terça-feira, 25 de agosto de 2020

Caos Urbano T02C15

CAPÍTULO 15 – ESCOLHA IMPOSSÍVEL 

Para garantir a segurança de todos, foi decidido que seriam realizados turnos de vigia. Os espiões já iam definir suas escalas, quando os comandos intervieram e insistiram em fazerem o serviço.

Pouco antes do nascer do sol, Érica já estava desperta. Quando levantou, era o Cabo Maki, do Comando Épsilon que terminava seu turno. Além dele, ela notou Rob e Joca ativos em seus computadores.

— Vocês não dormiram, né? – ela disse se aproximando dos amigos.

— E como poderíamos? Havia muita coisa a se fazer. Não se preocupe, temos um bom estoque de energético, chá, refrigerante, café e cafeína em pílula. – Rob respondeu.

— Olhamos em todos os noticiários e não há nenhuma menção sobre ontem. Nossa aposta é que o Dr. Morte tomou conta da mídia local para manter em segredo o que tá fazendo até cumprir seu objetivo, seja lá qual for. – Joca disse.

Nesse momento, uma tela de vídeo sobrepôs todas as outras nos computadores dos espiões. E nela apareceu o Dr. Morte. De imediato, Érica gritou para que todos acordassem, enquanto Rob jogava o vídeo para a grande televisão que tinha ao lado.

— Olá, Curitiba! Meu nome é Galvão Terom, mais conhecido como Doutor Morte. Esse apelido me foi dado pela Detetive Raquel Marins, a mulher que me prendeu. Tudo bem, são águas passadas, eu superei isso e segui em frente. Fiz novos amigos, defini um novo objetivo e tracei um plano para atingi-lo. – o ex-médico falava deixando apreensivos todos os que estavam no galpão. – Eu sei que vai tentar me impedir novamente, mas para pouparmos nosso tempo, quero que você venha até mim, sozinha, para conversarmos e resolvermos tudo sem derramamento de sangue. Caso ache que estou pedindo muito, trouxe alguns amigos seus como incentivo. – a câmera se afastou e mostrou Dr. Morte apontando para três pessoas ajoelhadas, com os braços amarrados para trás, no caminho acima da fonte à frente da estufa do Jardim Botânico.

— Jorge, Ana, Mateus! – Raquel gritou para a tela.

— Você tem uma hora, detetive. Se não estiver aqui até o fim do prazo, eles morrem. – Dr. Morte disse e o vídeo acabou.

— Muito bem! Ian, me dá uma carona até perto do Jardim Botânico? – Raquel pediu.

— Claro! – ele respondeu sem pensar.

— Pode contar com a gente também. – Leonel disse e todos os soldados assentiram.

— Ei, aonde pensa que vai? Você ficou doida? – Zé perguntou em alto tom de voz para Raquel. – E por que vocês estão apoiando ela? – ele se dirigiu aos comandos e o Motoqueiro.

— Como é que é? – a detetive devolveu com olhar fuzilante. – Olha aqui, garoto, não sei quem você pensa que é, mas eu não vou ficar de braços cruzados e deixar meus amigos morrerem.

— Pois é exatamente isso que você deve fazer. Se bem que a posição dos braços é por sua conta. – Zé disse e provocou muitas reações contrárias e a fúria de Raquel.

— Calma, calma! – Rubens interveio entre os dois. – Eu tenho certeza de que o Zé tem um excelente motivo para ter dito o que disse. – ele tentou acalmar os ânimos. – Você tem, né, Zé? Diz que tem. – falou mais baixo perto do amigo.

— O que o Zé quis dizer é que estamos diante de uma escolha impossível. – Érica tomou a palavra. – Olha, é... Raquel, posso te chamar de Raquel? – a detetive assentiu e ela continuou. – Não posso imaginar o que está sentindo. Se meus amigos estivessem lá, talvez eu agisse igual a você se ninguém me falasse o que vou te falar: seus amigos estão mortos. E não há nada que você possa fazer a respeito. – a espiã disse e deixou a detetive sem palavras.

— Exatamente. – Zé emendou. – Para esse tipo de operação nós precisamos de conhecimento sobre contra o que estamos lidando. Só sabemos que ele está no Jardim Botânico e que está esperando. Existem três cenários possíveis. Primeiro, você vai sozinha, ele te prende, mata seus amigos na sua frente e depois te mata. Segundo, nós vamos com você e ele já deve uma guarda gigante nos esperando, no momento em que te vir, ele mata seus amigos antes mesmo de você ter alguma chance de salvá-los. E o terceiro é o mais triste, mas também o melhor a ser feito. Ficamos aqui e nos preparamos para derrotar esse psicopata assassino para que as mortes dos seus amigos não tenham sido em vão. – o espião finalizou.

Com isso, os comandos, Ian e Raquel entenderam que Zé e Érica tinham razão. O prazo dado por Dr. Morte passou e então ele reapareceu na TV.

— Voltei! O seu tempo acabou, Detetive Marins. E como você não está aqui, seus amigos irão morrer. Confesso que não previ isso.

Com um sinal, os capangas do ex-médico cortaram as cabeças de seus prisioneiros. Suas cabeças e corpos caíram na fonte pintando a água de vermelho. Dr. Morte falou mais alguma coisa e encerrou o vídeo. Raquel estava paralisada. Num primeiro momento não quis acreditar e seu corpo enrijeceu. Então viu que era real e sentiu suas forças se esvaindo. Quando a primeira lágrima passou pelo seu rosto e chegou ao chão, seus joelhos cederam e ela caiu sobre suas pernas. Lágrimas jorravam de seus olhos e ela gritava com todas as forças.

Rubens e Carla se entreolharam e souberam exatamente o que fazer. Ficaram na frente da detetive, se abaixaram e abraçaram-na. Os espiões, Ian e Carol seguiram o exemplo dos jornalistas e logo Raquel estava no meio de um grande abraço coletivo. Os soldados dos comandos e Borba ficaram em pé ao redor e tiraram seus bonés e boinas em respeito ao ocorrido.

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