domingo, 14 de abril de 2013

O sonho

Sonhei que era livre. Não só eu, mas todas as pessoas. Sonhei que Imagine não era mais uma música, mas sim uma realidade. Sonhei que as pessoas se ajudavam sem nenhum interesse particular e que se uniam quando um grande problema surgia. Sonhei com uma população que não perde tempo com programas de televisão inúteis e nem incentivam nossas crianças a deixar de estudar para correr atrás de uma bola.

Sonhei que não havia corrupção ou mentira. Sonhei que os sete pecados capitais eram apenas uma lenda de um passado distante. Sonhei que não havia briga nem morte programada e que se podia sair e andar por qualquer rua em qualquer horário. Sonhei que se podia confiar em todos e que trancar as portas era uma medida de segurança desnecessária.


Sonhei que preconceito era só uma palavra desconhecida. Sonhei que se uma pessoa fosse roxa seria tratada como se ser roxo fosse a coisa mais normal do mundo. Sonhei que o sexo era um método de reprodução e prazer consentido, a partir de uma determinada idade. Sonhei que a vida não poderia ser melhor, que se fosse melhor, como diz o ditado, estragava. E estragou.

Como eu disse, era só um sonho e eventualmente eu acordei. Levantei e enfrentei o mundo real. Tomei café, tendo que aturar o mau humor dos meus pais. Fui para a aula, reparando as expressões fechadas das pessoas no ônibus, os xingamentos dos motoristas estressados e as pessoas que tentavam dormir sob um cobertorzinho no meio da calçada. Antes de começar a aula, fiquei pensando e torcendo para que outras pessoas tenham tido o mesmo sonho que eu, para que um dia, ele possa ser a realidade e o mundo em que vivemos hoje, seja apenas um pesadelo.

2 comentários :

  1. Pra ser realidade, é preciso que todos sonhem mesmo e tenha consciência que juntos podemos construir um mundo melhor.
    Quem sabe o dia, o que hoje é utópico, se torne verdade.

    Obs: Adorei a imagem.

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  2. Um belo sonho irreal e um pesadelo real, tal como a música dos paralamas

    Todo dia o sol da manhã
    Vem e lhes desafia
    Traz do sonho pro mundo
    Quem já não o queria
    Palafitas, trapiches, farrapos
    Filhos da mesma agonia
    E a cidade que tem braços abertos
    Num cartão postal
    Com os punhos fechados na vida real...

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