CAPÍTULO 4 – OS ESCOLHIDOS
A primeira semana passou voando e, apesar dos vários deveres de casa, os alunos estavam muito empolgados com o começo do ano letivo. Alex chegou e notou algumas pessoas olhando para um mural que ficava no corredor de entrada. Curioso, ele também foi ver.
― Isso! – ele vibrou após confirmar seu nome e de seus amigos nas listas dos escolhidos para rádio e jornal.
Alex, Patricinha, Manu, Lucy, Diana e Madu seriam responsáveis pelo jornal. Maria Eduarda Manfrinato era grande amiga de Manu e fez parte de sua chapa três anos antes na disputa para o Grêmio estudantil. Também foi ela que presenciou e denunciou a trapaça feita por Mauricinho. Madu era pouco mais alta que Diana; seus cabelos eram negros, lisos e compridos; ela era emo, logo um de seus olhos ficava completamente coberto por sua franja.
Além de Ciano, Solano, Hugo e
Caramello, Felipe Slomp e Pedro Alcântara completavam a equipe da rádio. Slomp
era um fã de skate; Seu estilo
musical preferido era o reggae; seus cabelos eram loiros, lisos e caídos até o
ombro; só era mais alto que Alex. Pedro era o gótico roqueiro do colégio;
sempre vestia preto em tudo; seus cabelos eram negros, desgrenhados e
compridos; era tão alto quanto o artilheiro de futebol.
― Boa tarde, alunos! – Brasílio
surgiu surpreendendo os jovens.
― Boa tarde! – eles responderam
depois do susto.
― Primeiro, parabéns a todos os
escolhidos! Tenho certeza de que farão um ótimo trabalho. – o diretor iniciou. –
Agora, há algumas coisas que preciso lhes contar. Para começar, uma má notícia:
o colégio não tem como arcar com as despesas do jornal e da rádio juntos. –
Brasílio contou.
― O que? – os alunos se
espantaram.
― Então por que ofereceu os
dois? – Manu perguntou.
― Porque tenho uma ideia para
que seja possível manter os dois. – o diretor respondeu.
― Que ideia é essa? Como o
senhor vai conseguir o dinheiro? – Alex indagou.
― Eu não vou. Vocês vão. – o
mais velho disse e continuou após as expressões de surpresa dos alunos. – Daqui
a duas semanas haverá um baile aqui no colégio. Será o Baile de Abertura do
ano. – ele informou. – Para ele, convidarei vários empresários filantropos. O
pessoal do jornal vai usar o tempo até lá para escrever matérias e preparar um material
para entregar na noite do baile. Já o grupo da rádio deve estar pronto para
manter a rádio animando a festa, do começo ao fim. Quanto mais doações vocês
conseguirem, maior a chance das duas atividades continuarem. – Brasílio
explicou.
― E se não conseguirmos? –
Diana quis saber.
― Será feita uma votação entre todos os alunos e a preferência da maioria ficará. – o mais velho respondeu. – Bom, vou deixá-los à vontade. Aqui estão as chaves dos cômodos. Boa sorte! – ele desejou e saiu.
Patricinha, Diana, Manu, Madu e
Lucy entraram após Alex na sala do jornal. Havia uma grande mesa no centro com
seis cadeiras; uma mesa menor encostada à parede sustentava um computador e
três potentes impressoras. O diretor não quis colocar uma máquina para cada um,
pois sabia que os alunos tinham seus próprios laptops.
O rapaz atravessou a sala,
observando tudo com um largo sorriso e os olhos brilhando. Retirou a mochila
das costas e a pousou na mesa. Puxou uma cadeira, que estava mais ao fundo,
sentou e colocou os pés em cima da mesa.
― Acho que deveríamos começar
definindo o editor-chefe. Acredito que sabemos a escolha óbvia. – ele disse com
um sorriso.
― Não seja convencido, Alex. –
Manu disse colocando sua mochila na mesa e sentando no lado oposto a ele.
― Eu acho que ele está certo. –
Paty disse sentando ao lado esquerdo do rapaz. – Ele foi um ótimo líder no
GEAS.
