quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Dentro


Já eram 20h quando Taís estacionou a Chrysler em frente ao Carrefour, que ficava do outro lado da rua do ParkShopping Barigui. Charger estacionou uma rua acima do local para que os dois veículos não fossem vistos juntos. Os grupos de carro entraram separadamente no shopping e não deram nenhum sinal de se conhecerem.
Por ser dia de semana, o horário de fechamento das lojas e da praça de alimentação seria 23h. Bomber sabia que seu turno àquela noite seria na sala de monitoramento. Faltando meia hora para o shopping fechar, os avisos começaram a ser feitos. E quem ainda tinha o que fazer lá dentro se apressou para terminar.
Charger e Tecno Léo saíram calmamente e se dirigiram a seus carros. Os outros “enrolavam” discretamente para comer. Enquanto Joel dava as últimas coordenadas para Taís e Facada, alguns seguranças os olhavam inquietos, pois não era comum durante a semana ter gente até aquele horário no shopping.
– Ciconatto, fique de olho nesses três. Estou com uma suspeita. – disse um dos seguranças pelo comunicador para Bomber que já estava vigiando as câmeras.
– Deixa comigo. Também estou suspeitando deles há um tempo. – ele respondeu e deixou o segurança mais tranquilo.
Dez minutos para o fechamento, Joel e Facada vigiaram do lado de fora do banheiro masculino para Taís poder entrar. Em seguida, eles entraram e ali ficaram. Pela sala de monitoramento, Bomber viu os companheiros, esperou cinco minutos e começou a executar o plano.
– Andrade, aqueles três da praça de alimentação já saíram?
– Não que eu tenha visto, Ciconatto. Por quê?
– Nada não. – Bomber disse e desligou o comunicador. – Galera, eu vi algo na câmera do banheiro masculino do setor D e vou verificar pessoalmente, aproveito e já tranco a porta. – ele disse para seus companheiros, Emerson e Clóvis.
– Ta bem. – Clóvis respondeu pelos dois.


A porta do banheiro foi aberta com estrondo, pois Bomber quis causar efeito em sua busca. Ao avisar Clóvis e Emerson, sua intenção foi de “chamá-los” para vê-lo fazendo. Ele entrou no cômodo, passou pelos lavatórios e mictórios, e chegou a frente aos sanitários. A cada porta, um chute mais forte que o anterior.
Nos dois primeiros, não havia ninguém. No terceiro, ele viu Facada, sentado sobre a descarga, arrumando as facas que poderia precisar, em locais estratégicos do seu corpo. Ele entregou para o rapaz a cópia das chaves que abriam as portas que davam para a área externa do shopping.
Outra porta chutada depois e foi a vez de Joel ser visto sentado sobre a descarga. Mas ele estava parado, esperando pelo amigo musculoso, e assim que este apareceu, o líder do grupo sorriu. Bomber devolveu o sorriso e recebeu do amigo um par de seringas prontas para serem aplicadas, contendo fortes tranqulizantes, que ele colocou dentro de suas mangas.
No último sanitário estava Taís que, assim que viu o segurança, piscou, mandou-lhe um beijo e lhe entregou um comunicador. Bomber saiu do banheiro masculino e logo outro segurança veio ao seu encontro.
– Algum problema, Ciconatto? – perguntou Andrade.
– Não, não há ninguém ali. Eles devem ter saído sem percebemos.
– Hum, menos mal. Bom, meu turno está acabando. Até mais.
– Até. – Bomber respondeu e foi para a sala de monitoramento.
Ele sentou-se entre os dois e abraçou-os pelo pescoço.
– Então, até as 10h da manhã seremos só nós três, aqui? A noite toda!
– Sim, mas contenha a empolgação aí, Marcelo. – disse Clóvis tentando desvencilhar-se do braço de Bomber.
O amigo de Joel soltou seus colegas, mas antes que eles voltassem para seus lugares, ele deixou as seringas deslizarem por suas mangas e chegarem às suas mãos. Ao que ele, rapidamente, pegou e aplicou o tranquilizante nos outros seguranças, que adormeceram na hora. Seu próximo passo foi colocar o comunicador recebido por Taís e ligá-lo.
– Atenção, galera! Bomber na escuta e pronto para iniciar a fase 2 da operação Roubo às Joalherias. – ele disse empolgado.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Rocinha


Com as informações que conseguiu através de sua pesquisa, Rubens chegou ao endereço do dono da Kombi que o sequestrou. Após olhar bem, ele concluiu que não tinha ninguém em casa, que era exatamente o que ele queria confirmar. Perto dali havia um bar e o jornalista imaginou que lá ele descobriria o que desejava.
– Uma coxinha, por favor. – Rubens disse ao sentar num banco próximo ao balcão.
O jornalista foi servido e logo notou que alguns olhares estavam sobre ele. Decidiu ir direto ao ponto e não perder tempo.
– Com licença, o senhor conhece os moradores da casa amarela bem próxima daqui. – ele perguntou ao dono do bar.
– Conheço sim. Por que a pergunta? – ele revidou secamente.
– É que eu encontrei uma Kombi abandonada num terreno baldio e encontrei um pedaço de papel que indicava o endereço, então vim até aqui para avisar o dono. – Rubens inventou.
– Oh, eu acho difícil. Eles nunca largariam aquela Kombi assim. Acho que você se enganou rapaz. E é melhor você parar de fazer esse tipo de pergunta aqui porque você pode se encrencar feio. – avisou o homem e foi limpar o balcão.
Rubens pagou pelo salgado e saiu do bar. Estava quase desistindo e seguindo seu rumo para o hotel, quando um garoto o parou e chamou para um beco isolado dos outros.
– O que foi, garotinho? Em que posso ajudá-lo? – Rubens perguntou.
– O senhor veio para nos ajudar? – disse o jovenzinho.
– Como? – devolveu Ruben sem entender.
– Eu ouvi o senhor perguntando sobre os traficantes lá no bar. – o menino disse surpreendendo o jornalista.
– O que você disse, filho?
– Olha, se alguém souber que eu to falando com você, eu to morto. Então eu serei breve. O senhor chegou bem na hora, detetive. – ele disse e Rubens entendeu o porquê ele havia sido chamado. – Devido a ocupação da polícia aqui na favela, os traficantes estão tendo dificuldades nos seus negócios. Mas eles ainda existem. E o carnaval só veio para ajudá-los.


