CAPÍTULO 15 – ESCOLHA IMPOSSÍVEL
Para garantir a segurança de
todos, foi decidido que seriam realizados turnos de vigia. Os espiões já iam
definir suas escalas, quando os comandos intervieram e insistiram em fazerem o
serviço.
Pouco antes do nascer do sol,
Érica já estava desperta. Quando levantou, era o Cabo Maki, do Comando Épsilon
que terminava seu turno. Além dele, ela notou Rob e Joca ativos em seus
computadores.
— Vocês não dormiram, né? – ela
disse se aproximando dos amigos.
— E como poderíamos? Havia muita
coisa a se fazer. Não se preocupe, temos um bom estoque de energético, chá,
refrigerante, café e cafeína em pílula. – Rob respondeu.
— Olhamos em todos os
noticiários e não há nenhuma menção sobre ontem. Nossa aposta é que o Dr. Morte
tomou conta da mídia local para manter em segredo o que tá fazendo até cumprir
seu objetivo, seja lá qual for. – Joca disse.
Nesse momento, uma tela de vídeo
sobrepôs todas as outras nos computadores dos espiões. E nela apareceu o Dr.
Morte. De imediato, Érica gritou para que todos acordassem, enquanto Rob jogava
o vídeo para a grande televisão que tinha ao lado.
— Olá, Curitiba! Meu nome é
Galvão Terom, mais conhecido como Doutor Morte. Esse apelido me foi dado pela
Detetive Raquel Marins, a mulher que me prendeu. Tudo bem, são águas passadas,
eu superei isso e segui em frente. Fiz novos amigos, defini um novo objetivo e
tracei um plano para atingi-lo. – o ex-médico falava deixando apreensivos todos
os que estavam no galpão. – Eu sei que vai tentar me impedir novamente, mas
para pouparmos nosso tempo, quero que você venha até mim, sozinha, para
conversarmos e resolvermos tudo sem derramamento de sangue. Caso ache que estou
pedindo muito, trouxe alguns amigos seus como incentivo. – a câmera se afastou
e mostrou Dr. Morte apontando para três pessoas ajoelhadas, com os braços
amarrados para trás, no caminho acima da fonte à frente da estufa do Jardim
Botânico.
— Jorge, Ana, Mateus! – Raquel
gritou para a tela.
— Você tem uma hora, detetive.
Se não estiver aqui até o fim do prazo, eles morrem. – Dr. Morte disse e o
vídeo acabou.
— Muito bem! Ian, me dá uma
carona até perto do Jardim Botânico? – Raquel pediu.
— Claro! – ele respondeu sem
pensar.
— Pode contar com a gente
também. – Leonel disse e todos os soldados assentiram.
— Ei, aonde pensa que vai? Você
ficou doida? – Zé perguntou em alto tom de voz para Raquel. – E por que vocês
estão apoiando ela? – ele se dirigiu aos comandos e o Motoqueiro.
— Como é que é? – a detetive
devolveu com olhar fuzilante. – Olha aqui, garoto, não sei quem você pensa que
é, mas eu não vou ficar de braços cruzados e deixar meus amigos morrerem.
— Pois é exatamente isso que
você deve fazer. Se bem que a posição dos braços é por sua conta. – Zé disse e
provocou muitas reações contrárias e a fúria de Raquel.
— Calma, calma! – Rubens
interveio entre os dois. – Eu tenho certeza de que o Zé tem um excelente motivo
para ter dito o que disse. – ele tentou acalmar os ânimos. – Você tem, né, Zé?
Diz que tem. – falou mais baixo perto do amigo.
— O que o Zé quis dizer é que
estamos diante de uma escolha impossível. – Érica tomou a palavra. – Olha, é...
Raquel, posso te chamar de Raquel? – a detetive assentiu e ela continuou. – Não
posso imaginar o que está sentindo. Se meus amigos estivessem lá, talvez eu
agisse igual a você se ninguém me falasse o que vou te falar: seus amigos estão
mortos. E não há nada que você possa fazer a respeito. – a espiã disse e deixou
a detetive sem palavras.
— Exatamente. – Zé emendou. –
Para esse tipo de operação nós precisamos de conhecimento sobre contra o que
estamos lidando. Só sabemos que ele está no Jardim Botânico e que está
esperando. Existem três cenários possíveis. Primeiro, você vai sozinha, ele te
prende, mata seus amigos na sua frente e depois te mata. Segundo, nós vamos com
você e ele já deve uma guarda gigante nos esperando, no momento em que te vir,
ele mata seus amigos antes mesmo de você ter alguma chance de salvá-los. E o
terceiro é o mais triste, mas também o melhor a ser feito. Ficamos aqui e nos
preparamos para derrotar esse psicopata assassino para que as mortes dos seus
amigos não tenham sido em vão. – o espião finalizou.
Com isso, os comandos, Ian e
Raquel entenderam que Zé e Érica tinham razão. O prazo dado por Dr. Morte
passou e então ele reapareceu na TV.
— Voltei! O seu tempo acabou,
Detetive Marins. E como você não está aqui, seus amigos irão morrer. Confesso
que não previ isso.
Com um sinal, os capangas do
ex-médico cortaram as cabeças de seus prisioneiros. Suas cabeças e corpos caíram
na fonte pintando a água de vermelho. Dr. Morte falou mais alguma coisa e
encerrou o vídeo. Raquel estava paralisada. Num primeiro momento não quis
acreditar e seu corpo enrijeceu. Então viu que era real e sentiu suas forças se
esvaindo. Quando a primeira lágrima passou pelo seu rosto e chegou ao chão,
seus joelhos cederam e ela caiu sobre suas pernas. Lágrimas jorravam de seus
olhos e ela gritava com todas as forças.
Rubens e Carla se entreolharam e
souberam exatamente o que fazer. Ficaram na frente da detetive, se abaixaram e
abraçaram-na. Os espiões, Ian e Carol seguiram o exemplo dos jornalistas e logo
Raquel estava no meio de um grande abraço coletivo. Os soldados dos comandos e
Borba ficaram em pé ao redor e tiraram seus bonés e boinas em respeito ao
ocorrido.
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