CAPÍTULO 3 – NÚMERO
UM
Nicole Wiczek era uma mulher alta;
magra e atlética; treinada em krav maga,
jiu-jitsu e muay thai; seus olhos eram castanhos cobre, um tom que era quase
vermelho; seus cabelos eram laranjas natural, curtos e ondulados.
Ela era conhecida por seu
temperamento e gênio forte. Apenas um homem conseguiu quebrar o gelo ao redor
do seu coração. Bastou uma missão juntos para que Baltar e Nicole se
apaixonassem. Após isso, eles ficaram muito unidos e se tornaram parceiros de
missão. Uma discussão sobre detalhes estratégicos acabou com a parceria. Eles
decidiram trabalhar sozinhos para manter o relacionamento.
Como Baltar era mais extrovertido
e simpático, a espiã se soltou mais com os colegas. Até aceitou ser chamada de
Nikki, apelido que Baltar criou para ela.
― Mas tem que ser com dois K. É
mais estiloso. – ele havia dito.
Devido à vida que levavam, os
dois ficavam muito tempo sem se ver, pois nem sempre seus horários batiam. E por
vezes, era comum Baltar ou ela ficarem 3 ou 4 dias sem dar notícias no
trabalho. Imprevistos acontecem. Nikki sempre sabia sobre o que seu namorado
estava investigando. Em uma de suas missões mais longas, ele lhe mandou um
email.
Um email que mudaria tudo, mas
que só foi visto sete dias depois. Todos os espiões da AgEsp sabiam como Nikki
ficava quando estava nervosa, por isso Krusma sentiu um calafrio ao vê-la se
dirigindo a sua sala. A espiã só ia até o escritório do chefe quando estava
nervosa com relação a algo.
― O Baltar sumiu! – ela disse ao
abrir a porta bruscamente.
― De novo? – Krusma perguntou sem
ligar. – Você namora o cara há dois anos, não se acostumou ainda? – ele
devolveu.
― Dessa vez é diferente. – Nikki
disse batendo com as duas mãos na mesa e jogando um envelope na direção do
chefe.
― O que é isso? – Krusma quis
saber.
― Fotos do caso em que ele estava
trabalhando. – ela respondeu. – Só vi hoje, mas já faz uma semana que foi
enviado. Ele já deveria estar de volta. – a espiã ponderou.
― É verdade. Com essas fotos, eu
poderia liberar uma equipe para ele. – o chefe disse.
― E agora, você vai liberar para
mim. Para encontrá-lo. – Nikki disse.
― Não é tão simples assim.
Preciso ver se tem alguma equipe livre. – ele disse e mexeu no computador. –
Ah, você está com sorte. Tem um grupo disponível. – Krusma disse animado.
― E qual é? – ela perguntou
curiosa.
Nikki saiu da sala do chefe mais
furiosa do que quando entrou.
― De todas as equipes, tinha que
me sobrar justo a Equipe Z.É. – ela bufou antes de entrar no elevador.
Desde que Zé Mané e seus amigos
foram admitidos na AgEsp, Nikki nunca os aceitou. Para ela, todos eram muito
jovens e os sucessos de suas missões haviam sido por pura sorte. A única que
ela respeitava um pouco era Érica, mas ainda assim mal cumprimentava. Com Duda,
a relação era de ódio, desde que um dia as duas esbarraram e o café que Nikki
segurava, caiu nela.
Nikki respirou fundo e surgiu à
porta da sala de lazer. Os rapazes jogavam videogame, sentados no sofá, por
isso estavam de costas para a porta. As mulheres estavam sentadas à mesa,
tomando suco e conversando. Érica foi a primeira a ver a visitante.
― Ah, oi, Nikki! – a morena
levantou e cumprimentou educadamente.
Ao notar a espiã mais velha, Duda
também levantou.
― Está perdida, Laranja Irritante?
