas? – Nanda quis saber.
— Não é sem problemas e não sou
só eu que faço isso. – Zé respondeu. – Nós já tentamos democracia, ditadura,
anarquia, democracia de novo e hoje é uma espécie de parlamento.
— Como funciona? – Jess
perguntou.
— Bem, eu sou o líder principal,
mas existe um Conselho formado por pessoas de determinados setores que me
informam das coisas e também dão ideias e sugestões de melhorias. A decisão
final é minha, mas eu ouço todos e geralmente chegamos a um consenso. Eles
podem me tirar quando quiserem se acharem que minhas ações estão prejudicando a
comunidade. Por enquanto isso não aconteceu. – ele contou.
Os três andaram por toda a
extensão da UP e então pararam em frente a um prédio que um dia abrigou os
professores, diretor e demais setores administrativos do local. Durante todo o
percurso, o líder respondeu a todas as perguntas das viajantes do tempo. Elas
também lhes contaram tudo que ele quis saber.
— Bom, senhoritas, talvez eu devesse começado com isso, mas eu precisava conversar com vocês antes. – ele disse.
— Do que está falando? – Nanda
perguntando sem entender.
— Aqui é onde temos nossas
reuniões semanais. Hoje teremos uma extraordinária com vocês. – ele explicou.
— Conosco? Por que? – Jess quis
saber.
— Bem, sempre que recebemos gente
nova, fazemos isso. Precisamos saber quem está entrando no nosso meio. Mesmo
vocês tendo a benção do Dr. Cintra, temos que tirar nossas próprias conclusões.
Por isso, pedi para fazer essa caminhada. Para conhecê-las melhor. – ele
contou.
— Por que não nos disse antes? –
Nanda perguntou começando a se irritar.
— Eu precisava que estivessem
relaxadas e fossem completamente honestas comigo. – ele disse e ao ver os olhares
das moças continuou. – Olha, eu acredito totalmente no doutor. Ele fez muito
por nós e não há nada que eu não faria por ele. Mas ainda existem alguns que
não acreditam em viagem do tempo e tecnologia.
— E existe gente assim no
Conselho? – Jess indagou.
— Sim. Mas não se preocupem.
Depois da nossa conversa, vocês podem contar com meu total apoio. Eu sei lidar
com o Conselho. – garantiu. – Só falem como falaram comigo e não escondam nada.
– ele aconselhou.
— E o Dr. Cintra? – Nanda
perguntou.
— Ah, sim! Já deve estar lá
dentro. Perdoem-no! Eu pedi para que ele não dissesse nada. – Zé pediu. –
Agora, vamos indo! Já estão nos esperando. – ele chamou e foi entrando no
prédio.
Antes de seguirem-no, as duas
amigas falaram uma para outra.
— Por essa eu não esperava. –
Jess disse espantada.
— Nem eu, Jess. Nem eu. – Nanda
disse com muita raiva.
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