segunda-feira, 28 de maio de 2012

Recusa


Assim que saíram do heliporto do prédio de Parvo, os quatro espiões cruzaram com outro helicóptero indo na direção pela qual eles vieram. Em seguida receberam comunicação por rádio.
— Parabéns, crianças. A missão foi um sucesso. Agora vão direto para a agência e me esperem lá. – Krusma falou.
Há algumas quadras de distância da empresa de Parvo, Maurição e Duda foram interceptados por um carro da AGESP, que os levou até lá. O helicóptero de Krusma estava pousando, quando Parvo e Beckert chegaram ao terraço. Um bando de agentes armados e protegidos por coletes à prova de balas desceu do helicóptero e, por fim, o chefe da agência saiu do veículo.
— Jonas Parvo, você está preso sob acusação de corrupção, tráfico de influência e financiamento de tráfico de armas. – Krusma disse e o empresário ficou quieto e olhou ao redor. – É inútil tentar resistir. Já tomei o prédio. Você está cercado. – o espião-chefe declarou e o empresário largou a arma e se entregou.


Os jovens espiões foram levados para uma das salas de reuniões da agência, que possuía um sofá em L com uma mesa de centro próxima a ele, uma mesa, um frigobar e uma grande tela, na parede oposta ao sofá, ligado a um computador.
— Essa missão foi demais! Mal posso esperar pela próxima. – Rob vibrou.
— Próxima? – Zé perguntou confuso.
— É, cara, agora somos espiões. – Joca revidou.
Antes que Zé pudesse falar mais, Duda e Maurição entraram na sala. A menina correu para abraçar o namorado, eles ficaram unidos por um tempo e em seguida se beijaram apaixonadamente. O rapaz musculoso cumprimentou Érica e os amigos.
— O que fazemos agora? – Zé quis saber.
— Agora esperamos. Foi o que o chefe disse e é o que vamos fazer. – a jovem espiã disse enquanto pegava e abria uma lata de refrigerante do frigobar.
O silêncio reinou no cômodo até a chegada de Krusma.
— Muito bem, crianças. Parabéns novamente. E graças ao seu sucesso nessa missão, vocês agora são espiões oficiais e permanentes da agência. – ele disse.
— Não éramos antes? – Rob perguntou.
— Nós fomos treinados e tudo. – Joca emendou.
— Parem de reclamar. – Maurição pediu e todos riram.
— Não contem comigo. – Zé disse, silenciando a todos.
— O que? – Joca e Rob falaram ao mesmo tempo.
— Zé... – Érica começou.
— Eu nunca quis ser um espião. Isso tudo foi um mal entendido. Eu não sou um herói. Eu só quero arranjar um emprego, terminar minha faculdade e sair com minha namorada. – Zé disse e olhou para Duda.
— É uma pena que você pense assim, rapaz. Talvez você precise de um tempo para pensar. – Krusma disse. – Se mudar de ideia, você será bem vindo aqui.
— Obrigado, senhor. – Zé disse e foi até a porta.
— Zé! – Krusma chamou. – Seu cartão. Você precisa devolver. Quando e se decidir voltar, ele estará aqui.
O rapaz nada respondeu, apenas devolveu o cartão para o chefe da agência e saiu com Duda.

domingo, 27 de maio de 2012

Acerto de contas


– Você está atrasada. – Ciano disse ao entrar na sala de dança.
– Ah! Que susto, Ciano! – Caramello exclamou.
– Essa era a intenção. – o mano disse sorrindo. – Vamos! O Alex faz questão da sua presença.
– Ta, então me ajuda a guardar o material. – ela pediu.
Enquanto colocava a blusa da amiga na mochila dela, Ciano ouviu uma conversa vinda do corredor. Ele achou estranho, pois imaginou que os membros do grêmio eram os únicos alunos presentes no colégio. Por isso, foi ver quem estava ali. O Agente de Segurança do GEAS abriu a porta e viu dois rapazes de jaqueta de couro e óculos escuros colocando dispositivos que aderiam na parede.
Como se tivessem sentido que estavam sendo observados, os rapazes se viraram para Ciano, que fechou a porta rapidamente, fazendo barulho. Os amigos de Mauricinho seguiram em direção à sala de dança. Eles abriram a porta e viram um rapaz vestindo roupas largas de mano e ao seu lado havia um rádio ligado na tomada.
– E aí, beleza? – Ciano cumprimentou. – Vocês, por um acaso, já ouviram os Avassaladores? – o mano perguntou, ligou o rádio e a música começou a tocar.
♪ Sou foda, na cama te esculacho, na sala ou no quarto, no beco ou no carro... ♪
Ciano começou a dançar na frente dos mauricinhos, que estavam surpresos pelo que viam e riam entre si. A cada trecho da música, o mano fazia um passo para uma dupla risonha e desdenhosa. Então, em um movimento mais próximo aos observadores, Ciano saltou para trás atingindo-os cada um com um pé.
— Agora, Caramello! — ele disse e menina saiu de um amontoado de colchonete embaixo do qual se escondia.
Os dois membros do grêmio saíram da sala, aproveitando a distração dos adversários e deixando-os ouvindo a música que naquele momento seguia com o trecho: 
♪ ...pra te enlouquecer, pra te enlouquecer... ♪

