segunda-feira, 4 de junho de 2012

Cesca - Cap. 23


MOTIM

Bárbara entrou pela porta dos fundos da mansão, acessando a cozinha e, obviamente, não encontrou ninguém, todos estavam do meio para frente da casa. Apesar disso, ela tomou cuidado e olhou direito para confirmar se estava segura no local, em seguida, respirou fundo para ir ao interior da casa.
Enquanto isso, Carpo estancava o ferimento de Ana, que estava calma e tranquila, apesar da situação. O rapaz é que estava nervoso e ao mesmo tempo em que perguntava várias vezes se ela estava bem, ele lembrava tudo o que passaram juntos. Desde que ela o encontrou na estrada, levou-o para a fazenda da família dela e insistiu para que ele a acompanhasse em uma busca ao tesouro.
Mesmo com a falta de tempo que tiveram para conversar e a atração que sentiu pelas outras Cesca, no fundo ele sabia que de Ana que realmente gostava. E as expressões emburradas e respostas curtas que a moça dava quando Carpo estava conversando livremente com Bárbara, aparentavam que o sentimento era recíproco. Depois desse momento de reflexão, Carpo não soube muito bem o que fazer e antes que ele pudesse decidir, Bárbara apareceu.
— Carpo. – ela chamou ao vê-lo. – Ana! Oh, meu Deus! – ela gritou ao ver a prima encostada na parede ensanguentada. – O que aconteceu?
— Explico depois, ajude-me a levantá-la. – Carpo pediu.
Já de pé, os três se preparavam para sair pelo caminho que a Cesca loira entrou, quando os irmãos Martiniani chamaram pelo economista.
— Capo Barreto, vem nos ajudar com... Ei, o que está acontecendo, aqui? – Bruno perguntou ao ver as duas mulheres.
— Por que você está com a refém solta? E por que um dos nossos está morto no chão. – Marcelo emendou mais perguntas.
— Eu posso explicar. – Carpo disse.
O rapaz brasileiro contou parte da história resumida e porque mentiu para eles que fazia parte de uma família mafiosa.
— Vocês podem acabar com isso hoje, rapazes. Sei que não são como o pai de vocês. Vai dizer que gostam mesmo de ser mafiosos? Que não preferem uma vida tranquila, trabalhando naquilo que gostam durante a semana e curtir com a família e amigos nos finais de semanas e feriados? – Carpo disse.
— Confesso que já pensei nisso. – Bruno deixou escapar.
— Já pararam para pensar pelo que estão lutando? – Carpo perguntou e esperou alguns segundos para continuar. – O tesouro dos Cesca? Primeiro que é deles. Segundo, que vocês não precisam, são ricos. Qual outro motivo? Vingança? Pelo que? O que essas belas mulheres fizeram a vocês dois? – Carpo discursava inspirado para os Martiniani e as Cesca. – Nada. Então, qual a razão dessa guerra, afinal? Ela não é de vocês. E aposto que nem mesmo dos pais de vocês. Essa guerra foi entre Don Giuseppe Cesca e Don Vincenzo Martiniani e acabou. – Carpou parou para respirar e se aproximou dos irmãos. – Marcelo, Bruno, eu sei que vocês são bons. Acabem com isso, por favor. – ele disse com as mãos nos ombros deles.
Os irmãos Martiniani concordaram e o economista expôs seu plano. A neta mais nova iria com eles para a porta da frente da mansão parar o tiroteio, enquanto Ana e Carpo iriam até o escritório de Don Martiniani. O patriarca estava bebendo um copo de uísque em pé, olhando pela janela, quando bateram à porta.
— Entre. – ele disse e Carpo entrou acompanhado por Ana.
— Com licença, Don Martiniani. – o rapaz disse, enquanto a moça sentava em uma cadeira.
— Sim, Capo Barreto. – o mafioso respondeu e virou-se. – Mas o que está acontecendo? O que essa Cesca está fazendo aqui? – ele quis saber.
— Acho que isso pode ser caracterizado como um motim. – Carpo disse, pegou sua arma e a apontou para o Martiniani.
— Entendo. E você veio aqui para me matar?
— Não, estou aqui apenas para me certificar de que você não vai fugir, então faça o favor de não se mexer para que eu não tenha que, de fato, matá-lo. – Carpo disse e Don Martiniani levantou uma sobrancelha.