– Como assim? Eles pretendem fazer algo no carnaval?
– Sim. Eu os ouvi dizendo que na segunda noite de desfile, eles iriam fazer o transporte da mercadoria. – disse o menino.
– Faz sentido, muita gente estará no sambódromo nesse horário, então...
– O senhor não entendeu. É no sambódromo que vai ocorrer o transporte. Eles vão usar as fantasias de uma escola de samba para esconder as drogas e então, depois do desfile, em vez da fantasia ser levada para o local certo será levada para o comprador. – explicou o rapazinho.
– Que bem bolado. Como eu faço para pará-los? – Rubens falou para si mesmo. – Ah, já sei. Garoto, eu preciso de mais algumas informações, mas já sei exatamente o que fazer. – ele disse e o menino sorriu.
A noite chegou e Rubens já estava a postos no sambódromo. Ele gostou do fato da escola escolhida pelos traficantes ser a segunda a desfilar, assim ele não precisaria aguentar mais uma noite inteira de desfiles, ainda que ele estivesse lá para isso. Quando os primeiros componentes da escola União da Ilha saíram da avenida principal, o jornalista já estava lá embaixo.
Um pouco antes, Rubens rendeu o rapaz que havia tentado roubar sua mochila de manhã e mais um que estava com ele. Ele não sabia quais eram as fantasias com drogas embutidas, mas imaginou que fossem todas as colocadas no caminhão que os dois rapazes estavam vigiando.
Com o veículo cheio, o jornalista arrancou e saiu do local do desfile. Mas nesse momento, o rapaz que tentou roubá-lo, acordou e o viu saindo. Rapidamente, ele avisou seu primo que estava próximo dali para escoltar o caminhão até o local de destino.
Rubens seguia pela Avenida Presidente Vargas, mas como notou que estava sendo seguido, virou à direita na Praça da República. Foi seu pior erro.
Pouco antes da Rua Buenos Aires, o jornalista foi fechado por dois carros e havia mais dois atrás.
– É, agora complicou. – ele disse para si mesmo ao ver, pelo retrovisor, sair 5 homens armados de cada um dos carros de trás e a mesma quantidade dos carros à sua frente.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Já faz um ano?

Hoje farei um post especial e confuso, pois é um post comemorativo de duas datas de uma vez só. Estou escrevendo no dia 27 de fevereiro, meu aniversário, mas a maioria provavelmente só vai ler dia 28, aniversário do blog. Bora lá então. Hoje, faço 24 anos, eeee, parabéns pra mim \o/. Há um ano atrás eu decidi que no dia seguinte ao meu aniversário eu começaria um blog. Já fiz alguns posts em que falo sobre a origem do blog, mas sempre tem algo mais para contar.

Todos sabem que tudo começou com o conto "A inteligência vence a força" que viria a ser o primeiro capítulo da série Zé Mané, mas o que nem todos sabem é: por que eu escrevi esse conto? Em janeiro do ano passado teve uma promoção nas Livrarias Curitiba, na verdade, um concurso de pequenos contos, mas pequenos mesmo. O limite era em caracter. Então, pensei nessa história e tentei fazer da menor forma possível. Tentei colocar vários gêneros (comédia, ação, romance) para ficar mais atrativo, porém ao final do conto, eu tinha ultrapassado o limite de tamanho. Diminui algumas falas, troquei palavras, tirei trechos e ainda assim ficou grande. Como bom brasileiro que sou, deixei pra terminar na noite limite para enviar o conto.


Sem querer mexer mais, pois isso iria deixar a história incompleta, não participei do concurso. Fiquei com aquela ideia na cabeça, quer dizer, eu achei meu conto bom, eu tava empolgado com o que as pessoas iriam achar, se iriam gostar ou não. Eu precisava torná-lo público. Não lembro ao certo como, eu fui levado a um blog e lá eu vi a opção "crie um blog". "Hum...", eu pensei. Seria o ideal, mas eu não tinha tanto material, então esperei e dia 28 percebi que tava na hora.

Já me estendi demais e agora só da tempo de dizer que nesse 1 ano, eu conheci (virtualmente) pessoas incríveis e espero continuar ampliando meu círculo sócio-virtual. Coincidentemente, uma dessas pessoas, também blogueira, faz aniversário no mesmo dia do blog, dia 28/02, a Monycky. Então parabéns a ela também! Para finalizar, algumas estatísticas: 1 ano de blog; 180 posts; 181 seguidores (é menos, pois sei que tem gente que segue com duas contas); 859 comentários (até a publicação deste post); 104 indagações; 76 contos.

Que esse ano o blog seja tão ou mais produtivo que o anterior e que vocês, caros leitores, continuem lendo o que eu escrevo. Muito obrigado a todos!

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Encontro duplo


Zé estava ouvindo o que o professor dizia, mas não estava conseguindo prestar atenção. Ele só conseguia pensar em suas últimas 24 horas; em tudo que ele e Érica passaram; na noite em que ele mal dormiu; e que estava sendo alvo de um grande empresário envolvido com tráfico de armas.
Durante o intervalo, ele saiu da universidade e foi andar um pouco no shopping que ficava do outro lado da rua. Antes de atravessar, o rapaz ouviu um barulho e olhou para trás para ver o que era, mas nada viu além de outros estudantes indo na mesma direção que ele.
No shopping, ele foi ver uns jogos na Livraria Curitiba, quando um rapaz puxou conversa com ele.
– Esse jogo é bem legal, né? – disse o desconhecido.
– É sim. Eu li um artigo que diz que vai ter muitas novidades nesse e parece que será bem melhor que o anterior. – ele disse enquanto olhava o verso da embalagem do jogo, e ao olhar para o lado para ver seu interlocutor, este havia sumido. – Ué, cadê o cara?
Antes de voltar para a aula, Zé ainda foi ao banheiro. Enquanto usava o mictório, ele ouviu um barulho e ao olhar para trás, viu a porta de um dos banheiros ser fechada com violência e ouviu gemidos vindo de dentro.
– A essa hora da manhã, galera? Que energia hein! – o rapaz falou.
As duas últimas aulas passaram rápido, pois eram mais práticas e Zé se entreteve mais com o que tinha para fazer. Assim que saiu, o jovem espião recebeu um telefonema. Era Maurição. Ele estava de bobeira no shopping e decidiu chamar o amigo para almoçarem juntos. Zé pensou um pouco e aceitou, afinal o escritório em que iria começar a trabalhar aquele dia era próximo dali.