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O corredor do lado oposto ao do grêmio estava vazio e por isso, Solano e as meninas puderam correr com liberdade para a diretoria. A diretora não estava à espera de visitas, por isso ficou muito surpresa quando os quatro alunos entraram em sua sala. Ao ver rostos conhecidos, ela se acalmou.
— Estou ocupada agora, crianças. – ela disse.
— Ocupada roubando o dinheiro do colégio, diretora? – Diana perguntou.
— Como você... Ah, claro, como a garota mais inteligente do colégio não saberia? Pena não haver nada que você possa fazer para impedir. – a diretora falou.
— Pelo contrário, há sim o que fazer. Nós somos quatro e você é só uma.
Diana e Manu se encontravam pouco à frente de Solano e Paty, e os quatro estavam diante da mesa da diretora Tulipa, que abriu sua gaveta, pegou uma arma e a apontou para o grupo.
— Mas eu tenho um revólver. – ela informou.
Os membros do grêmio não contavam com isso, nem desconfiavam que a diretora fosse esse tipo de pessoa.
— Não precisa ser desse jeito, diretora. – Manu disse.
— Precisa sim, Manu. Eu decidi trilhar um caminho sem volta. Agora é tarde demais. – Tulipa disse.
Enquanto a vice-presidente distraía a diretora, Paty escrevia um SMS em seu celular e o mostrava a Solano. À direita do rapaz havia uma mesinha com um vaso de flores em cima. A patricinha não esperou o jogador se decidir, deixou sua bolsa cair no chão de propósito para chamar a atenção da diretora. Vendo que não teria outra oportunidade, Solano avançou para o vaso e jogou na direção da mulher armada, mas esta o viu durante o movimento e, quando ele lançou o objeto levou um tiro da diretora.
— SOLANOOO! – Diana gritou e foi auxiliar o amigo baleado no ombro.
No instante seguinte, Manu correu, subiu numa cadeira, então para a mesa e, com o pé esquerdo como apoio, deu um grande e forte chute no queixo da diretora, fazendo-a cair e desmaiar na cadeira.
— Di, preciso de você aqui. – Manu chamou, já no chão e de frente para o computador.
— Eu cuido dele. – Paty se ofereceu e uma relutante Diana foi até Manu.


Depois de desviar de dois socos de seu adversário, Alex levou a luta para a ponte de ligação entre as pontas do U. Mauricinho aproveitou o deslocamento do presidente do grêmio para acertar um chute em seu peito, fazendo-o cair.
— Qual é, Lemos. Levanta daí, não quero que seja tão fácil.
Alex levantou, encarou seu oponente e investiu contra ele. Mauricinho segurou o soco e devolveu com outro, Alex se desviou e aproveitou para acertar o rosto do garoto de jaqueta de couro. Mauricinho cambaleou, mas não caiu e ao voltar para se equilibrar, veio com mão fechada e acertou seu adversário que estava desprevenido.
— Esse foi pelo soco que você me deu. – Mauricinho disse. – Só faltou uma platéia aqui.
Enquanto estava no chão, Alex virou para o lado e observou o pátio central abaixo de si pela parede de vidro da ponte. Ele viu os amigos do playboy com quem lutava plantando bombas ao longo do colégio. Começou a se indagar sobre como iriam detonar e concluiu que não poderiam fazer isso se Mauricinho estivesse no prédio ainda. Portanto o detonador deveria estar com o próprio rapaz que acabara de socá-lo. Alex ficou de pé novamente e limpou o sangue do rosto com o dorso da mão.
— Ah, então você quer mais? Tudo bem, ainda tenho tempo para você. – Mauricinho falou ao ver seu oponente levantar.
Dessa vez foi o rapaz de jaqueta de couro que avançou. Alex já esperava por isso e quando o golpe veio, ele se abaixou e investiu contra Mauricinho, derrubando-o no chão, ficando sobre ele. O presidente do grêmio começou a revirar os bolsos do outro rapaz.
— Saia de cima de mim, Lemos! – Mauricinho gritou e se debateu.
— Onde está o detonador? – Alex disse após não obter sucesso em sua busca. – DIGA! – Ele gritou e socou o garoto de jaqueta repetidas vezes.
O sangue espirrava forte no chão, Mauricinho o tossia e já não reagia mais. Nesse momento, Hugo apareceu na entrada da ponte, com arranhões, rasgos na roupa e ferimentos leves de sua luta contra os dois amigos de Mauricinho.
— Alex? – o rapaz alto chamou.
— ONDE ESTÁ? – Alex gritou novamente sacudindo o rapaz caído pela gola de sua jaqueta.
— Você não pode fazer nada. Nós todos vamos morrer na explosão. – o garoto rico disse e cuspiu mais sangue.
— Onde está? – Alex repetiu com os dentes cerrados.
Para não apanhar mais, Mauricinho contou que o detonador, que também era um desativador das bombas, estava com seu pai, que, por sua vez, estava na limusine em frente ao colégio. Alex saiu de cima do rapaz, chamou Hugo e começou a correr.
— O que você vai fazer, Alex? – o Fiscal de segurança quis saber.
— Vou ter uma conversinha com o Sr. Timbrelago. – o rapaz disse de modo sério.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Análise


– Vocês estão mesmo de parabéns. Meu contato disse que a polícia não suspeita, apesar de ainda estar investigando os seguranças. – Barton começou. – Você precisa tomar cuidado, Bomber.
– Eu sei. – o musculoso disse.
– Então, quando vamos receber nossas partes? – Facada perguntou.
– Assim que meu avaliador analisar cada uma dessas belezinhas. – o empresário disse pegando uma jóia. – Joel, vamos indo? – ele chamou o líder.
– Na verdade, Sr. Barton, eu gostaria de levar outro membro do grupo conosco. Ele entende de jóias e acho importante ter um avaliador de cada lado.
– Como quiser. – o empresário aceitou sem problemas.
Durante as semanas de preparação, Joel resolveu se prevenir para uma possível esperteza por parte de Barton.
– Ei, pessoal, alguém entende de avaliar preço de jóias? – ele perguntou.
– Eu... – Técno Léo começou a dizer, mas se arrependeu, pois ia ser mais uma função para ele, que já tinha tantas. – ... sei um pouco.
– Ótimo! Você irá confirmar se o pessoal do Barton vai fazer um preço justo para as peças que roubarmos. – Joel disse.
– Achei que confiasse nele. – o técnico perguntou.
– Eu confio... desconfiando. – Joel explicou.


