terça-feira, 13 de maio de 2014

Caos Urbano T02C03

CAPÍTULO 3 – NÚMERO UM

Nicole Wiczek era uma mulher alta; magra e atlética; treinada em krav maga, jiu-jitsu e muay thai; seus olhos eram castanhos cobre, um tom que era quase vermelho; seus cabelos eram laranjas natural, curtos e ondulados.
Ela era conhecida por seu temperamento e gênio forte. Apenas um homem conseguiu quebrar o gelo ao redor do seu coração. Bastou uma missão juntos para que Baltar e Nicole se apaixonassem. Após isso, eles ficaram muito unidos e se tornaram parceiros de missão. Uma discussão sobre detalhes estratégicos acabou com a parceria. Eles decidiram trabalhar sozinhos para manter o relacionamento.
Como Baltar era mais extrovertido e simpático, a espiã se soltou mais com os colegas. Até aceitou ser chamada de Nikki, apelido que Baltar criou para ela.
― Mas tem que ser com dois K. É mais estiloso. – ele havia dito.
Devido à vida que levavam, os dois ficavam muito tempo sem se ver, pois nem sempre seus horários batiam. E por vezes, era comum Baltar ou ela ficarem 3 ou 4 dias sem dar notícias no trabalho. Imprevistos acontecem. Nikki sempre sabia sobre o que seu namorado estava investigando. Em uma de suas missões mais longas, ele lhe mandou um email.
Um email que mudaria tudo, mas que só foi visto sete dias depois. Todos os espiões da AgEsp sabiam como Nikki ficava quando estava nervosa, por isso Krusma sentiu um calafrio ao vê-la se dirigindo a sua sala. A espiã só ia até o escritório do chefe quando estava nervosa com relação a algo.
― O Baltar sumiu! – ela disse ao abrir a porta bruscamente.
― De novo? – Krusma perguntou sem ligar. – Você namora o cara há dois anos, não se acostumou ainda? – ele devolveu.
― Dessa vez é diferente. – Nikki disse batendo com as duas mãos na mesa e jogando um envelope na direção do chefe.
― O que é isso? – Krusma quis saber.
― Fotos do caso em que ele estava trabalhando. – ela respondeu. – Só vi hoje, mas já faz uma semana que foi enviado. Ele já deveria estar de volta. – a espiã ponderou.
― É verdade. Com essas fotos, eu poderia liberar uma equipe para ele. – o chefe disse.
― E agora, você vai liberar para mim. Para encontrá-lo. – Nikki disse.
― Não é tão simples assim. Preciso ver se tem alguma equipe livre. – ele disse e mexeu no computador. – Ah, você está com sorte. Tem um grupo disponível. – Krusma disse animado.
― E qual é? – ela perguntou curiosa.
Nikki saiu da sala do chefe mais furiosa do que quando entrou.
― De todas as equipes, tinha que me sobrar justo a Equipe Z.É. – ela bufou antes de entrar no elevador.
Desde que Zé Mané e seus amigos foram admitidos na AgEsp, Nikki nunca os aceitou. Para ela, todos eram muito jovens e os sucessos de suas missões haviam sido por pura sorte. A única que ela respeitava um pouco era Érica, mas ainda assim mal cumprimentava. Com Duda, a relação era de ódio, desde que um dia as duas esbarraram e o café que Nikki segurava, caiu nela.
Nikki respirou fundo e surgiu à porta da sala de lazer. Os rapazes jogavam videogame, sentados no sofá, por isso estavam de costas para a porta. As mulheres estavam sentadas à mesa, tomando suco e conversando. Érica foi a primeira a ver a visitante.
― Ah, oi, Nikki! – a morena levantou e cumprimentou educadamente.
Ao notar a espiã mais velha, Duda também levantou.
― Está perdida, Laranja Irritante? – a loira provocou e recebeu um olhar furioso. – Não tenho medo dos seus olhares. – ela disse.
Nesse momento, os rapazes pausaram o jogo e se levantaram para ver quem havia chegado.
― Olá, Agente N! – Zé cumprimentou animado e pulou o sofá.
― Agente N! – Rob e Joca disseram em uníssono.
Os dois amigos admiravam a espiã número 1, mas ao mesmo tempo morriam de medo dela.
― Eu preciso de sua ajuda, Zé Mané! – Nikki disse séria. – De toda a sua equipe. – ela disse e olhou para todos.
― Como é que é? – Duda disse antes do namorado. – Pode repetir, por favor? Você precisa da nossa ajuda? – a loira pediu.
― Sim, eu preciso de sua ajuda. – Nikki repetiu fuzilando Duda com o olhar.
― Desculpa, eu ainda não entendi. Pode dizer mais uma vez? – a loira pediu novamente.
― Amor, já chega. – Zé disse de modo sério para Duda. – Como podemos ajudá-la, Agente N?
― O Baltar está sem dar notícias há uma semana. Se o pior não aconteceu... – ela disse e engoliu em seco. – Ele está sendo mantido refém por bandidos em algum lugar.
― Como assim? Explica isso melhor, Nikki. – Érica pediu.
― Quero saber se vocês vão me ajudar antes. – a espiã ruiva disse e olhou para Zé.
― Nós vamos te ajudar. – Zé disse à espiã número 1.
― Ótimo! Então vamos, não temos tempo a perder. – Nikki disse a todos.
― Espera aí! – Zé disse e a espiã o olhou surpresa. – Não é assim que funciona. Você veio nos pedir ajuda. Não estamos jogados aqui esperando por suas ordens. Assumimos e resolvemos missões importantes. Então se quiser nossa ajuda... Se quiser encontrar o Baltar, terá de seguir nossa liderança. – o Agente Z disse. – Quem decide as coisas aqui somos eu e a Érica. Você pode sugerir, você pode opinar, mas nunca decidir. Você entendeu?
Nikki engoliu novamente em seco e olhou para o grupo com a maior raiva do mundo, mas então relaxou e fechou os olhos. “As coisas que eu não faço por você, Levi”, ela pensou e respirou.
― Tudo bem. Eu entendi. – ela respondeu calmamente.
Érica estava chocada com a cena. Após as palavras de Zé, ela achou que a espiã número um fosse para cima do rapaz, lançando umas de suas sequências de krav maga e ninguém conseguiria impedir.
― Veja se a sala de reuniões está livre. Estaremos lá em 5 minutos. – Zé disse para Nikki.
Ela apenas assentiu com a cabeça e saiu. 