Do lado de fora da mansão, o tiroteio rolava solto. Os homens dos donos da propriedade estavam em grande vantagem e a munição dos Cescas estava no fim. Foi então que um grito foi ouvido em toda a extensa área em que estavam.
— Cessar fogo! – os irmãos Martiniani gritaram em uníssono.
Do topo da escada que ligava a porta ao chão, as vozes deles saíram e ecoaram pelo jardim. Bárbara estava entre os dois. Os mafiosos do campo de fogo pararam assim que ouviram a ordem dos dois Capos da família. Curiosos com a ordem dada, os Cescas olharam por cima da moita da qual estavam escondidos e viram a jovem loira com o inimigo. Tomado por seu instinto paternal, Toni saiu do esconderijo e correu em direção a sua filha.
— Bárbara! – ele gritou, ficando visível e se tornando um alvo fácil.
O sorriso da garota se transformou em expressão de horror ao ver seu pai receber uma sequência de tiros de uma metralhadora. Lucy, que ainda mantinha sua posição na lateral da casa, acertou o atirador de seu tio-avô. Toni caiu com vários tiros no tronco e alguns nas pernas e braços. Bruno gritou o cessar fogo novamente, enquanto Bárbara já estava a meio caminho de seu pai. Giovanni já estava prostrado ao irmão, quando ela chegou.
— Papai! – ela gritou em meio às lágrimas e ajoelhou-se.
— Sabe, Giovanni... – ele começou a falar com o irmão e tossiu um pouco. – Foi uma ótima ideia colocarmos colete antes de virmos... Uma pena que não cobria os membros também... – ele terminou tossiu mais um pouco e desmaiou.
— Preciso de uma ambulância aqui na Mansão Martiniani urgente. – Marcelo veio dizendo quando se aproximou da família Cesca.
— Podemos saber o motivo do cessar-fogo? – Glória perguntou, enquanto Lucy chegou e abraçou-a.
— Considere uma oferta de paz. – Bruno disse.
— Suponho que o pai de vocês não saiba disso. – Giovanni observou.
— Que bom que tocou nesse ponto. – Marcelo disse e os dois irmãos se olharam.
No escritório, o clima estava bem pesado. Carpo continuava a apontar a arma para Don Martiniani, que tentava distrair o rapaz, enquanto Ana mantinha os olhos atentos a tudo o que o mafioso fazia.
— Oh, acabou meu uísque. Posso reabastecer. – Marco pediu.
— Não. – Carpo respondeu secamente.
— Sabe, Sr. Barreto, devo dizer que o subestimei. – o mafioso disse.
— Ah, cala a boca. – Ana falou, surpreendendo os dois.
— Ora, ora. – Don Martiniani zombou, no momento em que a porta foi aberta violentamente.
— Você devia ouvir minha filha, Marco. – Giovanni disse ao entrar, sendo acompanhado pelos irmãos Martiniani, Lucy e Glória.
Ana levantou e abraçou seu pai fortemente por um momento.
— Abaixe a arma, rapaz, ele não fará mais nada. – Giovanni disse a Carpo. – Sente-se, Marco, vamos conversar. – ele disse ao Don Martiniani.

2 comentários :

  1. "Marcelo, Bruno, eu sei que vocês são bons. Acabem com isso, por favor. – ele disse com as mãos nos ombros deles." Gesto típico de quem quer paz. Hahahaha conheço bem esse "colocar de mãos" nos ombros de quem se quer acalmar.

    Marco foi "traído" pelos filhos... Interessante. Bem feito.
    Mas eu não sei se o lado mais burro foi o do Toni, que correu na direção de Bárbara sabendo que haviam homens armados até os dentes querendo matá-lo, ou o lado dos seguranças, que voltaram a atirar mesmo após a ordem de cessar fogo (e quando atiraram, não miraram na cabeça).
    Mas o véio tava de colete, menos mal. ^^

    Beijos.

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  2. Só não gostei da foto do cara que julgo ser o Carpo.
    Tinha que ser da Ana, Bárbara ou Lucy.

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