No belo carro do empresário, Léo e Joel seguiram com as jóias para a avaliação de preço. Para os outros nada mais foi dito além de que se encontrariam dali a 24h no mesmo lugar para recolher suas partes e ter a última reunião da primeira operação.
– Bom, é isso então, né? – Facada disse.
– É, acho que agora vamos embora. – Taís emendou sem animação.
– Então... hã... alguém está a fim de tomar uma cerveja? – Bomber perguntou e todos o olharam. – Estive sozinho em casa nos últimos dois dias com ninguém além de minha própria sombra como companhia. Convívio social me faria bem. – ele explicou.
– Para todos nós, amigão. – Charger aliviou a tensão.
Eles foram a um bar do bairro, pediram uma porção de frango à passarinho e duas cervejas. Após falarem um pouco sobre como conheceram Joel e comerem e beberem um pouco, decidiram conversar sobre o futuro.
– Então, Bomber, o que você vai fazer com a sua parte dessa primeira operação? – Charger quis saber.
– Guardarei uma grande quantia e o resto usarei para viajar até nosso próximo trabalho. – o musculoso respondeu.
– Boa. E você, Facada? – o mecânico emendou.
– Vou ajudar minha mãe. Comprar uma casa, à prestação, claro, para não dar na vista. Bem longe da Vila Zumbi. – o rapaz disse.
– Que bonito, Luiz! – Taís elogiou. – Eu pretendo arrumar minha mecânica e modernizá-la. Pode parecer bobo, mas tudo que eu quero é trabalhar com carros e cuidar da minha irmã. – ela disse. – E você, Charger? – ela fechou o ciclo.
– O mesmo que você. – ele respondeu com cara de besta apaixonado. – Quer dizer, tirando a parte da irmã, porque... bom... eu não tenho irmã, então...
– Ah é! O que me lembra, você está me devendo sua história. – Taís falou.
– Outro dia. – ele disse e tomou o último gole de sua cerveja. – Boa noite para vocês. – ele se despediu, levantou e foi embora.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Fogo contra fogo


– Vocês não vão! – Giovanni decretou.
– E dois tiozinhos, com mais de 60 anos cada, vão enfrentar uma máfia inteira sozinho? – Glória indagou.
– Você faz parecer tão negativo. – Toni observou.
– Podemos ser poucos e velhos, mas somos úteis. Se vocês forem, serão apenas mais uma preocupação para nós. – Giovanni explicou.
– Aí que o senhor se engana, meu tio. Eu sei atirar e pratico desde que a Lucy começou o caratê. – a mais velha disse.
– E eu sou faixa preta, e também sei atirar, pratico há um ano. – Lucy emendou e, junto com Glória, olhou para Bárbara.
– Eu... não sei atirar. – ela começou devagar. – Mas dirijo muito bem. – ela falou rapidamente ao lembrar algo em que poderia ajudar.
– Muito bem, vamos nos armar. – Giovanni aceitou a contragosto e todos saíram do hotel.
Em uma loja de ferramentas, os Cesca encontraram um velho amigo da família, Olavo o antigo vendedor de armas.
– No credo! Giovanni! Toni! – o italiano exclamou e abraçou cada um dos irmãos.
– Olavo, precisamos de armas. – Giovanni disse.
– Venham comigo.
Depois de explicada a situação, Olavo mostrou-lhes seu arsenal. Nos fundo de sua loja havia as mais variadas pistolas, espingardas e automáticas. Os mais velhos começaram a escolher, sendo seguidos por Glória que entendia um pouco também. Toni pegou um rifle AK-47, três pistolas e pentes de munição.
Giovanni e Glória preferiram espingardas, mas também pegaram pistolas. Lucy e Bárbara estavam meio perdidas. A mãe da carateca lhe entregou uma arma, mas com uma recomendação.
– Tome cuidado, use os ensinamentos das aulas. – Glória disse.
– Sim, mamãe.


Na mansão Martiniani, Carpo, depois que levantou, achou que teria tempo de ver Ana em determinado momento, mas não conseguiu se livrar dos filhos de Marco. Eles o encheram de perguntas e, apesar da situação, Carpo simpatizou com os rapazes. A conversa, porém, foi interrompida por um barulho vindo do portão da grande propriedade.
Um pequeno caminhão derrubou o portão e ficou transversal ao jardim que o separava da mansão. Seus ocupantes rapidamente desceram do veículo e ficaram atrás dele, usando-o como uma barricada para suportar os tiros dos inimigos. No imenso jardim, havia uma fonte com um chafariz no centro e vários arbustos ao redor formando um pequeno labirinto.    
– Vamos usar a vegetação para avançar até a casa. – Toni disse.
– Há muitos deles. Não dá para ir todo mundo. – Giovanni observou enquanto o caminhão recebia uma série de tiros.
– E não precisa. – Glória disse. – Lucy, você e Bárbara podem seguir pela lateral e entrar por alguma janela da casa. Nós cobrimos vocês.
– Sim! – a menina assentiu.
Assim, as duas Cesca seguiram ao lado do jardim e além do trecho que havia para os carros passarem. Entre uma árvore e outra, elas corriam mais. Enfim, alcançaram a borda da casa. No entanto, em vez de seguir, Lucy parou, notando o quanto os inimigos haviam avançado e o quão encurralados seus tios e sua mãe estavam.
– Prima, segue você. Liberte Ana e Carpo. Eu vou ficar aqui e ajudar a acertar esses manes. – a carateca disse.
– Cuide-se, Lucy. – Bárbara pediu e foi em busca de uma entrada.
Dentro da mansão, mafiosos corriam para todos os lados buscando munição e avisando posições. Marco mantinha-se em seu escritório. Marcelo e Bruno foram até a porta para analisar a situação e informar o Don da família.
Aproveitando a bagunça e falta de atenção sobre ele, Carpo foi onde Ana estava. Abriu a sala, desvendou-a e começou a desamarrá-la.
– Carpo! O que está acontecendo? Eu ouvi vários tiros. – ela disse. – Nossa, mas que terno mais...
– Mafioso? Também acho. – ele completou e a atualizou do que estava acontecendo.
– Então, vamos sair logo daqui. – ela disse e avançou à porta, abrindo-a.
Ao fazer isso, porém, Ana, sendo a primeira a sair, foi vista e reconhecida.
– Refém em fuga. – um mafioso gritou e atirou em seguida.
A moça só teve tempo de olhar para seu atirador antes de escorregar ao longo de uma parede com um tiro no ombro esquerdo. Carpo apareceu logo após e ficou paralisado com o que viu. O mesmo ocorreu com o atirador ao ver o Capo convidado ali.
– ANAAAAAA! – o economista gritou e abraçou a Cesca.
– Car... po... – ela murmurou.
– Shh, não fala. Pressiona o local aqui. – ele disse e colocou a mão dela sobre o ferimento. – Nós vamos sair daqui e vai ficar tudo bem, eu prometo.
Carpo levantou, virou-se e encarou bem o mafioso que atirou em Ana. Ele ficou muito feliz de não ter sido Bruno ou Marcelo, pois não sabe se teria coragem de fazer o que fez em seguida.
Pela primeira vez em sua vida, Carpo matou uma pessoa.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Selva de pedra


