segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Carnaval

– “Você precisa relaxar”, ele disse. “Tenho certeza de que vai se divertir”, ela disse. – lembrou-se Rubens do que Carla e seu chefe, Beneton, lhe disseram. – “Vão ter muitas mulheres lá. Fala se eu não sou o melhor chefe que você poderia ter?”, ele disse. Bom, isso é verdade, tem mesmo muitas mulheres. – ele terminou o pensamento sorrindo.
Rubens tinha ficado encarregado de cobrir as duas noites de desfile do carnaval do Rio de Janeiro. Ele deveria entrevistar quem de famoso andasse nos camarotes, ver se estava acompanhado ou não, e dar sua opinião sobre cada escola de samba. Para o jornalista aquilo era o maior castigo que ele podia receber e Beneton sabia disso.
Apesar de tudo, era o Rio e Rubens só pensava no que iria fazer durante o dia seguinte, enquanto estava no camarote esperando a madrugada passar. Sua expressão era de poucos amigos e sem o menor ânimo. Assim foi desde que ele chegou até a última escola desfilar.
O hotel em que estava hospedado era bem próximo do sambódromo, mas Rubens preferiu ir direto pra praia antes mesmo de dormir. Lá, ele admirou a paisagem, respirou fundo, sentiu o cheiro da areia e do mar e ficou melhor. Feito isso, ele foi a um quiosque, pediu um água de côco e foi deixar sua mochila numa mesa. Voltou ao balcão para pegar e pagar a água, quando se virou para ir se sentar, viu um garoto pegando sua mochila e sair correndo.
– Ei! Volta aqui, garoto! – ele gritou, começando a correr, mas parou e olhou para a fruta em sua mão. – Vamos ver se eu levaria jeito para baseball. – ele disse e lançou o côco na direção do rapaz, atingindo-o no meio das costas. – Cara, eu nasci no país errado. – ele falou e sorriu.
Rubens pegou sua mochila, agarrou o garoto pelo braço e levou-o até a delegacia mais próxima. Após contar sua história foi levado à presença do delegado, enquanto o jovem meliante foi com um dos guardas.
– Muito obrigado pela cooperação, Sr. Fonseca. – o oficial disse após Rubens depor. – Espero que aproveite o resto de sua estadia no Rio.
– Sim, eu vou. Obrigado, delegado. – agradeceu Rubens e saiu.
O jornalista pegou seu caminho para o hotel. Ele estava há 24h sem dormir e ainda tinha mais uma noite de desfiles para cobrir. Andando sossegado pela rua, quando uma Kombi parou ao seu lado. Sua porta lateral foi aberta e de dentro dela, dois homens o puxaram à força para dentro.


– Olá, Rubens Fonseca! – disse um dos homens que o puxou, que estava sentado do lado da porta, no banco invertido e de frente para o Rubens.
– Olá! Obrigado por me poupar o trabalho de me apresentar. – ele disse. – É muito chato ter que ficar falando meu nome. – completou Rubens, que foi colocado do lado do outro que o havia puxado.
– Você é engraçado, jornalista.
– Eu tento. Olha, o hotel em que estou não é longe, eu posso ir andando. – disse Rubens se aproximando da porta e sendo interceptado.
– Eu insisto. – disse o homem empurrando-o de volta para o banco. – Sabe o garoto que você acertou com um côco e levou para a delegacia? – ele perguntou e Rubens assentiu. – Ele é meu primo e terá dor nas costas por um bom tempo. Você vê a gravidade disso?
– Tenho certeza de que deve ter algum massagista na cadeia. – afirmou o jornalista rindo.
– Ah, não! Você não entendeu. – o homem disse, a Kombi parou e ele abriu a porta. – Não é meu primo quem vai sofrer mais com tudo isso. – ele disse, enquanto o rapaz que roubou a mochila de Rubens entrou no carro.
– Você não achou que eu ficaria lá muito tempo, né? – perguntou o rapaz.
– Lá vamos nós de novo. – disse Rubens vendo no que havia se metido.
– Como você vê, eu tenho alguns amigos na polícia, aliás, eu tenho muitos amigos em vários lugares. Poucos são os que estão contra mim, pois eles sabem o que acontece com quem é contra meu bando e eu. – disse o homem.
– E o que acontece? – o jornalista perguntou para ganhar tempo, pois notou que a Kombi ia parar no sinal vermelho.
– Isso é o que você vai descobrir daqui a pouco.
– Outro dia talvez. – Rubens replicou, deu uma cotovelada no pescoço do que estava do seu lado e deu um soco direto no nariz do que estava à sua frente.
Com a mão livre, ele abriu a porta e saiu correndo, mas parou, pegou seu celular e tirou uma foto da placa do carro. Não era a primeira vez que Rubens ia para o Rio, mas não conhecia assim tão bem a cidade, por isso seguiu sua memória e as quadras que ele já conhecia como parâmetro para o hotel.
Quinze minutos depois sem nenhum sinal da Kombi, o jornalista chegou a seu destino. Em seu quarto, ele ligou o laptop e começou a pesquisar a placa do carro em que estivera há pouco. Não demorou em obter um resultado.
– É, parece que terei que esperar um pouco para dormir. Essa viagem ta começando a valer a pena. – ele disse para si mesmo e anotou um endereço num papel. – Rocinha, aí vou eu. – disse, pegou sua mochila e saiu.