– Zé Mané! – exclamou o rapaz ao ver o amigo.
– E aí, Maurição. – Zé cumprimentou e abraçou o amigo.
Os dois sentaram-se à uma mesa e começaram a conversar para decidir o que iriam comer.
– Comida? Fast Food? – perguntou o mais musculoso.
– Não. Queria algo diferente hoje. Que tal pizza? – sugeriu Zé.
– Boa ideia, Zé, mas peça pra viagem, porque não teremos tempo para comer aqui. – disse Érica ao chegar e sentando entre os rapazes.
– Érica? O que você ta fazendo aqui? E o que você quis dizer com isso? – Zé perguntou.
– Bom, quando você saiu, eu pensei um pouco e resolvi vir atrás de você, mas sem seu conhecimento.
– E só me encontrou agora? – espantou-se o espião. – Eu te disse que ia assistir às aulas na facul.
– É a guria do ônibus? – perguntou Maurição.
– Não. – Zé respondeu.
– Você realmente acha que eu tava te procurando até agora? – Érica disse indignada. – Eu estive te protegendo até agora, te salvei três vezes essa manhã.
– Como pode? Eu não vi nada... espera aí! – Zé se interrompeu. – Todos aqueles barulhos estranhos, foi você que fez?
– Gênio. Você estaria na capa do jornal de amanhã se não fosse por mim.
– Ta, será que um de vocês pode me dizer o que ta rolando aqui? – pediu o amigo de Zé.
– Oh, não! Maurição? – o espião disse olhando além do amigo.
– Fala, Zé. Pode mandar ver, eu aguento a verdade.
– Duda, a guria do ônibus, minha namorada, ta vindo aí. – Zé disse.
– Oi, gatinho, por que não me disse que vinha almoçar aqui, hoje? – Duda perguntou ao sentar do outro lado de Érica, também entre os rapazes.
– Zé, nós não temos tempo pra isso. – avisou Érica mais uma vez.
– Zé, não vai me apresentar seus amigos? – pediu Duda encarando a espiã.
– Ah, claro, desculpa. Érica e Maurição, essa é Duda, minha namorada. Amor, esses são Érica e Maurição. – Zé os apresentou.
– Pô, você nem me apresentou pra Érica ainda. – observou Maurição.
– Zé Mané, antes de me revelar a você e seu amigo, eu contei 5 grupos suspeitos dentro do shopping e mais dois grupos em cada uma das três entradas. – Érica falou ao chegar perto do rapaz e cochichando em seu ouvido. – Nós temos que sair o quanto antes daqui. É horário de almoço, logo isso vai encher de gente e eles poderão nos render facilmente sem ninguém notar. Se você se preocupa com seu amigo e com sua namorada, então você vai sair comigo agora. Ele pode vir, talvez precisemos de músculos no caminho, mas ela tem que ficar. – Érica finalizou fazendo Zé engolir em seco, enquanto Maurição e Duda os olhavam confusos.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

E se?

Por mais de uma vez, eu tive uma crise existencial e comecei a pensar: "E se fosse de outra maneira?". E se eu não tivesse feito Tecnologia em Radiologia? E se eu tivesse feito jornalismo? E se eu tivesse passado em medicina? E se eu tivesse uma namorada quando precisei? E se eu tivesse estudado onde eu queria? E se eu fosse rico? E se eu tivesse tudo o que o dinheiro pode comprar? E se eu fosse um cara mau? E se eu não respeitasse as pessoas? E se eu fosse violento? E se eu não fosse nerd? E se eu gostasse de coisas que não gosto?

E se eu não gostasse das coisas que gosto? E se eu morasse numa favela? E se eu fosse um ladrão? E se eu fosse um cafajeste? E se todas as mulheres quisessem ficar comigo? E se eu falasse todas as línguas? E se eu fosse famoso? E se eu trabalhasse no circo? E se eu fosse negro? E se eu fosse gay? E se eu fosse político? E se eu tivesse poderes? E se eu tivesse arriscado mais? E se eu tivesse estudado mais? E se eu não tivesse feito tudo que fiz? E se eu não tivesse criado o blog? E se eu não gostasse de escrever? E se eu não fosse eu? E se... ?


Tenho certeza que você também tem seus infinitos "E se... ?", mas apesar de ser legal pensar em como seríamos em uma realidade alternativa, precisamos focar na que estamos. Não adianta ficar imaginando em como seria se você tivesse tomado uma decisão diferente ou se você mesmo fosse diferente. Quanto a mim, quando penso nessas hipóteses sempre chego à mesma conclusão: eu mudaria no máximo 10% das decisões que tomei e, se fosse possível, em minhas características. Eu não quero ser muito diferente do que sou hoje, é preciso apenas alguns ajustes para que minha vida seja perfeita.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Você já viu um motoqueiro fantasma?

Um talvez não, mas O é mais provável. Bom, vou parar de enrolar e ir logo à crítica do filme. Pra começar é a sequência de um filme, por isso vai ter gente falando: "Ah, eu não assisti o primeiro!". Antes de você parar de ler, saiba que não precisa ter visto o anterior para ver esse. Logo antes da trama começar de fato, é feito um resumo de tudo o que você precisa saber do primeiro filme.

Para quem viu o primeiro, posso dizer que achei que ambos no mesmo nível. Muita história e menos cenas de ação do que, na minha opinião, deveria ter. Nessa sequência tudo gira em torno do filho de Satanás, que vive dentro de um menino de 12 anos que, quando fizer 13, servirá de recipiente para que seu pai possa usar todos os seus poderes, que são limitados em sua atual forma humana. Uma trama secundária é que Johnny Blaze (Nicolas Cage, que desde sempre demonstrou interesse em fazer um papel de super herói e finalmente foi atendido com o Motoqueiro Fantasma, embora antes tenha tentado para Homem de Ferro) quer se livrar de seu alter ego demoníaco e para isso faz um acordo com um padre que  promete ajudá-lo.

Como eu disse, para mim, tem poucas cenas de ação, o que já faz não valer a pena a versão em 3D, mas elas são bem feitas. Tem também algumas cenas engraçadas. Enfim, é um bom filme, se você é fã, precisa assistir. Se não é fã e não é um cinéfilo que precisa ver todos os indicados para o Oscar, assista, é legal.


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Como lidar com a raiva?

Em certos momentos da vida, acontece-nos algo por que não esperávamos e, às vezes, ao invés de tristeza, sentimos raiva, em alguns casos, muita raiva. Por muitas vezes acabamos descontando esse sentimento em quem não merece, seja um parente, um amigo, ou mesmo um funcionário que não tem nada a ver com o problema. Ou ainda quando você não consegue se concentrar e escrever o post logo ¬¬'


O que fazer então? Para ninguém inocente sofrer com a sua raiva. Bom, há algumas técnicas, veja se reconhece alguma:
1 - Gritar (ajuda a liberar energia e dá um breve sentimento de prazer);
2 - Fazer atividade física (ainda mais eficaz em liberar energia e faz bem pra saúde);
3 - Desabafar (muito utilizado e eficaz, mas escolha bem a pessoa que vai te ouvir, porque senão você pode se irritar mais ainda, nesses momentos é preciso encontrar um bom ouvinte);
4 - Guardar para si (o menos aconselhável, pois nem todos sabem utilizar essa opção; é preciso "engolir" e "passar por cima" de muita coisa; terá de respirar fundo e aprender a seguir em frente sem fazer nada; se você acha que não ta pronto para essa opção, faça uma das três anteriores).