Através de seus contatos entre os taxistas do aeroporto, Rubens soube o hotel que Krok e Everest tinham se hospedado, mesmo sem saber seus reais nomes. Antes disso, porém, o jornalista levou a jovem índia em uma loja e comprou algumas roupas para ela, uma calça jeans e uma camiseta.
Ao chegarem na esquina da quadra do hotel indicado, eles viram seus alvos saindo do local e esperando pelo manobrista com o carro. Rubens disfarçou e esperou. Logo, o rapaz do hotel chegou com a F-250 deles e a estacionou, recebeu uma gorjeta e voltou para o estabelecimento.
Em seguida, o jornalista parou um táxi que passava pela rua.
– Siga a F-250. – ele disse ao motorista.
O táxi estava a dois carros de distância de Krok e Everest. Eles seguiram reto por um tempo, depois viraram à direita, passaram mais duas quadras e foram para à esquerda. O trânsito da cidade começava a ficar notável. Em um semáforo, a F-250 passou no amarelo, sendo seguido por mais um carro, mas o táxi e o da frente tiveram que parar.
– Droga! – o jornalista praguejou.
– E agora, Rubens? – Kaluana perguntou.
– Motorista, leve-nos para a sede do jornal Terra da Garoa. – ele disse.
– Oh! Eu vou conhecer seu local de trabalho? – a índia quis confirmar.
– Sim, você vai.
A edição do jornal estava como qualquer outro dia normal. Vários teclados de computador sendo apertados ao mesmo tempo, pessoas gritando, pessoas comendo, mesas lotadas de papéis, mesas sem pessoas. E a única sala do cômodo, com um editor-chefe para lá de bravo.
– Eu ia te apresentar meu editor, mas não parece ser um bom momento para isso. – Rubens disse ao ver o chefe aos berros no telefone. – Venha, vamos para minha mesa.
Enquanto caminhavam entre as mesas, o celular de Rubens vibrou, o que quis dizer que ele recebeu mensagem. Ele parou e abriu a mensagem. Era de Carla, sua colega de trabalho. Havia um vídeo e um lembrete que dizia:
“Veja o vídeo sozinho. É só para você!”
– Ah, sua safadinha! A essa hora do dia? Ta bem. – o rapaz resmungou. – Kaluana, espera um pouco aí que eu já venho.
Ele saiu da sala de edição e foi para o corredor do andar, onde não tinha ninguém. Ao abrir o vídeo, Rubens teve uma surpresa, pois não era o que ele esperava. Em vez de Carla, Krok apareceu falando.


– Olá, Sr. Araújo. Ou devo dizer Sr. Fonseca? O senhor me deixou muito confuso com esses nomes. Fiquei muito chateado quando soube que o senhor mentiu para mim. E eu não gosto que mintam para mim. – ele terminou de modo furioso.
A câmera focava apenas o traficante de animais, mas Rubens podia ouvir um gemido abafado ao fundo.
– Entretanto, hoje, o senhor tem a chance de se redimir. – Krok continuou. – Eu sinto que mereço uma indenização por danos morais e materiais, já que graças a sua mentirinha, eu perdi tudo que eu tinha na Amazônia. – ele disse alternando entre tons suaves e graves. – Não espero, é claro, que o senhor ceda facilmente, portanto, imaginei que poderia precisar de um pequeno estímulo. – ele finalizou e virou o celular mostrando Carla sentada e amarrada.
– Não! – Rubens falou sem querer e, apesar de ter sido baixo, ecoou pelo corredor e chamou a atenção da índia.
Com a visão na jornalista, Krok continuou a falar.
– Meu caro, Everest, desamarre nossa convidada. – Krok pediu e o homem de dois metros surgiu e tirou a corda da boca da moça, que não pensou duas vezes antes de gritar.
– SOCORRO!! ALGUÉM ME AJUDA!
– Cala a boca, vadia! – Everest disse e deu um tapa no rosto de Carla, que desmaiou, e amarrou a boca dela novamente.
– Uou! Essa deve ter doído. – Krok recomeçou. – Bom, Sr. Araú... Fonseca, se o senhor não quer que mais cenas dessas se repitam, o senhor vai me trazer 100 mil reais em dinheiro às 20 horas no endereço que vou lhe mandar em outra mensagem logo mais. Não se atrase! – ele finalizou voltando o celular para si e dando um tchau com a mão.
O vídeo acabou, quando Kaluana chegou para saber o que aconteceu.
– Eles sequestraram uma amiga minha. – ele disse.
– E agora, o que vamos fazer? – a índia quis saber.
– Vamos visitar um amigo meu. – Rubens informou.

domingo, 20 de maio de 2012

Parvo


– Muito bem, parece que está tudo aqui. – Parvo disse e os dois jovens a sua frente respiraram. – Tirando as cópias que vocês mandaram para a Justiça, é claro. – ele finalizou.
– Como você sabe? – Zé perguntou.
– Ora, você acha que eu sou algum zé mané? - Parvo provocou.
– Na verdade, sim. – o rapaz disse.
– Como é que é? – o empresário não acreditou no que ouviu.
– Você sabia Parvo em português de Portugal significa besta, idiota, imbecil, zé mané? – o espião explicou e em seguida um tiro passou acima dele. – Nossa, você é ruim de mira hein.
– O quê? – Parvo disse sem esconder seu espanto.
– Eu estou bem na sua frente e você atira no teto da sua empresa. Quem consegue errar um tiro assim? – Zé zombou e riu alto.
– Eu errei de propósito. – Parvo disse, ainda espantado.
– Sei, é claro que sim. – o rapaz disse, ainda rindo.
– Zé! – Érica chamou e ele a olhou. – Ele atirou de propósito.
– Oh! – ao ver o olhar sério da amiga, Zé parou de rir. – Ah, é?
– Ah, é! E eu posso e vou acabar com vocês dois agora! – Parvo disse e levantou, aproximando-se de Zé.
– Espera! – Zé gritou quando arma foi apontada para ele. – Você não vai tentar nos convencer a trabalhar para você?
– O que? Por quê? Você acabou de se provar um perfeito idiota.
– Eu não acredito! Você não entendeu? Aquilo foi uma atuação digna de Oscar. – Zé disse e, aproveitando a falta de resposta de Parvo, continuou. – Acena para a câmera. – o espião apontou para o equipamento da sala.


