CAPÍTULO 3 –
EXPLICAÇÕES TEMPORAIS
O Doutor Cintra levou as duas
amigas até uma sala que possuía uma mesa e lhes serviu o jantar. Ele ficou
olhando as viajantes temporais comerem uma garfada após a outra, de modo
apressado. Ao notar que o cientista as olhava, Nanda diminuiu o ritmo.
― Enquanto comemos, por que não
nos explica como o senhor está vivo, doutor? – a loira pediu.
― Ah sim. – o cientista disse se
dando conta. – Foi um fenômeno bem curioso. Quando vocês usaram a máquina do
tempo para ir ao passado, eu ainda estava vivo. Salveski ia dar o último tiro
quando uma luz forte surgiu e então tudo mudou. A explicação que encontrei foi
que a radiação emitida pela máquina do tempo manteve minha memória. Eu lembro
de ter nascido de novo e a cada dia da minha nova vida, eu sonhava com os dias
da outra realidade. – Cintra contou. – Era como se eu assistisse ao filme da
minha vida, um capítulo por dia. Tudo o que eu queria era que o tempo passasse
para saber mais. Ao chegar à idade adulta, todo o meu conhecimento
científico voltou e eu pude ajudar mais aqui. Meus pais e quase todos os outros
acharam que eu estava louco quando contei dos meus sonhos. Apenas meu melhor
amigo, que era o antigo líder, acreditou em mim. E em seguida, seu filho e
sucessor foi meu grande apoio aqui. Se bem que depois das melhorias que fiz,
todos deixaram de duvidar de mim. Eu ainda não entendia por que tinha essas
visões até que eu sonhei com vocês, entretanto foi só quando sonhei com a ideia
da máquina do tempo que tudo fez sentido e a partir daí minha mente começou a
encaixar os fatos. – o mais velho relatou.
― Mas como sabia que chegaríamos
hoje? – Jess perguntou.
― Não sabia. Assim que tive
conhecimento da máquina do tempo, concluí que algo havia acontecido de errado,
pois o mundo estava ainda pior do que antes. Apesar de ter tentado, eu não
consegui replicar a máquina do tempo, pois não consegui encontrar todos os
materiais. Então comecei a trabalhar em um aparelho para detectar traços de
radiações de atividade temporal para que quando chegassem, eu pudesse saber e
ajudá-las. – ele contou.
― Sobre isso, nosso primeiro
instinto foi voltar ao passado, mas ao tentar usar as máquinas, nenhuma
funcionou. – Nanda lembrou.
― Hum, pode ter tido algum tipo
de sobrecarga. Depois retirem de seus cintos e deixem comigo, que amanhã eu
vejo. – o cientista disse. – Isso até que foi bom, pois se tivessem conseguido
voltar ao passado de imediato não saberiam o que causou esse novo futuro.
― E o que foi? – a morena
perguntou curiosa.
― Foi o sócio do Picodemo, o
Michael Winchester. – o velho disse e as amigas se espantaram. – Lembram-se que
ele tinha desaparecido alguns anos após o auge do jogo Zombie Crisis? – ele perguntou e elas assentiram – Bom, com a
intervenção de vocês, Picodemo foi preso e com isso, Winchester teve a empresa
toda para si. Porém, em vez de tentar dominar o mundo através da tecnologia, o
inglês começou com pesquisas biológicas. – Cintra disse.
― Criando essas criaturas. –
Nanda completou.
― Sim. – o cientista confirmou. –
Winchester sempre foi fascinado por zumbis, por isso decidiu criar um mundo
assim.
― Então é só voltar ao ponto em que fomos e irmos atrás do Winchester. – a loira disse.
― Não é tão simples assim. Ele só
começou sua pesquisa dois anos depois que Picodemo foi preso. Se vocês forem
atrás dele nessa época, não o impedirão de fazer o que ele quer, pois não terão
nada contra ele. – o doutor ponderou.
― O senhor quer que esperemos ele
criar os zumbis? – Jess indagou sem entender.
― Não, quero que esperem ele
iniciar as pesquisas e montar os laboratórios e então destruam tudo o que tiver
lá. – Cintra explicou.
― Parece um bom plano. – Nanda
opinou.
― Doutor, conte-nos mais sobre
esse lugar. Como conseguiram tomar e manter a Universidade Positivo? – a morena
pediu.
― Vou deixar essa para o nosso
líder. Amanhã vocês vão conhecê-lo. Agora me contem como foi sua viagem ao
passado. Não deixem nada de fora. – o cientista disse e sorriu.
Nanda e Jess contaram com
detalhes sua aventura temporal. Devido à empolgação do momento, elas não
notaram as expressões diferentes do doutor quando citaram os nomes Zé Mané e
Érica. Seus pratos haviam sido esvaziados por seu voraz apetite e a luz da vela
já estava findando.
― Foi mesmo uma aventura e tanto!
– o cientista comentou. – Fico feliz que tenham feito bons aliados. Bom, temo
que chegou a hora de dormirmos.
― Ah, só mais um pouco, doutor. –
Jess pediu.
― Não, vocês precisam descansar.
– ele foi firme. – Venham, eu vou levá-las para o
quarto de vocês. – ele disse.
Elas colocaram os aparelhos sobre
a mesa e seguiram o cientista até a escada que levava ao andar de cima. Apenas
a luz da vela iluminava o corredor. Após alguns passos, Dr. Cintra parou em
frente a uma porta e abriu-a, dando passagem às viajantes do tempo.
― Pedi para prepararem esse
quarto para vocês. – ele disse. – Apesar de eu ter criado meios de geração de
energia, nós economizamos ao máximo, por isso utilizamos as velas ainda. – o
cientista explicou.
― Muito obrigada, doutor. – Nanda
agradeceu.
― Boa noite, doutor. – Jess
disse.
― Boa noite, meninas! – ele disse
com voz paternal e fechou a porta.
O que um dia foi uma sala de aula
se tornou um dormitório. Havia duas camas, que ficavam de frente para a imensa
janela que cobria metade da parede oposta; vários armários; um guarda-roupa; o
quadro negro; e várias velas espalhadas pelo cômodo.
Nanda trancou a porta, enquanto
Jess andava e observava o quarto. A lua estava cheia e iluminava boa parte do
local. Assim que caíram no sono, as
mulheres dormiram pesado. Logo, a lua deu lugar ao sol, que com seu brilho,
iluminou o quarto das viajantes do tempo.
― Jess, acorda! – Nanda cutucou a
morena.
― Hmm, só mais cinco minutos. – a
mais baixa resmungou.
― Jess! – a alta disse em tom
sério.
A morena abriu os olhos e se
sentou rápido.
― O que aconteceu? – ela
perguntou assustada e viu a amiga vestindo a calça.
― Dormimos demais. – Nanda
respondeu abotoando a calça.
Sem falar mais nada, Jess
levantou e se vestiu também. Faltavam-lhe apenas os óculos e a jaqueta de
couro. Nanda já estava à espera na porta.
― Deixa a jaqueta aí, está calor.
– a loira disse.
― Tem razão. – a morena concordou
e largou a blusa.
― Agora vamos, pois teremos um
longo dia. – Nanda disse e abriu a porta.
Terão que voltar ao passado.
ResponderExcluirEncontrarão a Equipe Z.E.?
Seria o Dr, Morte o alvo delas?