Parece fácil né? Mas se controlar e pensar em fazer uma dessas coisas no calor do momento é mais difícil do que parece. Acredite ou não, palavras podem machucar e muito alguém que gosta de você e quando você perceber o que fez, pode ser tarde demais. Então tente se controlar e não desconte em ninguém a raiva que você está sentindo.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Caramello


Após a campanha de cada uma das chapas, a diretoria decidiu dar um tempo de dois dias antes de realizar a votação. Alex andava por um corredor, quando viu sair do banheiro uma garota morena e de corpo atlético, com os olhos vermelhos. Curioso, ele foi falar com ela.
– Caramello? O que houve? – ele perguntou.
– Oi, Alex. Nada, não. Eu só cocei um pouco mais forte os olhos.
– Ei. – ele a segurou nos ombros. – Você sabe que pode confiar em mim, Raíssa.
Não era comum que chamassem a bela morena pelo primeiro nome, pois seu sobrenome tinha se tornado o perfeito apelido. Havia gente que nem sabia o primeiro nome dela. Apenas alguns poucos que estudaram com ela no começo, como Alex. Ela se lembrou de como ele era divertido e legal com ela no jardim de infância e resolveu se abrir.
– Eu nem sei por onde começar. – ela disse deixando cair uma lágrima.
– Que tal começar dizendo por que você ta na chapa do Yago. Amizade não é. – sugeriu o rapaz, secando a lágrima caída.
– É o meu irmão, Alex. – ela começou. – Ele estuda na sala do Yago e há muito tempo ele é alvo das brincadeiras do Yago. Quando surgiu o anúncio da eleição, Yago já começou a procura por membros. Ao saber disso, meu irmão me pediu para fazer parte, devido à minha popularidade, eu não ia ser recusada. Em troca, eu pediria ao Yago para deixar meu irmão em paz, caso a chapa ganhasse. E foi o que eu fiz. – ela concluiu.
– Eu sabia que tinha um motivo, uma garota bonita e simpática como você nunca se uniria com o Yago. Mas você sabe que a Renovação não tem chance de ganhar, não é? – Alex perguntou. – A disputa ta entre a minha chapa e a Ação.
– Eu sei. É por isso que não vou desperdiçar meu voto e votarei em você.
– Obrigado, Caramello. E tenha certeza de que, se minha chapa ganhar, eu vou resolver o problema do seu irmão. – prometeu Alex.
– Sei que vai. – ela disse e o beijou no rosto. – Até mais, Alex.


Ao descer as escadas, Caramello encontrou-se com Emanuelle subindo, as duas se cumprimentaram e a menina loira foi falar com Alex.
– Confraternizando com o inimigo? – provocou a menina.
– Caramello não é minha inimiga. – ele respondeu sério.
– Ela ta numa chapa concorrente a sua. – ela disse apoiando na parede.
– Nem todo mundo que ta numa chapa concorrente a minha é meu inimigo. – Alex replicou e deu um passo a frente, ficando mais próximo da menina que agora estava totalmente contra a parede.
– Eu to em que categoria? – ela perguntou.
– Nunca te considerei uma inimiga, mas você tem que me ouvir mais. – ele disse e pos as mãos na parede ao redor da cabeça dela. – O Mauricinho não vale a jaqueta de couro que ele usa.
– E por que eu deveria acreditar em você? – ela perguntou, baixou os braços dele e o virou contra a parede, mantendo as mãos sobre os ombros dele.
– Eu estudei com ele durante um ano inteiro, posso te dizer que ele é um mau caráter, sem escrúpulos que vai fazer de tudo pra conseguir o que quer.
– E o que ele quer? – Emanuelle quis saber.
– Você. – Alex respondeu e viu os olhos da menina se arregalarem.
– Por que ele não falou nada ainda? – ela perguntou confusa.
– Porque você não daria nenhuma chance pra ele. Com a eleição para o grêmio, ele viu a chance de se aproximar de você e te fazer ficar grata por ele.
– E por que você ta me dizendo isso?
– Porque me preocupo com você e quero me redimir pelo que não fiz anos atrás. – Alex disse, baixou os braços dela e a virou novamente contra a parede, mas dessa vez era a porta do banheiro feminino, que se abriu quando ele apoiou o braço.
– Ah! Obrigado, eu quero mesmo ir ao banheiro. – ela disse, entrou e logo se voltou para o rapaz. – Cuidado, Alex! Desse jeito, eu posso começar a achar que você ta gostando de mim e ta com ciúmes do Maumau. – ela disse, sorrindo, piscando e mandando um beijo com a mão.
O garoto ficou com os olhos arregalados e assim que a porta fechou, ele seguiu seu caminho escada a abaixo para aproveitar o resto do intervalo antes de bater o sinal.
– Ciúmes, eu? Que guria doida! – ele disse, enquanto descia.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Despedida


Quando Joel entrou em casa, sua mulher, Mayara, estava limpando a sala e seu filho, Leandro, de 5 anos, brincava na mesa da cozinha.
– Joel, você chegou! – disse a mulher ao vê-lo.
– Oi, May! – ele cumprimentou sem ânimo e a beijou de modo automático. – Chegou o dia. – ele disse.
– Não diga isso, Joel. Achei que você tinha desistido disso. – ela disse.
– Eu já te expliquei, May. Vou fazer isso por nós. Essa será a última série de roubos que farei.
– Ah, Joel, meu amor. Você chegou até aqui, ileso, por sorte. Não acha que o melhor seria parar? E se você for preso? E se você... – Mayara não conseguiu terminar de falar e as lágrimas começaram a cair de seu rosto.
– Ei, nada disso vai acontecer. – ele disse, puxando-a para si e a abraçando. – Estou fazendo isso pelo bem da nossa família. Você tem que entender.
Ela se desvencilhou dele e se afastou, ficou de costas um momento e então se virou e falou.
– Você vai mesmo fazer isso? – ela perguntou.
– Sim, já está tudo pronto. Vim apenas te avisar. Não há como voltar atrás. – Joel disse.
– Então despeça-se do seu filho, porque nós não vamos estar aqui quando você voltar. – decretou Mayara.
– Como assim? Pra onde vocês vão? – perguntou Joel, espantado.
– Vamos pra casa da minha mãe. Eu já falei com ela, mas tinha a esperança de que você desistisse, como não foi o caso, não me resta outra opção.
– Olha, vamos conversar...
– Não tem o que conversar. – ela o interrompeu em voz alta. – Eu não vou ficar aqui esperando com o coração na mão sem saber se você vai voltar vivo ou não. Eu to cansada dessa vida, Joel, cansada. – ela falou e os dois ficaram se olhando por alguns segundos, e então ela se voltou para seu filho. – Vem, amor, vai se despedir do seu pai.
– Tchau, papai! – disse o menino correndo e abraçando Joel.
– Tchau, meu filho. Logo a gente se vê, ta? – Joel disse segurando as lágrimas.
– Quando você parar com essa loucura, sabe onde me encontrar. – disse Mayara quando ele soltou Leandro e preparava para sair.
– Eu te amo, May! – Joel disse e, como ela ficou quieta, saiu.
– Eu também te amo. – ela disse para si mesma assim que ele saiu e começou a chorar.