No topo do prédio, Joca observava a situação e escutava a conversa dos dois atentamente. No momento em que Zé apontou a câmera, o amigo imaginou que aquele era o sinal de que tinha mencionado.
– Ah, esse é o sinal, certo? Agora é para mandar o mini-helicóptero. – ele disse e Zé assentiu para a câmera. – À caminho, amigão.
Na sala de Parvo, Érica começava a ficar apreensiva, a pensar que tudo estava saindo de controle, que a qualquer momento o empresário poderia apertar o gatilho. Mas Zé estava tranquilo, mesmo com uma arma apontada para sua cara e com toda a tensão da situação, ele permanecia inalterado.
– Já chega! – Parvo gritou depois de olhar para a câmera. – Você morre agora. – ele disse remirando a arma para Zé.
– Hã... Chefe... – Beckert chamou.
– Agora não, Beckert! – Parvo gritou. – Últimas palavras? – ele perguntou para o rapaz.
– Olha para trás. – Zé disse com um sorriso.
Ao olhar para a janela atrás de si, o empresário viu um mini-helicóptero com duas metralhadoras prontas para atirar.
– AGORA! – Zé gritou e se jogou no chão no instante seguinte.
Parvo demorou alguns segundos para perceber e antes de cair no chão, foi atingido no ombro esquerdo. Seus dois seguranças também levaram tiros, um na perna e outro na barriga, mas não foi letal. Aproveitando o atordoamento dos vilões, os dois espiões saíram correndo assim que a onda de tiros passou.
– Bom trabalho, Joca. – Érica elogiou. – Maurição, está com a Duda? – ele quis saber.
– Sim, está comigo. Já estamos há uma quadra de vocês. – o rapaz musculoso respondeu pelo comunicador.
– Ótimo! – Zé vibrou. – Muito bem, equipe, Fase Fuga iniciada.
Zé e Érica chegaram às escadas do andar em que estavam e a subiram. Era o último do prédio, logo apenas um lance os separava do helicóptero.
Parvo chamou todos os seguranças do edifício e saiu na frente para perseguir os espiões, sendo acompanhado por um Beckert manco.
– Tirem a gente daqui. – Zé disse ao entrar no helicóptero.
– Só se for agora. – Rob disse e sorriu.
No minuto seguinte, helicóptero e mini-helicóptero sobrevoavam Curitiba.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Você já sentou num formigueiro?

"O que vem de baixo não me atinge!", quem nunca disse essa frase, hein? Pois, talvez, você deva sentar num formigueiro para comprovar! ^^'
Mas não é sobre a frase que esse post vai tratar e sim, sobre um personagem das histórias em quadrinhos. Seu nome é Homem-Formiga, e é bem provável que você nunca tenha ouvido falar sobre ele. Normal, ele não é muito famoso, mas muito importante em sua editora, a Marvel. Desde o começo então.

Henry "Hank" Pym é um renomado cientista que durante um estudo sobre insetos cria um aparelho que o permite se comunicar com as formigas e se encolher do tamanho delas. Juntamente com essa habilidade, ele também cria um dispositivo que o faz crescer do tamanho de prédios.

Ao lado de Tony Stark (Homem de Ferro) e Reed Richards (Sr. Fantástico), Hank Pym é um dos personagens mais inteligentes do Universo Marvel e um membro muito importante na equipe dos Vingadores.

Na recente película do grupo, não houve espaço para ele, mas já há boatos de que ele aparecerá no próximo e até mesmo ganhará seu próprio filme.

Podemos esperar também a presença de sua parceira e namorada, Janet "Jan" Van Dyne (futuramente Janet Pym). Ele aparece no atual desenho Os Vingadores - Os Heróis mais Poderosos da Terra. As cenas mais legais são quando ele consegue vencer os vilões mais fortes com um exército de formigas sobre eles. Aí da pra ver a força desse insetos.


Algumas curiosidades sobre a formiga: elas aguentam até 10 vezes o seu próprio peso; vivem em um regime de colônia com uma hierarquia rígida, composta por soldados, operárias e a rainha; só atacam para se defender, como a maioria dos insetos; durante a primavera-verão estocam comida para suportar o outono-inverno.

Espero ter colaborado para o aumento de seus conhecimentos sobre o personagem e o inseto.


quarta-feira, 16 de maio de 2012

Desvio


Apesar de ter sido ameaçada por Mauricinho, a diretora Tulipa não conseguiu pensar em um jeito de fazer o que ele havia dito. Ela concedeu tudo o que o grêmio pediu, mas não porque o rapaz falou e sim porque ela concordava com as ideias dos membros do GEAS. Simpatizava com eles.
Durante o ano, ela encontrou com Mauricinho nos corredores, várias vezes e ele sempre a lembrava do que devia fazer. Depois de um tempo, ela teve uma ideia, meio arriscada, mas que podia dar certo, só precisava esperar mais um pouco. Mas em seu último encontro com seu ameaçador, ela soube que seu tempo tinha acabado.
– Muito bem, diretora, você teve sua chance. Seu tempo acabou. Hoje à tarde a senhora e o Isaac cairão. – ele disse e saiu.
Ela tentou chegar a sua sala o mais rápido possível, mas sempre aparecia alguém para lhe falar ou perguntar algo, professores, alunos, inspetores. Em sua hora de almoço que achou que teria um tempo livre, teve que almoçar com alguns patrocinadores do colégio. Quando finalmente chegou onde queria já era quase duas horas da tarde. Procurou sinal de algum Timbrelago, pai ou filho, e como não encontrou, sentou-se em sua cadeira e ligou o computador.