A sala de reuniões possuía uma mesa com mais de dez lugares, que era de alta tecnologia. Todo o móvel funcionava como um grande computador com tela sensível ao toque. À frente de cada lugar, havia um quadrado que representava a área de trabalho pessoal dos espiões. Uma das funções mais utilizadas pelos membros da AgEsp era arrastar fotos, vídeos, planilhas e textos ao centro da mesa para que todos pudessem ver. Outro recurso muito usado era arrastar um arquivo do centro da mesa para seu próprio usuário.
Quando a Equipe Z.É. chegou ao cômodo, Nikki já havia logado seu usuário e aberto algumas janelas em sua área de trabalho. Zé se acomodou em frente à espiã número 1, no móvel circular. Os outros preencheram o vazio entre os dois. Assim que todos estavam logados, a reunião começou.
― Conte-nos com detalhes tudo o que sabe. – Zé pediu à Nikki.
― Sei que o Levi estava investigando a diferença de preços dos serviços oferecidos pelos hospitais públicos e particulares. – a ruiva disse. – Parecia algo simples, mas então ele ficou 5 dias sem dar notícias, o máximo que ele já havia ficado. Quando fez uma semana, eu fiquei preocupada e só então fui ver que ele me mandou um email com várias fotos de um local com três homens suspeitos. – ela concluiu e arrastou as fotos ao centro da mesa.
― Entendo. – Zé disse olhando as figuras. – Rob, invada o usuário do Baltar e refaça toda a investigação dele.
― Vai demorar um pouco. O Baltar é o espião número 1, tenho certeza de que seu computador é bem protegido. – o nerd disse.
― Quanto tempo? – o líder quis saber.
― Cinco minutos. – Rob respondeu.
― Tenta em quatro. – Zé disse e olhou para o outro nerd. – Joca, descubra o último local que o rastreador do celular do Baltar marcou.
― Certo. – Joca disse e começou sua tarefa.
― Érica, Duda, vamos identificar quem são os caras das fotos. Eu fico com o que parece um adolescente. – Zé disse e enquanto mexia em seu navegador, se dirigiu à Nikki. – É bom considerarmos que os bandidos que sequestraram Baltar sabem da existência das fotos.
― Concordo, mas não tem como eles saberem do email. – a ruiva devolveu.
― Na verdade tem, Laranja Irritante. – Duda disse. – O magrelo é um pirata de computador chamado Everton Benck, que foi preso há dois anos por cúmplice de assassinato em série. Pelo que está escrito aqui, esse cara é do nível do Rob, do Joca e dos Detetives Virtuais juntos. – a loira informou. – Ah, diz aqui que ele está foragido há três meses.
― Sendo assim, não há motivos para eles manterem Baltar refém. – o musculoso ponderou. – A não ser que ele tenha dito quem é, mas nesse caso já teríamos tido notícias.
― Levi nunca faria isso, mas tenho certeza de que ele lhes deu um motivo para mantê-lo vivo. – Nikki replicou.
― O garoto se chama Douglas Timeti, seu pai era dono da rede de Supermercado Timeti, mas também era traficante de droga. O rapaz viu seu velho ser assassinado pelo Motoqueiro das Trevas há dois anos. – Zé contou. – Não importa o que o Rubens pensa dele, eu ainda não concordo com os métodos desse Motoqueiro. – ele opinou.
― O de jaleco é o Doutor Galvão Terom, preso há dois anos por assassinato em série. – Érica começou. – Parece que ele estava cortando partes do corpo de mulheres para remontar e ressuscitar sua falecida mulher, que ele mantinha em estado criogênico. Isso é insano. – ela opinou. – Após sua prisão, ele passou a ser chamado de Doutor Morte. Fugiu da prisão há três meses.
― Agora, que você falou, foi esse médico que Benck ajudou. Eles devem ter fugido juntos. – Duda disse.
― Sim. – a morena concordou. – Ah, e antes de tudo isso, Terom fundou e dirigiu por muitos anos o Hospital Amadeu Polvilho. – ela disse.
― O que disse? – Rob e Joca perguntaram ao mesmo tempo deixando todos espantados.
― Depois de verificar vários hospitais, Baltar se focou no Amadeu Polvilho, pois seus preços estavam muito acima do mercado. – Rob explicou.
― E esse é o mesmo lugar em que o rastreador dele esteve ativo pela última vez. – Joca emendou.

― Bom trabalho, pessoal! – Zé elogiou. – Acho que já temos o suficiente para começar. Vamos fazer um trabalho de campo. – ele disse com um sorriso.

2 comentários :

  1. Sensacional! Muito bem escrito!
    Me faz uma visita? http://mardeletras2010.blogspot.com.br/2014/05/que-jesus-cristo-os-abencoe.html

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  2. Olha, acho que esta trama vai bater todas as outras.
    E eu discordo do Zé. Acho demais os métodos do motoqueiro. rsss

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