– a loira provocou e recebeu um olhar furioso. – Não tenho medo dos seus
olhares. – ela disse.
Nesse momento, os rapazes
pausaram o jogo e se levantaram para ver quem havia chegado.
― Olá, Agente N! – Zé
cumprimentou animado e pulou o sofá.
― Agente N! – Rob e Joca disseram
em uníssono.
Os dois amigos admiravam a espiã
número 1, mas ao mesmo tempo morriam de medo dela.
― Eu preciso de sua ajuda, Zé
Mané! – Nikki disse séria. – De toda a sua equipe. – ela disse e olhou para
todos.
― Como é que é? – Duda disse
antes do namorado. – Pode repetir, por favor? Você precisa da nossa ajuda? – a
loira pediu.
― Sim, eu preciso de sua ajuda. –
Nikki repetiu fuzilando Duda com o olhar.
― Desculpa, eu ainda não entendi.
Pode dizer mais uma vez? – a loira pediu novamente.
― Amor, já chega. – Zé disse de
modo sério para Duda. – Como podemos ajudá-la, Agente N?
― O Baltar está sem dar notícias
há uma semana. Se o pior não aconteceu... – ela disse e engoliu em seco. – Ele
está sendo mantido refém por bandidos em algum lugar.
― Como assim? Explica isso
melhor, Nikki. – Érica pediu.
― Quero saber se vocês vão me
ajudar antes. – a espiã ruiva disse e olhou para Zé.
― Nós vamos te ajudar. – Zé disse
à espiã número 1.
― Ótimo! Então vamos, não temos
tempo a perder. – Nikki disse a todos.
― Espera aí! – Zé disse e a espiã
o olhou surpresa. – Não é assim que funciona. Você veio nos pedir ajuda. Não
estamos jogados aqui esperando por suas ordens. Assumimos e resolvemos missões
importantes. Então se quiser nossa ajuda... Se quiser encontrar o Baltar, terá
de seguir nossa liderança. – o Agente Z disse. – Quem decide as coisas aqui
somos eu e a Érica. Você pode sugerir, você pode opinar, mas nunca decidir.
Você entendeu?
Nikki engoliu novamente em seco e
olhou para o grupo com a maior raiva do mundo, mas então relaxou e fechou os
olhos. “As coisas que eu não faço por você, Levi”, ela pensou e respirou.
― Tudo bem. Eu entendi. – ela
respondeu calmamente.
Érica estava chocada com a cena.
Após as palavras de Zé, ela achou que a espiã número um fosse para cima do
rapaz, lançando umas de suas sequências de krav
maga e ninguém conseguiria impedir.
― Veja se a sala de reuniões está
livre. Estaremos lá em 5 minutos. – Zé disse para Nikki.
Ela apenas assentiu com a cabeça
e saiu.
A sala de reuniões possuía uma
mesa com mais de dez lugares, que era de alta tecnologia. Todo o móvel
funcionava como um grande computador com tela sensível ao toque. À frente de
cada lugar, havia um quadrado que representava a área de trabalho pessoal dos
espiões. Uma das funções mais utilizadas pelos membros da AgEsp era arrastar
fotos, vídeos, planilhas e textos ao centro da mesa para que todos pudessem
ver. Outro recurso muito usado era arrastar um arquivo do centro da mesa para
seu próprio usuário.
Quando a Equipe Z.É. chegou ao
cômodo, Nikki já havia logado seu usuário e aberto algumas janelas em sua área
de trabalho. Zé se acomodou em frente à espiã número 1, no móvel circular. Os
outros preencheram o vazio entre os dois. Assim que todos estavam logados, a
reunião começou.
― Conte-nos com detalhes tudo o
que sabe. – Zé pediu à Nikki.