 Mal Joel chegou no centro de operações, Charger veio ao seu encontro.
– E aí, mano. Ta tudo pronto. Tamo só te esperando.
– Ótimo! – Joel disse e foi entrando. – Chegou o momento pelo qual tanto trabalhamos. – ele disse para todos ouvirem. – Não esqueçam do plano e tudo dará certo. Técno Léo e Facada, vocês vão com a Taís. Eu vou com o Charger. A gente se vê no shopping. – ele finalizou.
– Finalmente vamos entrar em ação. – disse Charger, enquanto ligava o carro.
– Sim, já passou da hora desse roubo acontecer. – concordou Joel.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Carnaval

– “Você precisa relaxar”, ele disse. “Tenho certeza de que vai se divertir”, ela disse. – lembrou-se Rubens do que Carla e seu chefe, Beneton, lhe disseram. – “Vão ter muitas mulheres lá. Fala se eu não sou o melhor chefe que você poderia ter?”, ele disse. Bom, isso é verdade, tem mesmo muitas mulheres. – ele terminou o pensamento sorrindo.
Rubens tinha ficado encarregado de cobrir as duas noites de desfile do carnaval do Rio de Janeiro. Ele deveria entrevistar quem de famoso andasse nos camarotes, ver se estava acompanhado ou não, e dar sua opinião sobre cada escola de samba. Para o jornalista aquilo era o maior castigo que ele podia receber e Beneton sabia disso.
Apesar de tudo, era o Rio e Rubens só pensava no que iria fazer durante o dia seguinte, enquanto estava no camarote esperando a madrugada passar. Sua expressão era de poucos amigos e sem o menor ânimo. Assim foi desde que ele chegou até a última escola desfilar.
O hotel em que estava hospedado era bem próximo do sambódromo, mas Rubens preferiu ir direto pra praia antes mesmo de dormir. Lá, ele admirou a paisagem, respirou fundo, sentiu o cheiro da areia e do mar e ficou melhor. Feito isso, ele foi a um quiosque, pediu um água de côco e foi deixar sua mochila numa mesa. Voltou ao balcão para pegar e pagar a água, quando se virou para ir se sentar, viu um garoto pegando sua mochila e sair correndo.
– Ei! Volta aqui, garoto! – ele gritou, começando a correr, mas parou e olhou para a fruta em sua mão. – Vamos ver se eu levaria jeito para baseball. – ele disse e lançou o côco na direção do rapaz, atingindo-o no meio das costas. – Cara, eu nasci no país errado. – ele falou e sorriu.
Rubens pegou sua mochila, agarrou o garoto pelo braço e levou-o até a delegacia mais próxima. Após contar sua história foi levado à presença do delegado, enquanto o jovem meliante foi com um dos guardas.
– Muito obrigado pela cooperação, Sr. Fonseca. – o oficial disse após Rubens depor. – Espero que aproveite o resto de sua estadia no Rio.
– Sim, eu vou. Obrigado, delegado. – agradeceu Rubens e saiu.
O jornalista pegou seu caminho para o hotel. Ele estava há 24h sem dormir e ainda tinha mais uma noite de desfiles para cobrir. Andando sossegado pela rua, quando uma Kombi parou ao seu lado. Sua porta lateral foi aberta e de dentro dela, dois homens o puxaram à força para dentro.


– Olá, Rubens Fonseca! – disse um dos homens que o puxou, que estava sentado do lado da porta, no banco invertido e de frente para o Rubens.
– Olá! Obrigado por me poupar o trabalho de me apresentar. – ele disse. – É muito chato ter que ficar falando meu nome. – completou Rubens, que foi colocado do lado do outro que o havia puxado.
– Você é engraçado, jornalista.
– Eu tento. Olha, o hotel em que estou não é longe, eu posso ir andando. – disse Rubens se aproximando da porta e sendo interceptado.
– Eu insisto. – disse o homem empurrando-o de volta para o banco. – Sabe o garoto que você acertou com um côco e levou para a delegacia? – ele perguntou e Rubens assentiu. – Ele é meu primo e terá dor nas costas por um bom tempo. Você vê a gravidade disso?
– Tenho certeza de que deve ter algum massagista na cadeia. – afirmou o jornalista rindo.
– Ah, não! Você não entendeu. – o homem disse, a Kombi parou e ele abriu a porta. – Não é meu primo quem vai sofrer mais com tudo isso. – ele disse, enquanto o rapaz que roubou a mochila de Rubens entrou no carro.
– Você não achou que eu ficaria lá muito tempo, né? – perguntou o rapaz.
– Lá vamos nós de novo. – disse Rubens vendo no que havia se metido.
– Como você vê, eu tenho alguns amigos na polícia, aliás, eu tenho muitos amigos em vários lugares. Poucos são os que estão contra mim, pois eles sabem o que acontece com quem é contra meu bando e eu. – disse o homem.
– E o que acontece? – o jornalista perguntou para ganhar tempo, pois notou que a Kombi ia parar no sinal vermelho.
– Isso é o que você vai descobrir daqui a pouco.
– Outro dia talvez. – Rubens replicou, deu uma cotovelada no pescoço do que estava do seu lado e deu um soco direto no nariz do que estava à sua frente.
Com a mão livre, ele abriu a porta e saiu correndo, mas parou, pegou seu celular e tirou uma foto da placa do carro. Não era a primeira vez que Rubens ia para o Rio, mas não conhecia assim tão bem a cidade, por isso seguiu sua memória e as quadras que ele já conhecia como parâmetro para o hotel.
Quinze minutos depois sem nenhum sinal da Kombi, o jornalista chegou a seu destino. Em seu quarto, ele ligou o laptop e começou a pesquisar a placa do carro em que estivera há pouco. Não demorou em obter um resultado.
– É, parece que terei que esperar um pouco para dormir. Essa viagem ta começando a valer a pena. – ele disse para si mesmo e anotou um endereço num papel. – Rocinha, aí vou eu. – disse, pegou sua mochila e saiu.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Santos


