terça-feira, 30 de abril de 2013

Tudo Por Uma Notícia T02C01


SEM FARDA

A porta se abriu, mas Rubens não se atreveu a levantar a cabeça.
– Esse é o tal jornalista? – perguntou o que acabara de entrar.
– Sim, senhor. – respondeu o que estava vigiando Rubens.
– Levante a cabeça dele. Quero que meu rosto e o cano da minha arma sejam as últimas coisas que ele vai ver na vida. – disse o primeiro.
O jornalista olhou bem para a arma apontada para o seu rosto e percebeu que havia ido longe demais e, daquela vez, não teria como escapar. Respirou fundo e fechou os olhos esperando o seu destino. Segundos depois, um tiro foi disparado.


Após ter passado mais de um ano fazendo reportagens em diferentes estados e regiões do país, Rubens Fonseca decidiu parar um pouco em sua cidade natal e prestar atenção em seus problemas. Não demorou muito para ele perceber quanta coisa de ruim estava acontecendo bem debaixo dos seus olhos e sobre o quanto poderia escrever.
Falou sobre as enchentes; a falta de ação da prefeitura; as obras inacabadas da cidade; o trânsito e muito mais. Então, decidiu que precisava de algo que chamasse mais atenção da população. Foi então que começaram os atentados. A cada noite, um policial morria. Sem farda e por nenhum motivo aparente.
Sem saber por onde começar, Rubens ligou para os seus informantes, cada um querendo falar menos que o outro. Enfim, encontrou alguém disposto a dizer o que sabia. Eram 15h quando o jornalista viu seu contato surgir na lanchonete e sentou a sua frente.
– E aí, Funk, há quanto tempo, bebe alguma coisa? - Rubens ofereceu solícito.
– Não sei como você consegue ficar animado depois do que me pediu. - o informante falou.
– Você veio porque quis. - Rubens lembrou.
– Eu vim porque você me tacou na cara tudo o que fez por mim e que eu te devo. - Funk reclamou fazendo uma careta.
– Já que não vai querer aquela bebida. Conte-me o que sabe. - o jornalista decidiu parar de enrolar.
– Há várias versões para o que está acontecendo, mas duas delas são bem condizentes. - começou o informante. - Algumas gangues estão se vingando contra as operações que a polícia realizou nos últimos meses, abatendo muitos criminosos. E outras mortes são o jeito que alguns bandidos encontraram para quitar suas dívidas com os grandes chefes. - finalizou.
– Sabe se há alguma morte marcada para os próximos dias?
– Você está com sorte, jornalista. Ouvi dois malucos conversando e marcando algo na Avenida Santa Catarina, no bairro Jabaquara. Mencionaram policiais de folga. - Funk informou.
– Obrigado, Funk. Você ajudou muito. Se eu precisar de alguma coisa...
– Não me ligue. - completou o informante, levantou e foi embora.
Rubens não perdeu tempo e foi até a tal avenida, que era tão grande quanto se podia esperar. Fez uma rápida pesquisa em seus arquivos e descobriu que havia um policial que ia sempre ali visitar os pais. Ele se posicionou em uma rua cruzada, mas que proporcionava um bom campo de visão para a casa.
Eram umas 20h quando o carro do policial chegou. E então, tudo aconteceu muito rápido. Duas motos surgiram do nada e começaram a atirar sem parar no policial sem farda. Rubens saiu do carro e foi ver o baleado, assim que os bandidos fugiram.
– Meus pais... - Rubens ia dizer para ele não falar, quando seus pais chegaram perto. - Não deixe... - o oficial continuou se dirigindo ao jornalista, que agora estava em pé para dar espaço aos pais. - que eles saiam... impune... minha moto... - ele conseguiu dizer com esforço.
– Ele deixa a moto dele com a gente. E parece que ele quer que você persiga os assassinos. Você tem coragem para isso, rapaz? - perguntou o pai do policial.
Alguns minutos depois, Rubens ia atrás dos bandidos assassinos, com a moto do policial morto.

2 comentários :

  1. Loucura, loucura..ahhaha. E Rubens foi morto mesmo?
    #curiosidade.

    Beijão!

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  2. Opa, que bom que voltaram os contos! Agora fiquei curioso, como que o
    Rubens vai escapar dessa, e o que ele aprontou agora? Vou continuar
    acompanhando :).
    Obs: eu indiquei o blog pros meus leitores, no
    www.lucascomunicacoes.blogspot.com Um abraço, e parabéns pelos contos!

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