segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Liberdade


“De carona com uma viatura que passou por nós, Josué e eu chegamos à fazenda Império Colonial a tempo de ver a fraca e inútil resistência do Coronel, e sua consequente prisão. É claro que os capatazes do dono das terras não tiveram a menor chance contra a tropa de choque da polícia federal. No entanto, foi divertido vê-los tentando.
Ônix levou um tiro no ombro e um na perna, soube que ele foi atingido na barriga também, mas não em um órgão vital, pois, como depois fui informado, ele sobreviveu. Ao ver seus homens caindo, o Coronel ainda tentou fugir pelos fundos da fazenda, porém foi surpreendido pelo helicóptero do qual saía o meu grande amigo, o Coronel, um verdadeiro e patenteado, Leonel Macedo.
Certo, aqui farei uma pausa para explicar alguns pontos. Primeiro, sobre a carta do Josué. Eu fiquei muito intrigado em como um escravo conseguiu me escrever e enviar uma carta, então na minha primeira noite na fazenda, eu perguntei, ao que ele me respondeu.
– Temos uma única folga por semana, aos domingos. Do meio dia às 16h nos é permitido ir à cidade. Eu sempre aproveitava meu tempo na biblioteca pública, lendo e nos computadores acessando os jornais de outros estados e países. Há algumas semanas eu li a matéria que o senhor fez sobre o tráfico de animais na Amazônia, vi como o senhor ajudou lá e imaginei que poderia fazer o mesmo por nós. – Josué me explicou.


Assim que li a carta, fiquei comovido e motivado a ajudar, mas sabia que não ia poder fazer muito sozinho e isso me leva ao segundo ponto que quero explicar. Mesmo sem querer, aos 18 anos tive que servir o exército. Foi quando conheci Leonel.
Fomos logo um com a cara do outro, com a amizade dele o meu ano lá passou bem rápido e no fim, ele decidiu seguir carreira, enquanto eu voltei para o jornalismo. Mantivemos contato, porque nossa amizade é dessas que dura para sempre e também, porque é sempre bom um repórter ter contato com alguém das Forças Armadas.
 Ele me disse que se e quando eu tivesse provas de que a fazenda do Coronel era mesmo baseada no sistema de escravidão para avisá-lo e ele iria o mais rápido possível onde eu estivesse e me apoiaria. Assim que eu cumpri minha parte, ele cumpriu a dele. O que posso dizer? Funcionamos desse jeito...”
– Você ta um caco hein herói. – disse Leonel ao ver Rubens.
– Herói, eu? – espantou-se o jornalista.
– Sim, foi você que arriscou sua vida por pessoas que nem conhece.
– E você sua carreira. – devolveu o repórter.
– Rubens, para! Puxar saco não combina com você. – disse o amigo.
– Você me conhece. – Rubens disse e os dois amigos se abraçaram.
– Ele ta certo, seu Rubens. O senhor é um herói, pelo menos pra mim e todos os meus amigos. O senhor nos salvou e nunca esqueceremos isso. – disse Josué com o ferimento estancado pelos paramédicos do exército.
– Ah que isso... ei, o que vocês tão fazendo? – perguntou o jornalista, quando dois ex-escravos o levantaram e o jogaram para o alto juntando todos os outros fazendo uma verdadeira festa.
“O que aprendi com isso tudo? O quão importante é a liberdade e que há ainda muitos lugares no Brasil ignorados pelo Governo Federal. E às vezes é preciso fazer algum barulho para que a justiça seja feita, e outras, nem isso é suficiente. Nesse caso, o que aconteceu? Como ficaram Josué e os outros?
Bom, Josué foi tratado e passou um tempo em recuperação no hospital. A escritura da fazenda foi dividida entre todos que sempre trabalharam nela. Antes de decidirem o que fazer, os ex-escravos desmancharam a casa grande e construíram casas menores para si. A maioria continuou no trabalho rural, mas com horários e remuneração digna e sob seu próprio comando. Outros tentaram a sorte na cidade, obtendo ou não sucesso, eles tiveram a liberdade e esse sempre foi o objetivo. O Coronel e Ônix? Na cadeia. Por quanto tempo? Não sei, mas garanto que eles nunca mais vão escravizar ninguém.
É isso, caro leitor! Preze sua liberdade e não a desperdice, pois como você percebeu ainda há muitas pessoas em nosso país que não sabe o que é isso. Viva a vida e faça as escolhas que lhe aprouver, pois você é livre pra tanto.”
                                                  
                                                                     Rubens Fonseca.

7 comentários :

  1. Pronto, o fim de mais uma aventura do Rubens... E logo, logo, espero, o começo de uma nova!

    Bjs

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  2. Lindo texto, como a escravidão é ridícula e nos dias de hoje um insulto a todo ser humano.
    Vou ler direitinho os textos anteriores, mas não podia deixar de comentar esse capítulo.
    Abraços, parabéns!

    Viviane
    Razão e Resenhas
    http://vivianeblood.blogspot.com/2012/01/promocao-relampago.html#comment-form

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  3. Adorei esse final com cara de matéria jornalística.
    Parabéns! Seus textos sempre me surpreendem!
    Beijos
    http://www.giselecarmona.blogspot.com/

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  4. Ricky, eita que o Rubão aprontou uma que o coronel não esperava, heim!? Botou pra quebraaaaar! Eu sei que não era a tropa de elite que estava ali, mas no começo, quando vc falou que a tropa de choque da polícia federal estava ali pegando geral eu imaginei o seguinte trecho da música "Tropa de elite osso duro de roer, pega um pega geral… também vai pegar vc". kkkk… bom demais! Tá bom, viajei eu sei… prontoParei!!!!

    bjksss JoicySorciere => Blog Umas e outras...

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  5. :)
    Pode contar com os meus comentários sempre!
    Tem resenha nova lá no blog!
    Se quiser, dá uma passada para ler.
    Beijos
    http://giselecarmona.blogspot.com

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  6. Olá Ricky!
    Ah sim..demorou mas eu coloquei meus cosplays rs. Valeu por ter curtido mesmo eu sendo uma cosplayer bem amadora ^^* Ah o pessoal realmente gostou do meu cosplay de Julia, embora nos eventos seja pouco conhecido rs. Ah sobre DBZ então...eu acho que se fosse para fazer algum seria a n° 18, para mim ela é a mais legal. Pode deixdar que um dia farei uma matéria sobre DBZ..eu curtia também embora agora faça muito tempo que não vejo nada. Mas vou tentar elaborar um artigo sobre as garotas da série!
    É mesmo nossos horários não batem..faz assim, tenta me add no msn novamente o/
    bjs!!!

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  7. Esse Rubens é do babado... Seria ótimo que existissem jornalistas assim aos montes! Uma pena que na vida real, a imprensa é capacho desses "coronéis". =T

    Fiquei super feliz com o desfecho. :)

    Beijos.

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