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Alex estava pronto para começar a reunião quando sentiu a falta da diretora de dança do grêmio estudantil.
– Cadê a Caramello? – ele perguntou.
– Ela disse que ensaiar um pouco depois do almoço, mas que chegaria a tempo da reunião. – Diana explicou.
– Já passamos dez minutos do horário combinado e eu quero que ela esteja aqui para ouvir o que tenho a dizer. – Alex disse. – Ciano vá buscá-la.
– Beleza, deixa comigo, maninho.
Assim que o mano saiu, Diana, que estava com o laptop ligado, viu algo que a espantou.
– Oh, meu Deus! – ela exclamou. – Os fundos do colégio estão sendo transferidos para uma conta particular.
– Como você sabe? – Manu quis saber.
– Eu monitoro sempre para ver quanto temos em caixa. – ela disse.
– Como você tem acesso? – Paty perguntou.
– Na verdade só a diretora Tulipa tem acesso, mas eu hackeei para poder ficar de olho. – ela explicou.
– Então talvez um hacker possa ter feito o mesmo que você e estar roubando agora. – Alex sugeriu. – Você pode saber de onde está sendo feito isso?
– Só um minuto. – ela pediu. – Ahá, como eu suspeitava. A não ser que o nosso hacker esteja na diretoria agora, a diretora Tulipa está nos roubando.


Na frente do colégio, uma limusine e dois carros pretos pararam.
– Você está pronto? – o Sr. Timbrelago disse.
– Sim. – Mauricinho respondeu.
– Então vá, vingue-se e acabe logo com isso. – o mais velho disse e o rapaz começou a sair da limusine. – Mauricio? Você tem meia hora.
Dos outros carros saíram cinco rapazes, de 14 a 17 anos, de cada e se juntaram a Mauricinho. Eles entraram no colégio e da recepção se dividiram.
– Vocês dois. – o rapaz apontou. – Venham comigo. O resto espalhe-se pelo colégio. A gente se vê lá fora em vinte minutos. – ele disse.
Quando Alex e os outros membros do grêmio saíram da sede, deram de cara com um rapaz de jaqueta de couro e óculos escuros, acompanhado de mais dois.
– Mauricinho! – o presidente exclamou.
– Olá, Grêmio! Lemos, precisamos terminar a nossa luta. – ele disse.
– Luta? Que luta? – Alex perguntou confuso. – Ah você diz aquele soco que eu te dei na frente de todos os alunos? Você não superou isso ainda? – ele disse de modo zombador, irritando Mauricinho. – Olha, não tenho tempo pra isso agora, ta?
– Como você adivinhou? Você ta certo! Não tem tempo mesmo. Em menos de meia hora, esse colégio todo irá pelos ares. – ele disse e riu alto.
– Ah, caramba! Estão plantando bombas! – Diana informou da entrada da ponte que ligava as pontas do U.
– O que vai ser, Lemos? Vai lutar comigo ou vamos todos explodir?
– Alex, eu não acho que haja uma saída diplomática para essa situação. – Hugo sussurrou para o amigo.
– Eu também não. Diz, amigão, você dá conta dos amigos do Mauricinho? – Alex perguntou.
– Sim, por quê? – o garoto grande perguntou, mas foi ignorado.
– Solano, eu quero que você vá com as meninas até a diretoria e resolva aquilo. Hugo e eu lidaremos com esses caras. – Alex disse.
– Ninguém vai passar por aqui, Lemos. – Mauricinho avisou tampando o corredor.
– Tudo bem, nós usamos a ponte. – Manu disse e foi com Paty, Solano e Diana em direção a passagem.
Alex e Mauricinho se encararam por um tempo e então, num movimento repentino, o rapaz de jaqueta de couro avançou sobre o presidente do grêmio.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Kaluana


Depois de um ano fazendo matérias em outros estados, Rubens passou a escrever sobre assuntos de sua cidade natal e notou que tinha muito a falar: tráfico de drogas; violência doméstica; policiais corruptos; e muito mais. Tanto tempo fora o havia feito esquecer como São Paulo era grande.
Ele voltou para casa depois de redigir um texto para o jornal e ao chegar na portaria do prédio em que morava, teve uma surpresa. Uma morena linda, com longos e lisos cabelos, vestindo apenas uma pequena regata para cobrir os seios e uma bermuda, esperava-o.
– Kaluana? – ele disse espantado ao vê-la.
– Rubens! – ela gritou, correu e abraçou-o forte.
– Ei, o que você está fazendo aqui? – ele perguntou ao se separarem.
– Vim te visitar. Você não ligou mais e nem deu notícias. – ela reclamou.
Rubens havia ligado algumas vezes para a jovem índia depois que voltou de lá, mas foram poucas e sempre para dizer que estava muito ocupado para recebê-la e dar atenção a ela. Depois de um tempo, ele simplesmente esqueceu-se de ligar.
Após convencer o porteiro de que eram primos, Kaluana e Rubens foram de elevador para o apartamento do rapaz. Era um lugar só para uma pessoa morar. Havia apenas um quarto, sala, cozinha, banheiro e lavanderia.
– Não é muito grande e só tem uma cama, que, é claro, vai para você, enquanto estiver aqui. – ele disse rapidamente. – Certifiquei-me de comprar um sofá confortável para ocasiões como essa, não se preocupe. – ele disse e colocou a malas dela em seu quarto e em seguida eles sentaram-se no sofá.
– É uma bela casa, Rubens. – ela elogiou.
– Obrigado, mas na verdade é um apartamento. – ele explicou. – Ei, o que é isso que você está segurando, Kaluana? Um cabo de vassoura?
– Ah não! – ela disse e riu da comparação. – É minha lança!
– Lança?! – Rubens repetiu espantado. – Como você conseguiu passar pela segurança do aeroporto? – ele quis saber.
– O Guarda Guaxinim conseguiu uma autorização para mim. – ela disse.
– Não é Amorim? – ele perguntou mais para si mesmo. – Mas por que era tão importante para você trazer sua lança? – Rubens quis saber.
– Pelo real motivo de eu ter vindo para cá. – ela disse séria.
– E que real motivo é esse? – Rubens perguntou curioso.
– Os traficantes de animais foram soltos. – ela disse.
– Krok e Everest? – ele arregalou os olhos.
– Não sei o nome deles. É um homem cheio de cicatrizes e com a pele feia e outro muito grande, maior do que qualquer outro que eu tenha visto.
– São eles. – Rubens refletiu um momento sobre a informação. – Eu sabia que eles não ficariam presos para sempre. Aliás, considerando o Brasil até que ficaram bastante tempo. Eu não entendo, Kaluana, por que você fez essa viagem toda só para me dizer isso? Você podia ter ligado. – o rapaz lembrou.
– Eu tentei. Você não atendeu. – ela disse. – Tem mais!
– Mais o que?
– Um dia, quando fui à cidade, eu os vi e os segui. Consegui chegar perto o suficiente para ouvir parte da conversa deles. O homem de tamanho normal disse que viriam para cá atrás de você, para se vingar. – ela contou.
– Ora, Kaluana, isso é bobagem. O que eles poderiam fazer comigo? Considerando que você ouviu mesmo isso. Aqui não é a Amazônia.
– O Guarda Guaxinim confirmou que eles viajaram para São Paulo um dia antes de mim. Eles já estão aqui, Rubens. – a índia segurou os ombros dele. – E eu também, para te proteger. – ela disse.


