CAPÍTULO 5 – TRABALHO EM EQUIPE
Graças ao treinamento que
tiveram, abrir uma porta trancada não era mais um desafio para Rob ou Joca. Por
isso, entrar no apartamento que Baltar havia alugado para vigiar o Hospital
Amadeu Polvilho não foi um problema. Após dois anos de missões, os
três amigos se entendiam muito bem durante o trabalho. Joca foi até o quarto do
espião número 1 e encontrou o notebook dele. Rob sentou no sofá e ligou o seu.
Zé fez o mesmo, mas parou para olhar pelo telescópio do colega.
― Ele tinha uma visão perfeita
daqui. – o rapaz de camisa xadrez disse.
― E também tinha acesso às
câmeras do hospital. – Joca disse voltando do quarto com o notebook de Baltar.
― Ótimo! Veja se há algo
diferente em alguma delas. – Zé disse ao amigo. – Rob, entre no sistema de
segurança de eletrônicos do hospital para liberar as catracas para as meninas.
– disse ao outro.
― Certo. – Rob confirmou.
― Equipe de campo, tudo pronto
aí? – Zé perguntou pelo comunicador.
― Tudo sim, equipe estratégica.
Já podemos ir? – Érica devolveu.
― Positivo. Podem dar início à
operação. – o líder disse.
A equipe de campo estava em um
furgão na esquina da quadra do prédio. Érica e Duda estavam disfarçadas de
médicas, enquanto Maurição e Nikki estavam uniformizados de técnicos de
telefonia. A loira e a morena iriam pela porta da frente e passariam pelas
catracas.
O furgão já estava pintado por
fora com o logo da empresa telefônica. Assim que a loira e a morena desceram do
veículo, Nikki seguiu para a entrada do estacionamento do hospital. Pararam do
lado da guarita do porteiro.
― Pois não? – o funcionário
disse.
― Recebemos um chamado. Estão
tendo problemas com o circuito interno do hospital. – a ruiva disse.
― Estranho, ninguém me avisou de
nada. Só um minuto. – o rapaz da guarita pediu e pegou o telefone.
Minutos antes, Zé havia
redirecionado todas as ligações internas do hospital para o seu notebook. Por
isso, foi o espião que atendeu a chamada do porteiro.
― Sim, tudo bem. Entendi. – o
funcionário desligou e abriu a cancela. – Podem entrar.
Nikki acenou com a cabeça e desceu
com o furgão no escuro estacionamento. Após parar o veículo, a espiã reparou
que havia apenas um guarda no local, que já os esperava com um papel para
assinar. Aproveitando a falta de pessoal, a ruiva nocauteou o funcionário e,
com a ajuda de Maurição, o colocou em um armário que tinha ali.
― Estamos dentro, equipe
estratégica. Em direção ao subsolo. – ela avisou pelo comunicador.
― Certo, equipe telefone. – Rob
respondeu e chamou pela outra dupla. – Equipe médica, já está pronta para
entrar?
― Positivo. Pode liberar as
catracas. – Érica disse no momento em que ia passar seu cartão falso.
Com o auxílio de seu amigo, as
duas espiãs entraram no hospital. De acordo com o combinado, cada uma seguiu
para cobrir uma área diferente. A loira ficou com o primeiro e segundo andares,
enquanto a morena foi para o terceiro e quarto. No prédio em frente ao
hospital, a equipe estratégica continuava em seu objetivo de descobrir o local
de onde Baltar tirou as fotos dos bandidos.
― Há uma grande chance de ter
sido no subsolo. O andar está sem ser usado há seis meses. – Zé disse enquanto
examinava os arquivos do hospital.
― Eu diria que é 99% de chance,
Zé. – Joca disse. – Acabei de notar uma falha nas câmeras há 8 dias. E não é só
isso, o conteúdo das câmeras vem sendo alterado há 3 meses.
― Deve ser aquele tal de Benck. –
Rob supôs.
― Sim, ele é um desafio a nossa
altura, Rob. – Joca acrescentou.
― Bom trabalho, pessoal. – Zé
elogiou e chamou as médicas. – Atenção, doutoras, sigam para o subsolo.
Obtivemos confirmação de que lá foi o local que Baltar tirou as fotos.
― Positivo, Zé. – Érica disse.
― A caminho. – Duda informou.
Parando para prestar atenção no
rapaz ao seu lado pela primeira vez, a espiã número um notou a falta de uma arma
de fogo.
― Onde está sua arma? – ela quis
saber.
― Eu não gosto de usar. –
Maurição respondeu.
― Você não gosta? – Nikki repetiu
sem acreditar. – Como faz para cumprir suas missões. E se a coisa esquenta?
― Todo meu uniforme é a prova de
projétil. – o rapaz explicou. – Por causa da insistência do Krusma, eu aprendi
a atirar, mas não gosto.
― Que seja. Fique atrás de mim,
então. – a ruiva disse no momento em que a porta do elevador se abriu.
Parecia um andar normal, suas
luzes estavam acesas, mas as salas estavam vazias. Nikki andava com a arma levantada
pronta para atirar. Assim que o corredor acabou, eles foram forçados a virar à
esquerda. Quando faltava apenas uma sala, receberam o comunicado de Zé.
― O local é realmente o subsolo.
Fiquem atentos. As Agentes D e E já estão descendo até vocês. – o líder
informou.
