terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Rocinha


Com as informações que conseguiu através de sua pesquisa, Rubens chegou ao endereço do dono da Kombi que o sequestrou. Após olhar bem, ele concluiu que não tinha ninguém em casa, que era exatamente o que ele queria confirmar. Perto dali havia um bar e o jornalista imaginou que lá ele descobriria o que desejava.
– Uma coxinha, por favor. – Rubens disse ao sentar num banco próximo ao balcão.
O jornalista foi servido e logo notou que alguns olhares estavam sobre ele. Decidiu ir direto ao ponto e não perder tempo.
– Com licença, o senhor conhece os moradores da casa amarela bem próxima daqui. – ele perguntou ao dono do bar.
– Conheço sim. Por que a pergunta? – ele revidou secamente.
– É que eu encontrei uma Kombi abandonada num terreno baldio e encontrei um pedaço de papel que indicava o endereço, então vim até aqui para avisar o dono. – Rubens inventou.
– Oh, eu acho difícil. Eles nunca largariam aquela Kombi assim. Acho que você se enganou rapaz. E é melhor você parar de fazer esse tipo de pergunta aqui porque você pode se encrencar feio. – avisou o homem e foi limpar o balcão.
Rubens pagou pelo salgado e saiu do bar. Estava quase desistindo e seguindo seu rumo para o hotel, quando um garoto o parou e chamou para um beco isolado dos outros.
– O que foi, garotinho? Em que posso ajudá-lo? – Rubens perguntou.
– O senhor veio para nos ajudar? – disse o jovenzinho.
– Como? – devolveu Ruben sem entender.
– Eu ouvi o senhor perguntando sobre os traficantes lá no bar. – o menino disse surpreendendo o jornalista.
– O que você disse, filho?
– Olha, se alguém souber que eu to falando com você, eu to morto. Então eu serei breve. O senhor chegou bem na hora, detetive. – ele disse e Rubens entendeu o porquê ele havia sido chamado. – Devido a ocupação da polícia aqui na favela, os traficantes estão tendo dificuldades nos seus negócios. Mas eles ainda existem. E o carnaval só veio para ajudá-los.


– Como assim? Eles pretendem fazer algo no carnaval?
– Sim. Eu os ouvi dizendo que na segunda noite de desfile, eles iriam fazer o transporte da mercadoria. – disse o menino.
– Faz sentido, muita gente estará no sambódromo nesse horário, então...
– O senhor não entendeu. É no sambódromo que vai ocorrer o transporte. Eles vão usar as fantasias de uma escola de samba para esconder as drogas e então, depois do desfile, em vez da fantasia ser levada para o local certo será levada para o comprador. – explicou o rapazinho.
– Que bem bolado. Como eu faço para pará-los? – Rubens falou para si mesmo. – Ah, já sei. Garoto, eu preciso de mais algumas informações, mas já sei exatamente o que fazer. – ele disse e o menino sorriu.
A noite chegou e Rubens já estava a postos no sambódromo. Ele gostou do fato da escola escolhida pelos traficantes ser a segunda a desfilar, assim ele não precisaria aguentar mais uma noite inteira de desfiles, ainda que ele estivesse lá para isso. Quando os primeiros componentes da escola União da Ilha saíram da avenida principal, o jornalista já estava lá embaixo.
Um pouco antes, Rubens rendeu o rapaz que havia tentado roubar sua mochila de manhã e mais um que estava com ele. Ele não sabia quais eram as fantasias com drogas embutidas, mas imaginou que fossem todas as colocadas no caminhão que os dois rapazes estavam vigiando.
Com o veículo cheio, o jornalista arrancou e saiu do local do desfile. Mas nesse momento, o rapaz que tentou roubá-lo, acordou e o viu saindo. Rapidamente, ele avisou seu primo que estava próximo dali para escoltar o caminhão até o local de destino.
Rubens seguia pela Avenida Presidente Vargas, mas como notou que estava sendo seguido, virou à direita na Praça da República. Foi seu pior erro.
Pouco antes da Rua Buenos Aires, o jornalista foi fechado por dois carros e havia mais dois atrás.
– É, agora complicou. – ele disse para si mesmo ao ver, pelo retrovisor, sair 5 homens armados de cada um dos carros de trás e a mesma quantidade dos carros à sua frente.

4 comentários :

  1. Oi Ricky,

    O conto é ótimo! Deve ter sido por isso que o carnaval foi tão tranquilo nos blocos, afinal alguém tinha que trabalhar.

    Beijos.

    Lu

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  2. Oi querido... então Rubão se meteu numa enrascada outra vez? Claro, né? Não poderia ser diferente... mas, vc é doidinho né? Usou o nome de uma escola de samba de verdade. ahahahhaah... quando li pensei que vc escolheria um nome fictício! Danado!!! hahahahah

    Bjks

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  3. Também me surpreendi com o nome verdadeiro da escola. E Rubens hein? Meio louco. Tá pensando que tem peito de aço? Esse rapaz tem que andar com colete. kkkkk
    Medo.

    Beijos.

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  4. Vixxxe, é vai se meter logo com o tráfico de drogas...

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