Eram 11h da manhã quando Carpo estacionou o carro em frente ao depósito principal do correio de Santos. O trio saiu do veículo e entrou no local.
– Oi, meu nome é Ana Paula Cesca e gostaria de saber se tem alguma encomenda para Giovanni Araújo de Lima, Carlo Lamarca ou Antonio De Lucca. – Ana pediu ao atendente e esperou ele procurar no sistema.
– Não, senhorita. Não há nada guardado em nenhum desses nomes.
– Muito bem. Deixa eu te contar uma história então. – disse Ana e contou, de forma resumida e com omissão de alguns fatos “mafiosos”, como aquelas encomendas teriam se perdido.
Após o relato, o atendente verificou novamente o sistema, mas dessa vez levando mais tempo que anteriormente.
– Sinto muito, mas para cá realmente não veio. Vocês já tentaram no correio do Rio de Janeiro? – ele perguntou e Lucy perdeu a paciência.
– Moço, você é surdo? – ela disse chegando mais perto e gritando. – Não ouviu minha prima dizer que esse foi o primeiro lugar que minha mãe procurou? Talvez seja relevante dizer que sou filha de Diogo Barbatto, que você já deve ter ouvido falar, afinal a empresa dele construiu muitos prédios em Santos. – ela continuou em voz alta. – Agora que tal você nos dar uma informação para que nossa vinda aqui não tenha sido em vão. – ela finalizou olhando-o com uma expressão que fez Carpo e Ana se lembrarem de Glória.
– Bom, é... – o atendente começou pensando no que falar. – Na época do envio, os três portos mais ativos no país eram os do Rio de Janeiro – RJ, Santos – SP e Paranaguá – PR. Se não estiver no de Paranaguá, é porque alguém já recebeu o pacote. – ele terminou.
– Muito obrigado... Alberto. – Lucy agradeceu e olhou o crachá do atendente para saber seu nome. – Vamos!
Ela saiu sem olhar para trás, enquanto Ana e Carpo olharam sem graça para o rapaz e saíram também. No carro, a menina foi a primeira a falar.
– Vamos almoçar? Eu to morrendo de fome. – ela pediu.
Carpo encontrou um restaurante que tinha tanto a opção de Buffet quanto a opção À La Carte, que foi a escolhida pelo grupo. Cada um pediu um prato com diversos frutos do mar. Enquanto esperavam, um carro preto parou em frente do local em que estavam. Três homens de terno saíram do veículo, um ficou na porta e dois entraram no restaurante.
Eles olharam pelo local até pararem em Lucy e então seguiram até a mesa onde estava. Foi quando tudo aconteceu de forma muito rápida. Os dois ficaram do lado de Lucy da mesa, cercando o grupo.
– Você é Luciana Cesca? – perguntou o maior fisicamente.
– Sim, sou eu. – Lucy respondeu, encarando o homem.
– Você vem conosco. – ele disse, segurando o braço dela.
– Largue o braço dela. – disse Carpo se levantando e colocando a mão do ombro do homem de terno.


Enquanto isso, Lucy olhava para o mais magro, que estava do lado dela e passava a mão na arma que estava na cintura para assustá-la. Com o movimento de Carpo, o homem nem falou nada, apenas soltou o braço de Lucy, deu a volta no braço do rapaz e o socou com a mão livre.
Livre, a garota faixa preta de caratê levantou rapidamente e deu uma cotovelada no rosto do homem e com a outra mão pegou a arma em sua cintura. Segurou-a de forma correta e apontou para o outro que avançava sobre Carpo.
– Parado aí, grandão! – gritou a menina.
Ele parou e a olhou seriamente, também olhou para o companheiro atacado e para o da porta que estava pegando sua arma naquele instante. Assim que notou a troca de olhares, Lucy apontou a arma para o da porta.
– Hã-hã. Nada disso! Ponha a arma no chão e chute-a em minha direção. – ela disse.
Ao mesmo tempo, Ana ajudava Carpo a se levantar e voltava ao lado da prima. Com o pé, Lucy parou a arma que girava no chão.
– Espero que saiba atirar, prima. – disse a carateca para Ana.
– Sim. – ela respondeu pegando a arma do chão.
– Sim? – Carpo admirou.
– Explico depois. – ela respondeu, enquanto eles saíam do restaurante mantendo os homens afastados apontando suas armas para eles.
Assim que saíram, correram para o carro e Carpo dirigiu o mais rápido possível, pois sabia que seriam seguidos. E, de fato, os homens correram assim que não mais estavam na mira dos revólveres, entraram no carro e também aceleraram.

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O porteiro do prédio em que Glória morava espantou-se quando viu Barbatto chegar, acompanhado de mais dois homens.
– A dona Glória e a menina Lucy não estão. – disse o porteiro.
– Não tem problema, eu espero. Por favor, não conte nada, sim? – ele disse ao passar e deixar uma nota de 100 reais. – Quero fazer uma surpresa. – finalizou e entrou no elevador.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Como lidar com as consequências?

Às vezes um ato que cometemos reverte num futuro em quem nem o esperávamos mais. E aí, como lidar com suas consequencias? Será preciso mudar todo o seu modo de vida para se adequar ao novo estado? E se de repente tudo em que você viveu deveria ter sido de outro jeito?


Essas perguntas são confusas e difíceis, mas foi com elas que eu me deparei hoje. Não sei se vou gostar das respostas, mas sei que estarei apto a enfrentar o que vier. É uma pena que isso tenha surgido no começo do feriado, confesso que minha empolgação diminuiu um pouco. Faltam pouco menos de 10 dias para o aniversário de 1 ano do blog e eu, aqui, enchendo vocês com esse texto deprimente. Pouparei-os de mais!

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Seriam sinais pré-apocalípticos??

O ano de 2012 começou de forma deveras interessante: com greves! Gostaria de falar das mais divulgadas nacionalmente, mas não tenho certeza se foram todas esse ano. Por isso vou falar das que tenho certeza. Primeiro a greve da polícia na Bahia. Que vergonha hein! Segurança é um dos serviços mais importantes oferecidos pelo Estado, mas ele não valoriza os profissionais da área (se fosse só dessa área tava bom) e por isso acontece o que aconteceu.

Onde eu moro, outra área importantíssima fez greve, o transporte público. É, os motoristas e cobradores decidiram parar tudo. E numa terça-feira!! Eu até fiquei em dúvida se fazia um conto ou uma indagação porque quero contar como as horas de greve me afetaram. No primeiro dia, fui pego de surpresa. Minha mãe me levou para o trabalho e enfrentamos um trânsito digno de São Paulo, mas usando caminhos alternativos quando possível cheguei a tempo. O dia passou e foi confirmado que a greve continuaria. Pra terminar o dia, minha mãe disse que não me levaria de novo.


