segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A inteligência vence a força

Era uma vez dois amigos, José Manoel e Maurício, mais conhecidos por seus apelidos, Zé Mané e Maurição. Zé Mané era magro, desempregado, morava com os pais, usava normalmente calça jeans, uma camiseta e uma camisa xadrez de manga curta, penteava o cabelo pra cima no estilo arrepiado.
Maurição era forte, tão alto quanto o amigo, morava com os pais também, mas trabalhava e ganhava bem, usava uma calça jeans com uma camiseta que exibisse seus músculos, o cabelo penteado para o lado deixava uma pequena franja se formar na testa.
Um dia, os dois amigos se encontraram casualmente no shopping.
– E aí, Zé Mané.
– Fala Maurição.
Eles começaram a conversar, e sempre que isso acontecia Maurição dava um jeito de tocar num assunto que Zé Mané não gostava.
– E quando vai começar a fazer musculação hein? – disse Maurição.
– Já te disse que não quero fazer. – respondeu Zé Mané. – Me de um bom motivo pra eu fazer musculação?
– Me de um bom motivo pra não fazer? – devolveu Maurição.
– Eu gosto do jeito que eu sou.
– E daí?
– As mulheres gostam do jeito que sou.
Maurição olhou bem para a cara do amigo e o encarou por um tempo para ver se ele falava sério, e quando viu que sim caiu na gargalhada, só parando uns 5 minutos depois.
– Desculpa Zé, mas eu não resisti. Dessa vez você se superou.
– Você não acredita não é? Vou te contar uma história que vai te fazer mudar de idéia. – disse Zé Mané.
“Um dia eu voltava para casa no biarticulado e, como sempre, eu sentei no fundo do ônibus. Alguns tubos depois, ela apareceu, a garota mais linda que eu já tinha visto, conhecido e esquecido. Eduarda, que eu costumava chamar de Duda, entrou no ônibus e sentou no banco do meu lado direito. Eu fiquei sem saber o que fazer. A gente se conheceu no colegial, ela era a garota mais cobiçada e desejada da sala, e eu, o mais nerd, sem graça e excluído. Como a gente se conheceu e porque paramos de nos falar não vem ao caso agora, foi apenas coisas de adolescentes.
Naquele momento no ônibus, eu tinha a chance de recuperar a garota da minha vida. Eu respirei fundo, tomei uma boa dose de coragem, virei para o lado e falei a palavra mágica que se usa nesse tipo de situação.
– Oi! – eu disse, mas saiu mais alto do que eu imaginava, e todos olharam para mim.
– Oi. – ela respondeu com receio.
– Lembra de mim? – eu perguntei num tom de voz normal dessa vez.
Ela olhou no fundo dos meus olhos por um tempo e então um sorriso se estampou em seu rosto. Em seguida ela me abraçou. A conversa fluiu depois disso, eu tentei falar com ela sobre o colégio, mas ela disse que aquilo era passado e que devíamos pensar no futuro. Eu tava gostando do rumo da conversa e pronto para falar do futuro, quando dois caras entraram pela porta de desembarque, um deles armado.
– Muito bem, pessoal, isso é um assalto. Fiquem calmos e passem suas carteiras e celulares para o meu amigo, ta bem? – disse o cara armado.
– Por quê? – eu perguntei.
Ele chegou bem perto de mim, segurou a gola da minha camiseta, me ergueu, encostou a arma dele na minha cabeça e disse: ‘Porque senão eu estouro seus miolos.’
– Com uma arma de brinquedo? – eu disse e todos se espantaram.
– O que disse?
– Cara, eu sou um nerd e sei que a sua arma não é de verdade.
– Você quer que eu prove? – ele disse apertando a arma na minha cabeça.
– Vai lá, manda ver. Atira em mim. ATIRA! – eu provoquei.
Ele fez uma careta e diminuiu a pressão da arma em minha cabeça. Eu continuei gritando para ele atirar até que ele tomou uma decisão: levantou o braço com a arma com tudo para trás, tomando impulso para me dar uma coronhada, quando um tio musculoso, que observava tudo, interveio e segurou o braço do bandido, impedindo-o de me acertar.
– Essa arma é de verdade. – ele disse quando pegou a arma depois de nocautear o adversário.
Todos me perguntaram por que eu fizera aquilo e se eu sabia se a arma era é de verdade. Eu expliquei que bandidos desse tipo normalmente não tem muita munição por isso não gostam de atirar durante os assaltos, só usam em situações de emergência como fuga da polícia. Acrescentei outros detalhes que comprovavam minha teoria e o pessoal ficou muito satisfeito, a Duda principalmente.
Antes de descer, ela anotou o número dela num papel e me disse pra ligar pra ela. Eu fiz isso e marcamos um encontro pra hoje.”
– Uau! Que história, Zé!
– É, meu amigo, não adianta ter só músculo, é preciso ter cabeça também, porque na maioria das vezes a inteligência vence a força. Agora, se me der licença.
Maurição viu Zé Mané se afastar e se encontrar com uma garota muito bonita, loira e de cabelos compridos, mais baixa que Zé. Os dois se abraçaram e seguiram para a fila do cinema.
Maurição ia voltar ao que estava fazendo, quando um menino lhe chamou.
– Tio, como eu faço para ter um montão de músculo assim e pegar muita mulher?
– Olha, você vai precisar malhar muito, mas pra conseguir mulher, não é só de músculo que você vai precisar, você vai ter que estudar muito. A mulheres gostam mais de caras inteligentes. – Maurição disse apontando sua cabeça com o dedo.
– O que? As mulheres gostam de caras inteligentes? Ah, mas que zé mané. – disse o menino que saiu de cara feia.
               – O que foi que eu fiz? – perguntou Maurição para si mesmo, sem entender.

3 comentários :

  1. realmente, a inteligencia vence. gostei do post. parabéns.
    http://particularcraziness.blogspot.com/

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  2. Estória inteligente e engraçada.
    Muito boa.

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  3. Arriscou um bocado o Zé Mané, haha... e o Maurição ainda tem que comer muito arroz e feijão pra acompanhar. mas com certeza, inteligência acima de força sempre!
    To seguindo o blog! Parabéns!

    Se der, dá uma passada no meu tb:
    http://infinimundos.blogspot.com.br/
    Sucesso!

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