Um dia atrás, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, Krok e Everest desembarcaram.
– Finalmente, chegamos. – o mais alto disse. – Já vamos atrás dele?
– Calma, meu caro Everest, tudo a seu tempo. Agora falta pouco para a nossa doce e tão esperada vingança. – Krok disse.

domingo, 13 de maio de 2012

Capo


– Qual o seu nome? – Marcelo perguntou.
– Carpo. – o rapaz decidiu dizer a versão resumida de seu nome, pois sabia que acabaria nela de qualquer jeito.
– Capo? – Bruno repetiu.
– É, na verdade...
– De que família? – Marcelo o interrompeu.
– Barreto. – Carpo falou devagar para tentar entender o que estava acontecendo.
– Engraçado, nunca ouvi falar dessa família. – Bruno comentou.
– Nem eu. Vocês são novos? – Marcelo perguntou para Carpo.
Carpo estava amarrado a uma cadeira em um pequeno cômodo da mansão Martiniani. Os dois filhos de Marco tinham sido incumbidos de descobrir a identidade do rapaz que estava com Ana, que havia sido colocada em igual condição no cômodo ao lado.
A resposta que daria àquela pergunta seria crucial e determinante para o economista. Foi então que ele se lembrou de uma matéria de seu curso, história da economia, parte dela consistia no estudo das máfias, que foram importantes de certa forma para a economia italiana da época.
Na hierarquia das famílias mafiosas havia um cargo chamado Capo, logo abaixo de Don. Era muito importante e respeitado. Talvez por ter falado rápido ou baixo, Carpo estava sendo confundido com um mafioso. Ele decidiu usar isso a seu favor.
– Sim, na verdade, estamos nos reerguendo, mas de forma discreta. – ele respondeu. – Por isso vocês não ouviram falar ainda.
– Entendo. E o que você estava fazendo com os Cesca?
– Ora, estou atrás do tesouro perdido deles, assim como vocês. Achei que seria fácil, e estava sendo, mas não sabia que teria concorrência. – Carpo explicou.
– O senhor nos dá licença um minuto, Capo? – Bruno pediu.
Carpo assentiu e os dois irmãos saíram do cômodo. O economista tinha uma ideia do que aconteceria a seguir. Eles voltaram e o desamarraram. Levantaram-no e o tiraram da sala em que estava.
– O Babbo quer falar com você. – Marcelo informou no caminho.
No escritório principal da mansão, Don Martiniani tomava um copo de uísque. Ele esperou Carpo sentar a sua frente e o encarou por um instante.
– Meus filhos me disseram que o senhor é o Capo da família Barreto.
– Sim, senhor. – Carpo concordou.
– Que vocês estão se levantando agora, mantendo a discrição e por isso eu nunca ouvi falar dos Barreto. – Marco continuou.
– É isso mesmo. – o rapaz confirmou.
– Qual o ramo de vocês?
– Economia. – Carpo resolveu não mentir nessa parte para não se complicar mais.
– É uma boa área. – Don Martiniani elogiou. – Também fui informado de que o senhor também está atrás do tesouro dos Cesca.
– Sim, senhor, é verdade.
– Então, como resolvemos isso?
– Não há o que resolver, o tesouro é de vocês. Só peço uma parceria.
– Parceria?
– Sim, entre os Martiniani e os Barreto. Tenho certeza de que as duas famílias poderiam tirar grandes proveitos disso. – Carpo propôs.
– Não é uma má ideia. O senhor acaba de ser promovido de refém a hóspede na mansão Martiniani. – o Don disse. – O seu terno está sujo.
– Tinha bastante sujeira naquele porão. – Carpo explicou.
– Tenho certeza de que sim. Bruno, Marcelo, levem-no ao quarto de hóspedes e arranjem um terno novo para o Capo Barreto. – Marco mandou.
– Sim, senhor. – os filhos responderam em uníssono.


– Como é que é? – Glória disse e um monte de perguntas foi feito aos dois mafiosos.
– Acalmem-se! – Toni pediu.
– O que vamos fazer agora? – Lucy perguntou chorando.
– O que, talvez, devêssemos ter feito décadas atrás: enfrentar os Martiniani! – Giovanni declarou.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Por que xingamos?

Seja em uma discussão ou numa conversa amigável com os melhores amigos, nós sempre utilizamos os tais xingamentos, mas por quê?

O sentido e finalidade originais dessas palavras agressivas são ofender outra pessoas, extravasar a raiva, usar na falta de argumentos, etc. Hoje, adquiriu-se um novo conceito para os tais palavrões: demonstração de carinho e amizade. Oh, que fofo! (para não dizer outra palavra com f, ^^)


Se você vir dois homens se xingando ao cumprimentarem-se e se abraçarem em seguida, não tenha dúvidas, eles são melhores amigos. O mesmo vale para as mulheres, mas elas disfarçam mais. Então, em vez de irmãos, os homens se chamam de putos, vadios e outras variantes; e as mulheres de biscate, vadia e milhares de outras variantes. Até mesmo porque hoje em dia, mulher que chama outra de querida e amor, está sendo falsa e a odeia.

Em discussões mais formais, as pessoas tendem até se segurar mais, mas é certo que em suas cabeças estão gritando e praguejando seu interlocutor. Não sei como nem por que surgiram, mas os xingamentos, hoje, têm seu papel na vida de cada um, seja para pôr para fora sentimentos ruins ou reconhecer o melhor amigo. É como dizem: xingamentos, f*%# com eles, muito mais f*%# sem eles.

Que m*&#@ de post hein!!