Falei com o encarregado e, além de não buscar em casa, a empresa ia descontar o dia de quem faltasse. Mas uma notícia veio salvar meu dia, foi liberado o uso de lotação para algumas linhas. Aqui não tem lotação normalmente. Lá fui eu, viver a minha aventura numa cidade vazia de ônibus com terminais vazios e ruas lotadas de carros. Confesso que senti um ar de cidade devastada. Deixado em um ponto mais distante que o normal do meu ônibus, fui andandinho até o trabalho e mais uma vez notei o diminuto número de pessoas na rua, e o grande número de estabelecimentos fechados. Na tarde do segundo dia, eles voltaram e eu pude voltar de ônibus pra casa.

Durante todo o dia fiquei pensando e viajando em todo o caos que a greve de ônibus tinha causado. E então surgiu a pergunta será que seria assim o apocalipse? Pessoas com carro lotando as ruas; quem não tem, andando pra sobreviver. E com tantas greves acontecendo em tantas capitais brasileiras, de estados tão distantes entre si, seriam por acaso sinais pré-apocalípticos? Não sei, mas eu acredito que, mesmo que o ápice seja no resto do mundo, o apocalipse (zumbi o// ou não =/) vai começar no Brasil.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O que é sensação cronológica?

De maneira simples e resumida é similar à sensação térmica, mas com relação ao tempo. Ou seja, sentir que uma hora está passando mais rápido ou devagar que a anterior, quando ambas demoram o mesmo tanto. Um exemplo clássico disso é a duração das manhãs e tardes. Temos a tendência de achar que a parte matutina é mais curta que a vespertina. A verdade é que, por costume, a população urbana levanta após o nascer do sol e  começa a trabalhar bem depois, com isso o tempo que há entre o nascer e o auge da estrela maior parece ser menor. Durante a tarde não há o fator sono e já estamos a toda no trabalho, então mesmo que seja dividido de forma igual o número de horas, antes e depois do almoço, tendemos a acreditar que uma é maior que a outra.


O motivo desse post é muito simples: eu queria que hoje fosse sexta! Eu me dei conta de que era quinta-feira ainda e que meus dias têm sido tão "longos". Foi então que parei pra pensar por que minha semana ta demorando tanto pra passar? E por que tem semanas que passam rapidinho? A resposta: sensação cronológica! Não há como evitar. É algo intrínseco, como reflexo e sensação térmica, já nascemos com isso. Se é bom ou se é ruim não sei, mas é bom saber o que é.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Campanha


Assim que Hugo e Ciano distribuíram os cartões da chapa para cada aluno, fez-se silêncio total para que Alex falasse. O rapaz apenas respirou por alguns segundos, enquanto exageradamente. Ele tinha traçado todo um plano de discurso na passagem pelas salas, mas ao chegar o momento de executar, nem uma palavra queria sair.
– Nossos planos de campanha são: – Alex começou, adiantando-se um passo. – a visita semanal de uma maquiadora profissional para aulas e dicas; a organização de torneios e divulgação maior de HipHop; mais investimento na criação de propaganda para incentivar os atletas do clube oficial do colégio; visita semanal de um profissional para aconselhar novos modos de estudo. – ele falou como se estivesse lendo um texto.
Um dos alunos da sala olhou para o grupo e fez a ligação dos membros com as propostas.
– Ei! Todas essas propostas beneficiam a sua chapa.
– De fato. – ele disse devagar e olhou para seus amigos, que devolveram o olhar de modo confuso, deixando a resposta por conta dele. – Mas não vejo o impedimento disso. Acaso nossa chapa não pode ser beneficiada? – ele devolveu deixando o observador quieto um minuto.
– Não acha que deveria abranger um pouco mais que as pessoas do seu grupo? – perguntou novamente o aluno.
– Não só acho como tenho certeza. – disse Alex aumentando o tom de voz, andando e gesticulando. – E sabe o que mais? Em vez de eu dizer as outras dezenas de ideias que a chapa Abalo tem, por que você não me diz algo que você gostaria que mudasse? – disse o garoto contando vantagem.
– Bom, eu queria outro sabor de suco natural na cantina. Laranja enjoou. Limão é tão saudável quanto e não deve ser tão mais caro. – disse o aluno.
– Guarde minhas palavras,... qual o seu nome?
– Renan.
– Guarde minhas palavras, Renan. Se a Abalo Sísmico for eleita para o Grêmio Estudantil, haverá mais dois sabores de suco natural na cantina. – Alex respondeu e o pequeno garoto abriu um largo sorriso. – Alguém mais tem alguma reivindicação? – ele perguntou e todos outros levantaram a mão. – Alguém tem papel e caneta aí? Acho que precisaremos tomar nota. – ele disse, virando-se para o grupo.


Depois de anotados todos os pedidos da sala, os candidatos ao grêmio do colégio saíram.
– Obrigado, professora. – agradeceu Diana, ao sair. – O que acabou de acontecer lá dentro? – ela perguntou espantada para os outros.
– Olha, eu não sei o que foi, mas foi demais! – elogiou Paty.
– Demais é pouco, foi sensacional! Como fez aquilo, maninho? – Ciano perguntou.
– Eu... bem... bom, eu disse que tinha um plano, não disse? – respondeu Alex depois de se enrolar um pouco.
– Eu jurava que você gaguejar ou ficar mudo na hora. – confessou Solano, rindo e Alex o acompanhou disfarçadamente.
– Mas essa foi uma sala neutra, sem ninguém dos grupos de nossos concorrentes. Precisamos nos preparar para quando tiver. – informou Alex, recompondo-se.
– E qual será o próximo passo? – perguntou Diana empolgada.
– Vamos começar da mesma maneira, mas em vez das nossas propostas, eu falarei as ideias que conseguimos nessa sala. Caso tenha algum concorrente, liberamos os pedidos. – comandou Alex.
– De acordo. – disse Paty sorrindo.
Mais unida do que nunca, e com um plano definido, a chapa Abalo Sísmico seguiu nas salas seguintes para apresentar sua plataforma com as propostas de campanha, sem medo dos concorrentes.
Tudo ocorreu conforme o planejado, incluindo os imprevistos. Com o ótimo desempenho nas apresentações, Alex pôde ir embora mais tranquilo para casa, pois sabia que havia feito tudo ao seu alcance para ganhar a eleição. Agora era só esperar.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Infalível


Com uma semana na segurança do shopping, Bomber fez amizades, ficou em todos os postos possíveis, internos e externos, conheceu todo o espaço e extensão de seu local de trabalho, mas ainda não tinha acesso à sala das câmeras. Faltando apenas dois dias para encerrar o prazo dado por Joel, foi permitido ao novo segurança ficar durante o turno da noite na principal sala de monitoramento do centro de compras.
– Essa sala já não é novidade pra você, Marcelo, mas hoje você vai ficar responsável nela. – disse Davi. – Não se preocupe, não ficará sozinho. Acho que já conhece Clóvis e Emerson. – finalizou o chefe da segurança.
– E aí, Marcelo? – cumprimentou Clóvis.
– Hoje é você que fica com a gente? – perguntou Emerson.
– É, já conheço sim. – respondeu Bomber, ao chefe.
– Ótimo, eles vão explicar o que você precisa saber. Até mais.
O chefe da segurança saiu, deixando os três sozinhos na sala de monitoramento. Bomber olhou atentamente para as telas que preenchiam o cômodo, para os cabos e computadores que os ligavam, afinal já fazia mais de uma semana que estivera ali.