― Eu concordo. – Diana disse
sentando ao lado da mais rica.
― Qual é? Vamos começar nosso
jornal com uma ditadura? – Manu reclamou aumentando o tom de voz.
― Você quer ser a
editora-chefe, Manu? – Alex perguntou.
― E se eu quiser? – ela
devolveu.
― Vamos votar. – o rapaz
decidiu. – Quem é a favor de eu ser o editor-chefe levanta o braço. – ele disse
e apenas Madu que estava do lado esquerdo de Manu não levantou. – Está aí! Feliz
agora?
― E agora o que, editor-chefe?
– Manu perguntou com raiva.
― Precisamos de um nome. – ele
respondeu e olhou para as meninas.
― Abalo Sísmico? – Diana disse.
― Não! – Alex negou de
imediato. – O que nós somos? Pessoas sem criatividade? Não! Não e não! – ele
disse e baixou as pernas, sentando-se direito. – Vamos pensar nas descobertas
de Newton. O Ciano já disse que vai usar Força Gravitacional. Precisamos de
outra coisa. – o loiro ponderou.
― Por que tem que ser sobre
Newton? – Manu questionou.
― Porque vai agradar os
empresários. Pensa, se fosse podre de rica e quisesse doar dinheiro para um
colégio, para quem você daria: o com um jornal com nome relacionado ao colégio
ou ao com jornal de nome aleatório? – Alex perguntou.
― Tem as Leis de Newton. –
Lucy, que estava sentada entre Madu e Alex, lembrou.
― Boa, Lucy! – ele elogiou. –
Vamos ver, Inércia, força igual massa vezes aceleração... – o rapaz disse
lembrando as leis físicas. – Ação e Reação! – Alex exclamou.
― O que? Um jornal não pode ter
nome composto. – Manu contestou.
― Claro que pode. Não lembra
aquele jornal de São Paulo que veio me entrevistar? – o rapaz argumentou.
― É verdade, o ‘Terra da
Garoa’, onde o Rubens trabalha. – Diana lembrou.
― Eu concordo com a Manu. –
Lucy disse e espantou a loira de olhos verdes. – Apenas uma palavra seria
melhor. Reação se encaixa perfeitamente, afinal a mídia reage aos
acontecimentos do mundo relatando-os ao público e expressando sua opinião. – a
garota opinou.
― Reação! – Alex repetiu a
palavra. – Gostei! – ele disse. – Está decidido! Nosso jornal se chamará
Reação! – o rapaz definiu.
A parte da rádio era dividida
em duas salas. A maior possuía um sofá e duas cadeiras para acomodar seus
membros; um grande móvel que consistia no equipamento de som. A menor sala era
onde ficaria o locutor e seus convidados. Havia um móvel com equipamento de
som que era ligado ao outro. E um espelho separava os dois cômodos.
― Então, como começamos? –
Solano quis saber.
― Bom, nós precisamos ter um
nome e um locutor fixo, que vai apresentar os programas. – Caramello disse.
― Eu tenho um nome perfeito. –
Ciano se adiantou. – Rádio Força Gravitacional!
Os únicos surpresos foram Pedro
e Slomp, mas concordaram.
― E agora o locutor. –
Caramello disse.
― Eu acho que devia ser o
Ciano. – Hugo opinou e surpreendeu o amigo.
― Concordo. – Solano apoiou.
― Eu também. – a garota do
grupo disse com alegria.
― Pelo que vi, você é o mais
animado daqui e eu respeito seu estilo. Então, acho que é o mais justo. – Pedro
disse com sua voz grave.
― Não sendo eu, está ótimo. –
Slomp disse.
― Puxa, galera, valeu. – o mano
agradeceu emocionado. – Então, vamos começar a pensar em nossos programas.
Enquanto discutiam sobre o
futuro da rádio, seus amigos lembravam que antes de entrar para a chapa que
disputaria o grêmio estudantil, Ciano era o líder de seu próprio grupo de
manos. Com Alex, o negro suprimiu seu instinto de liderança, mas a rádio estava
trazendo essa característica de novo.
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