O colégio Isaac Newton era um dos mais novos e renomados no ramo de colégios integrais já com o novo sistema de ensino de 9 anos. Sua estrutura principal era em forma de U e a frente da instituição era a base da letra. Três andares preenchiam essa primeira construção e uma ponte transparente ligava os terceiros andares das pontas sem ligação. No “interior” do U havia um pátio com alguns bancos para os estudantes sentarem e conversarem durante os intervalos. Atrás dessa estrutura, um corredor coberto ligava a cantina à quadra de esportes, situada na parte direita e ao fundo do terreno.
Próximo à quadra havia um banheiro, e à este um pinheiro. Na frente da quadra e do lado direito do U havia um sobrado onde ficavam os laboratórios e salões de artes e música, e também tinha uma ligação com o prédio principal. Na parte mais esquerda do terreno havia um grande gramado com algumas árvores plantadas, caminhos de pedra e mais bancos. Os três andares do prédio principal suportavam cada um três salas de três anos diferentes. Era assim dividido: no primeiro andar se encontravam os anos 1, 2 e 3; no segundo andar, os anos 4, 5 e 6; e no terceiro ficavam os anos 7, 8 e 9. Havia duas turmas de cada ano. Do lado esquerdo ficavam as turmas A e do lado direito, as turmas B.
Alex era da sala 8A e, enquanto a professora de história falava sobre a Guerra do Paraguai, ele pensava quem iria chamar primeiro para se juntar a ele em sua chapa para concorrer ao Grêmio Estudantil do colégio. Foi quando ele olhou para a primeira carteira da fila ao seu lado e viu Diana Meinhart, a garota mais inteligente do colégio. Ela tirava no máximo 10 e mínimo de 9 em suas provas, na verdade esse 9 foi tirado na prova de uma professora novata que corrigiu errado e foi demitida por isso.
Olhando ela, Alex se lembrou deles nos primeiros anos do colégio. Ele tentou ser amigo dela uma vez, mas não deu certo. Eles foram estudar juntos e, enquanto Diana entendia uma página, Alex entendia um parágrafo. Depois disso, eles se falaram muito pouco, o garoto nem lembrava a última vez em que tinham se falado. Ele pensou que seria ótimo ter alguém com a inteligência dela em sua chapa.
Quando a menina olhou para falar com a colega de trás, Alex viu algo que fez ele se decidir mais ainda. Ele não se lembrava de quão bonita ela tinha ficado. Ela era morena, com cabelos negros e lisos até os ombros, com franjas sobre a testa, usava óculos, e era magra, mas, como ele pôde notar melhor, uma magra atlética. E naquele dia, ela tinha puxado o cabelo de um lado para trás e prendido com uma presilha, mostrando sua orelha que combinava muito bem com seu rosto liso sem nenhuma espinha.
Alex ficou fascinado com a idéia de ter uma garota super inteligente e bonita em sua chapa, e decidiu falar com ela assim que possível. E foi o que ele fez no próximo intervalo entre aulas que teve.
– Oi, Di. – ele disse, puxando uma cadeira e ficando do lado dela.
– Oi, Alex. – ela cumprimentou com um olhar interrogativo.
– Então, como você ta? Há quanto tempo não nos falamos, não é?
– Mais de um ano, pra dizer o mínimo. O que você quer, Alex?
– Olha, eu sei que não tenho sido o melhor amigo nesses últimos anos, mas... – ele se interrompeu ao ver a cara de reprovação de Diana. – Ta, eu não tenho sido amigo de espécie nenhuma durante os últimos anos. Mas eu gostaria muito que você me desse uma segunda chance, que você desse uma segunda chance para nossa amizade. Lembra como éramos no primeiro ano?
– Eu lembro, mas desde então muita coisa mudou e não tem como voltar atrás. Como sugere que nossa amizade comece novamente? – Diana perguntou.
– Vamos criar uma chapa e concorrer ao Grêmio Estudantil.
– E como vamos fazer isso?
Nesse momento, a professora chegou e Alex teve que voltar a sentar em seu lugar. Enquanto voltava, ele fez um gesto de depois para Diana.
O sinal para o recreio tocou e os alunos saíram rapidamente, indo em direção às escadas, já que tinham um longo caminho até a cantina. Alex pegou a mão de Diana e ela, com uma maçã na outra mão, o acompanhou. Eles foram para a ponte de ligação entre os dois lados do U e ficaram vendo o povo em baixo deles.
O rapaz contou para a amiga o seu plano de chamar um de cada tribo social diferente e diversificar sua chapa para, assim, ter mais votos. Ele omitiu, é claro, que seu principal objetivo era a popularidade.
– Quem você pretende chamar agora? – ela perguntou.
– Eu não sei. Precisamos de alguém que cause um efeito positivo nas pessoas, que, quando passe pelos corredores e pátios, seja aclamado pelos outros alunos. E ao fazer isso, essa pessoa vai passar um pouco desse carisma pra gente e pra chapa inteira.
– Que tal o Ramon Solano, o artilheiro do time de futebol? Ele é bonito, alto, forte e popular. – ela sugeriu apontando para o rapaz abaixo deles.
– Ótima idéia, Di! Ele é perfeito, é adorado pelas mulheres e invejado e admirado pelos homens. É tudo que precisamos agora. Ele vai fazer com que todos os que eu penso em chamar, aceitem o convite sem pensar duas vezes. – ele disse, animado.
Ao ver a animação do amigo, Diana se empolgou também, e decidiu entrar de cabeça naquela aventura, pois isso era tudo que ela precisava.
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