– Senta aí, grandão. Você não vai crescer mais. – ofereceu Clóvis, brincando.
Bomber sentou entre os dois colegas, que começaram a lhe explicar o funcionamento das câmeras e do sistema.
– Nós dividimos o trabalho em três: as câmeras internas do andar inferior; as câmeras internas do andar superior; e as câmeras externas. – Emerson começou. – Durante o turno, nós iremos revezar, mas pra começar, você fica com as externas, que são as mais fáceis.
– Ta bem. – concordou Bomber.
– O sistema é muito simples. – Clóvis iniciou a explicação. – Veja, é só clicar com o mouse na câmera que ela é ampliada na sua tela principal. São feitos conjuntos com 4 vídeos que ficam programados na ordem, para aparecer, mas você pode alterar esses dados quando quiser.
– Entendi. E, digamos, apenas uma curiosidade, é possível desligar uma câmera ou congelar uma imagem que eu queira observar melhor? – Bomber quis saber.
– Enquanto a câmera ta funcionando, você diz? – Clóvis se espantou. – Bom, nunca perguntaram isso, mas acho que é possível sim. Isso pararia com a ação dela.
– O Davi falou algo sobre mandar um aviso geral daqui... ?
– Ah, sim! – Emerson disse. – Em caso de emergência que necessite de uma grande quantidade de segurança no mesmo lugar, é possível mandar um aviso pelo rádio de todos indicando o local, para otimização de tempo.
– Vai praticando com o sistema aí, assim você aprende melhor. Nós vamos comprar umas coisas pra comer. – avisou Clóvis. – Gosta de Burger King? – ele perguntou da porta e Bomber assentiu.
Assim que os dois saíram e o deixaram sozinho na sala de vigilância, Bomber, que já tinha um pouco de conhecimento de sistemas de segurança, alongou o pescoço e os braços, estralou os dedos e se arrumou na cadeira.
              – Infalível, hein? É o que vamos ver! – Bomber disse para si mesmo.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Simples assim


No Corolla emprestado por Glória, Carpo seguia em direção à cidade de Santos. Após decidirem o que fariam ao chegarem em seu destino, um silêncio tomou conta do interior do veículo, apenas quebrado pela música que tocava no rádio. Cansada de apenas olhar a paisagem, Ana puxou assunto.
– Então, Lucy, conte-nos um pouco sobre você. Só sabemos o que sua mãe falou. Como você se sente a respeito disso tudo?
– Ah, é praticamente o que minha mãe disse. Papai sempre foi muito ausente, por isso nós duas somos tão ligadas. Uma compreende e protege a outra. Ela não me impede de vê-lo, mas ele é muito distante quando nos vemos, então eu prefiro nem encontrá-lo. – a mais nova das Cesca contou. – Faz anos que não nos falamos e não sinto falta.
– Entendo. – Ana disse em tom baixo. – E os namorados hein? Aposto que os guris devem correr atrás de você né? – ela disse trocando o tom de voz.
– Minhas amigas dizem que sim, mas eu não ligo pra isso agora. Vou focar na minha carreira primeiro, seja lá o que eu for fazer. – respondeu Lucy.
– Você nunca namorou? – perguntou Ana, espantada.
– Não. Prefiro estudar, dançar, sair com as amigas e treinar caratê.
– Menina esperta. – elogiou Carpo.
– Quando eu tiver a sua idade, prima, quero ser mais bem sucedida que meu pai. – disse a adolescente.
– A-a minha idade? – gaguejou Ana. – Ambiciosa você, não?
– Ah é, eu tinha esquecido, qual é mesmo sua idade, Ana? – perguntou o rapaz.
– Você ainda não sabe? – espantou-se Lucy e Ana a olhou com censura. – Ah, entendi. – ela disse e deu uma risadinha. – Sabe, mamãe disse para eu não ter pressa de me apaixonar, porque pessoas apaixonadas costumam complicar as coisas mais simples. – ela finalizou e o silêncio reinou por mais um tempo.
Carpo já sabia a idade de Ana, com a história que o pai dela havia contado e mais as informações recebidas da Cesca mais velha. Mas ele preferiu não dizer nada. Perguntar e provocá-la era mais divertido. Ele queria ter mais tempo para conversar melhor com ela e dizer que a diferença de idade entre eles não era um problema, mas ele sabia que isso teria que esperar mais um pouco.
Ana sabia que podia ser besteira querer esconder sua idade de Carpo, embora desconfiasse que ele já tivesse descoberto, mas falar deixaria oficial. Ela tinha medo que ele gostasse menos dela por causa disso. Ela queria que eles tivessem se conhecido em outras circunstâncias.


 Na matriz de sua empresa, Barbatto Construções, o presidente Diogo Barbatto tentava ampliar seus negócios internacionalmente com um empresário italiano. E, para ele, a conversa parecia estar indo muito bem.
– O senhor vai facilitar a entrada da minha empresa no mercado de construção civil da Itália; vai me vender ações da sua empresa, o que vai me dar direito a voto de acionista; vai me ajudar com propaganda e estratégias de marketing; e mais todos os outros requisitos que fiz no pedido de parceria, é isso Sr. Marco Martiniani? – perguntou Barbatto, espantado.
– Exatamente. – disse o italiano.
– E em troca, o senhor quer... ?
– Sua ex-mulher e sua filha. Tenho assuntos a tratar com elas que o senhor desconhece e tenho certeza que seria muito mais fácil se o senhor as trouxesse para mim. – respondeu Martiniani.
– Você quer que eu te entregue a minha ex-mulher, que só me deu dor de cabeça durante o casamento, me traiu e depois do divórcio ainda ficou com metade do meu patrimônio; e minha filha, que saiu parecida com a mãe em quase tudo e que mal fala comigo há anos? E então eu terei o que quero? Simples assim? – Barbatto perguntou.
Sí. Simples assim! – confirmou o italiano.
– Pode preparar os papéis do contrato. – disse o pai de Lucy.
Marco Martiniani sorriu.