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Fiscal


Nos quatro meses que se passaram desde a eleição do grêmio, a vida de Hugo mudou consideravelmente. Ele ficou conhecido como o Fiscal, que já era um grande avanço em sua vida social, pois antes nem conhecido ele era. Com a ajuda de Ciano, dos manos e dos excluídos, ele autuou muitos valentões.
Quando passava nos corredores, era visto e temido, principalmente por aqueles que já tinham recebido três autuações, resultando no bilhete para os pais. Não foram poucos os que chegaram a essa situação, Yago, por exemplo, chegou a acumular sete autuações desde a sua primeira. Mais três e ele seria expulso, e ainda faltavam dois meses para o fim do ano letivo. Já a algum tempo, Hugo vinha prestando atenção em algumas meninas, mas não do jeito que os meninos normalmente fazem. Ele notou que exclusão, zoação e provocação não são algo de exclusividade masculina, entre as garotas também há valentonas.
Havia uma garota, que fazia parte do time de basquete do colégio, o qual era liderado por Lara, amiga de Manu, que sofria provocações de suas colegas de classe. Ela era a ala do time e com esse grupo ela se dava super bem. Era só alegria e risada. Mas, como o Fiscal notou, ela não era da mesma turma que suas colegas de basquete.
Hugo não podia fazer nada contra zoações e xingamentos, mas também não queria que algo pior acontecesse para poder agir. Então, sempre que podia ele se aproximava do grupo, fazendo-as parar. Eram três meninas que implicavam com a jovem jogadora. Mesmo com toda a observação, aconteceu o que o rapaz quis e tentou impedir. Depois de um jogo de basquete que teve durante o recreio, ambos os times foram para o vestiário. Restando poucas pessoas na quadra, Hugo ficou de olho, esperando a saída da ala.
Uma a uma, as jogadoras saíram do vestiário. Por algum motivo, a menina que o Fiscal esperava ainda ficou lá dentro, mas não foi só ele que notou isso. Não muito tempo depois que a penúltima jogadora saiu do vestiário, as três valentonas seguiram em direção a ele. Levando segundos para raciocinar, Hugo levantou e, rapidamente, avançou para vestiário feminino. Ele ainda parou em frente a porta para se certificar do que suspeitava. Então, ouviu um som seguido de um grito e em seguida um baque com o barulho de metal impactado. Hugo não teve mais dúvidas e entrou no vestiário.  
– Parem! – ele gritou ao ver as três meninas batendo na jovem ala.
– Ei! Isso é um vestiário feminino, você não deveria estar aqui. – disse uma delas.
– E vocês não deveriam estar fazendo o que estão. – ele devolveu.
– É mesmo? E o que você vai fazer para nos parar? – outra disse.
– Vou autuá-las por perseguição, agressão verbal e física. Assinem aqui e podem ir embora. – ele disse entregando os papéis para uma delas.
– Isso é sério? – a garota com as autuações disse e ao olhar para as outras, todas riram. – Olha o que eu faço com isso! – ela disse, parando de rir e rasgando os papéis.
– Não tem problema, eu faço mais. – Hugo disse, começando a preencher mais.
Antes que pudesse perceber, uma garota avançou nele para pegar os papéis, mas ele segurou firme. Ela insistiu e logo as outras vieram e o cercaram. Ele não sabia o que fazer, já havia tido problemas com alguns garotos, mas era fácil dominá-los por força física. Agora, garotas ele não conseguiria enfrentar, por isso ele apenas recuava e se protegia. Então, a porta se abriu e uma garota alta entrou e gritou.


– Ah, você realmente entrou! Eu sabia que não estava louca. Quer me dizer o que você está fazendo no... – ela parou ao olhar a cena além de Hugo. – Mirelle. – ela gritou ao ver a garota espancada no chão chorando.
– Lara! – a ala caída ergueu os olhos, avançou para a amiga, e abraçou-a forte.
As três valentonas recuaram e antes que Hugo dissesse qualquer coisa, Lara se adiantou.
– Olha, não sei como você soube o que ia acontecer, mas agradeço por ter entrado no vestiário, pois foi o que me fez voltar. Agora, você pode ir que eu resolvo isso. – ela disse, mas o rapaz permaneceu imóvel.
– Quando você chegou, eu estava autuando-as e é isso o que vou fazer agora. Não sei o que você quis dizer com “resolvo isso”, mas eu não sairei daqui antes de você. – o rapaz respondeu.
– Ta... É... Hugo, né? – ela perguntou e ele assentiu. – Eu sei o que você faz no grêmio, a Manu já me contou, mas essas garotas merecem uma punição...
– É para isso que servem as autuações. – ele interrompeu.
– Não é o suficiente! – Lara gritou. – Olha para a minha amiga. – ela pediu e ele fez. – Elas merecem ficar dez vezes piores.
– Não é assim que funciona. – Hugo disse calmo.
– E como é? Mandando bilhetinho para os pais? – Lara gritou e tentou passar por ele, mas foi barrada.
– Bater nelas não vai fazer você ser melhor do que elas. Você quer mesmo se rebaixar ao nível delas? – Hugo perguntou.
As três valentonas sentiram uma dor terrível, maior que qualquer soco ou chute que já haviam levado, com as palavras ditas pelo Fiscal. Nunca ninguém tinha machucado tanto elas apenas com palavras, nem seus pais, professores ou amigos. Hugo encarava determinado o olhar furioso de Lara, quando ela mirou as três agressoras.
– Se vocês encostarem um dedo na Mirelle ou em qualquer amiga minha, nenhum fiscal de grêmio vai me impedir de quebrar todos os seus dentes. – ela ameaçou e saiu com a amiga.
O Fiscal terminou de preencher novas autuações, esperou as valentonas assinarem e saiu. Viu Lara e Mirelle andando bem devagar e apressou o passo para alcançá-las.
– Ei! – ele chamou, fazendo-as virarem. – Você está bem? – Hugo perguntou para Mirelle.
– Sim. – ela respondeu e emendou. – Como você sabia que elas estavam lá? Quer dizer, você entrou logo depois delas.
– É uma longa história. – ele respondeu.
– Por que não nos conta, enquanto tomamos um suco na cantina? – Lara convidou, com um sorriso e uma expressão até então inéditos para Hugo.