7 comentários :

  1. 3 pontos: Rubens acertando o garoto com o coco, Rubens acertando uma cotovelada no pescoço do bandido, Rubens indo pra a Rocinha.

    Eu ri ao imaginar a cena do coc... Até achei que seria mais ou menos assim: "Rubens pegou a primeira parte do menino, pelo braço; deu mais três passos e então pegou as pernas."

    Um cotovelada bem dada no pomo de adão pode matar um homem! Gente, fiquei chocada... Sério. Talvez por meu amigo ter me contado uma história traumatizante sobre isso. kkkkk

    Então quer dizer que Rubens quer visitar Tim Lopes, não é mesmo?? Ele que se cuide. Haha

    Beijos.

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  2. Nossa, esse Rubens é doido em se meter com os bandidos hehehe adorei a expressão ''nasci no país errado''. Como vários jornalistas por aí, acho que Rubens só estar exercendo ao extremo sua paixão, as vezes isso se torna perigoso demais e até fatal! Adorei seu texto.

    Blog Spiderwebs

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  3. Oi Ricky!
    Ah sim, eu to tentando intercalar as sessões cosplay..uma hora masculino, outra feminino...assim agrado ambos sexos rs. Nossa vc precisa ver o classico desenho da Pequena Sereia se curte Disney. É lindo. Lembro da série de tv, e as histórias da série se passam antes os eventos do filme.
    Te add novamente no msn vmaos ver se agora conversamos de novo =).
    O que? O cara vai pra Rocinha? Ele tá pedindo confusão! kkkk
    bjs!

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  4. Ri bastante com a cena do coco! hehe
    Termina com Rubens indo para a Rocinha... Quero uma continuação! rs Em que confusão ele vai se meter por lá hein?!

    BjO

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  5. Viu como eu fiquei sem fazer naaaaada durante o feriado? Tanto que deixei passar o conto do meu personagem preferido! Como assim?? Araaaaa...

    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Agora, vamos por partes: Primeiramente, Rubem é dos meus... cara de poucos amigos no carnaval! ahahah... eu tbem estaria, se tivesse que cobrir uma matéria num evento como esse. Afinal, não é minha praia. Mas, são ossos do ofício, então aguente firme, Rubão!!! Apesar que eu penso que a frustração dele se deve ao fato de querer intensas aventuuuuras, né!? rs

    Segundo, que mancadaaaaa, Rubão... deixar a mochila em cima da mesa, em pleno Rio de JAneiro? Quase colocou uma plaquinha escrita "assalte-me"! hahah

    Terceiro: A segurança pública no Brasil tá uma miiiierrrda mesmo!

    Quarto: Rubão já entrou numa enrascada de novo, né!

    Ahhhh, por favor, continuidade jááááá!

    bjks

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  6. Gente que tem sangue pra perigo, tem jeito não. Se bem que, em certos lugares pelo Brasil adentro, não precisa ter sangue de perigo pra entrar numa verdadeira enrascada...

    E bora se meter na rocinha em plena época do carnaval. Sambódramo é pros fracos UAHUAUA

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  7. Achei legal a parte do "eu nasci no pais errado kk". gostei bastante da historia, tipico espirito de Jornalista o Rubens. acompanharei.

    seguindo aqui

    bjin

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