― Sei que o Levi estava
investigando a diferença de preços dos serviços oferecidos pelos hospitais
públicos e particulares. – a ruiva disse. – Parecia algo simples, mas então ele
ficou 5 dias sem dar notícias, o máximo que ele já havia ficado. Quando fez uma
semana, eu fiquei preocupada e só então fui ver que ele me mandou um email com
várias fotos de um local com três homens suspeitos. – ela concluiu e arrastou
as fotos ao centro da mesa.
― Entendo. – Zé disse olhando as
figuras. – Rob, invada o usuário do Baltar e refaça toda a investigação dele.
― Vai demorar um pouco. O Baltar
é o espião número 1, tenho certeza de que seu computador é bem protegido. – o
nerd disse.
― Quanto tempo? – o líder quis
saber.
― Cinco minutos. – Rob respondeu.
― Tenta em quatro. – Zé disse e
olhou para o outro nerd. – Joca, descubra o último local que o rastreador do
celular do Baltar marcou.
― Certo. – Joca disse e começou
sua tarefa.
― Érica, Duda, vamos identificar
quem são os caras das fotos. Eu fico com o que parece um adolescente. – Zé
disse e enquanto mexia em seu navegador, se dirigiu à Nikki. – É bom
considerarmos que os bandidos que sequestraram Baltar sabem da existência das
fotos.
― Concordo, mas não tem como eles
saberem do email. – a ruiva devolveu.
― Na verdade tem, Laranja
Irritante. – Duda disse. – O magrelo é um pirata de computador chamado Everton
Benck, que foi preso há dois anos por cúmplice de assassinato em série. Pelo
que está escrito aqui, esse cara é do nível do Rob, do Joca e dos Detetives
Virtuais juntos. – a loira informou. – Ah, diz aqui que ele está foragido há
três meses.
― Sendo assim, não há motivos
para eles manterem Baltar refém. – o musculoso ponderou. – A não ser que ele
tenha dito quem é, mas nesse caso já teríamos tido notícias.
― Levi nunca faria isso, mas
tenho certeza de que ele lhes deu um motivo para mantê-lo vivo. – Nikki
replicou.
― O garoto se chama Douglas
Timeti, seu pai era dono da rede de Supermercado Timeti, mas também era
traficante de droga. O rapaz viu seu velho ser assassinado pelo Motoqueiro das
Trevas há dois anos. – Zé contou. – Não importa o que o Rubens pensa dele, eu
ainda não concordo com os métodos desse Motoqueiro. – ele opinou.
― O de jaleco é o Doutor Galvão
Terom, preso há dois anos por assassinato em série. – Érica começou. – Parece
que ele estava cortando partes do corpo de mulheres para remontar e ressuscitar
sua falecida mulher, que ele mantinha em estado criogênico. Isso é insano. –
ela opinou. – Após sua prisão, ele passou a ser chamado de Doutor Morte. Fugiu
da prisão há três meses.
― Agora, que você falou, foi esse
médico que Benck ajudou. Eles devem ter fugido juntos. – Duda disse.
― Sim. – a morena concordou. –
Ah, e antes de tudo isso, Terom fundou e dirigiu por muitos anos o Hospital
Amadeu Polvilho. – ela disse.
― O que disse? – Rob e Joca
perguntaram ao mesmo tempo deixando todos espantados.
― Depois de verificar vários
hospitais, Baltar se focou no Amadeu Polvilho, pois seus preços estavam muito
acima do mercado. – Rob explicou.
― E esse é o mesmo lugar em que o
rastreador dele esteve ativo pela última vez. – Joca emendou.
― Bom trabalho, pessoal! – Zé
elogiou. – Acho que já temos o suficiente para começar. Vamos fazer um trabalho
de campo. – ele disse com um sorriso.
Sensacional! Muito bem escrito!
ResponderExcluirMe faz uma visita? http://mardeletras2010.blogspot.com.br/2014/05/que-jesus-cristo-os-abencoe.html
Olha, acho que esta trama vai bater todas as outras.
ResponderExcluirE eu discordo do Zé. Acho demais os métodos do motoqueiro. rsss