A última sala era diferente das
demais. Estava totalmente vazia, sem nenhum móvel ou eletrônico. Nada.
― Isso está estranho. – o
musculoso disse.
― Foi aqui. – a ruiva disse. – Os
bandidos se reuniram aqui e o Levi bateu as fotos dali. – ela disse apontando
para a porta. – Zé, estamos no local. Tenho certeza. – informou pelo
comunicador.
― Certo. Procurem por qualquer
coisa que possa nos levar até onde Baltar está sendo mantido. – Zé respondeu.
Com a ajuda de Érica, Maurição
passou a ser muito mais observador e aprendeu muitas coisas que antes não
sabia. Por isso, prestou atenção em todos os detalhes do cômodo em que estava.
― Achei algo. – ele disse sem
pensar, se abaixando no quanto da sala.
― O que? – Nikki e Zé disseram ao
mesmo tempo.
― Um pedaço de chiclete. – o
musculoso disse mostrando a goma mastigada para a ruiva, que fez uma careta.
― Boa, amigão. DNA! – Zé elogiou.
Nesse momento, chegaram Érica e
Duda.
― Foi daqui que chamaram a
perícia? – a loira brincou.
A morena abriu uma maleta
contendo vários produtos químicos, luvas, pacotes e envelopes. A Agente D
espirrou um líquido no chão da sala e com uma lanterna especial pôde ver o
formato de várias pegadas. A Agente E aproveitou para tirar fotos e enviar para
a equipe estratégica.
― Vamos seguir as pegadas e ver
se encontramos traços dos rastros de pneus também. Saber o carro em que fugiram
seria muito útil. – a morena disse.
E assim fizeram. As “médicas”
foram na parte de trás do furgão. O veículo parou a uma quadra do hospital para
receber os outros integrantes. Nesse momento, Érica pediu para dirigir e trocou
de lugar com Maurição. Joca e Rob precisaram de alguns minutos para analisar as
evidências, mas não demorou para chegarem a um resultado.
― Vocês estão ficando muito boas
nesse negócio de perícia. – Rob elogiou os amigos. – O chiclete que Maurição
encontrou foi mascado por um tal de Romildo Dorigan. Há três anos ele assumiu o
ponto de tráfico da Vila Torres ao derrotar seu antigo rival em uma emboscada.
Nesse mesmo dia, porém, ele foi preso pela Detetive Raquel Marins em uma
operação que teve a ajuda do Motoqueiro das Trevas. – o rapaz disse
estranhando. – Depois disso, ele foi solto e desde então tem lutado contra seu
novo rival pela Vila Torres e também tenta sobreviver ao Motoqueiro.
― Eles fugiram em um Honda Civic
modelo novo. – Joca começou a dizer sua parte. – Há sete dias, ele varia sua
posição, mas sempre volta para o mesmo lugar. Um endereço no CIC sul.
― Vocês são demais. – Duda
elogiou e aplaudiu.
― Os melhores. – Maurição
emendou.
― Como descobriram isso? – Nikki
perguntou do banco da frente.
― Foi muito simples, na verdade:
utilizamos os satélites do Google Earth
para ver o movimento de uma semana atrás ao redor do hospital e então
encontramos o carro, que descobrimos através das marcas de pneus que vocês
viram. Através disso, seguimos o veículo até ele parar. Usando o máximo de
aproximação possível, pudemos ver cinco pessoas saindo do carro, uma delas
sendo carregada por duas. – Rob respondeu.
― É claro que para isso, tivemos
que entrar no servidor central, quebrar umas dez senhas de seguranças,
descriptografar cinco códigos mais do que complicados que mudam a cada trinta
segundos e, uma vez com acesso, fazer o que precisávamos em menos de dois
minutos para não sermos descobertos. – Joca emendou e um silêncio se formou.
― Põe o endereço no GPS então,
meninos. Temos um amigo para resgatar. – Érica disse, ligou o motor do furgão e
se virou para ver a agente ruiva. – Ainda acha que me uni a um bando de idiotas
que só tem sorte?
Antes de responder, Nikki ouviu
parte da conversa que os espiões de trás estavam tendo.
― O que? Nós já vamos? – Rob
perguntou.
― Claro. Faz uma semana que o
Baltar está sumido. – Zé disse.
― Ah, achei que íamos parar para
comer alguma coisa. Toda essa operação me deu fome. – Rob disse.
― Imagina como está o Baltar. –
Duda rebateu.
― E se a gente pedisse uma pizza?
– Joca sugeriu.
― Como vamos pegar a pizza em
movimento, gênio? – Rob indagou.
― E se pedíssemos para um
endereço próximo ao que vamos? – Joca disse.
― Ótima ideia! – Zé se animou. –
Aproveita e pede para o Baltar também.
― Duas gigantes então. – Rob
definiu.
― Alguém sabe que sabor o Baltar
gosta? – Joca perguntou enquanto já telefonava para a pizzaria.
― Todo mundo gosta de frango com
catupiry. – Maurição comentou.
― É verdade. – os outros
concordaram.
― Borda recheada? – Joca quis
confirmar.
― Claro. – todos responderam.
Após ouvir essa parte, Nikki
voltou seu olhar para a Agente E.
― Preciso mesmo responder? – ela
disse com desdém e a morena riu sem jeito.
Será que o Baltar vai chegar a comer pizza?
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