SEM FARDA
A porta se abriu, mas Rubens não se atreveu a levantar a cabeça.
– Esse é o tal jornalista? – perguntou o que acabara de entrar.
– Sim, senhor. – respondeu o que estava vigiando Rubens.
– Levante a cabeça dele. Quero que meu rosto e o cano da minha arma sejam
as últimas coisas que ele vai ver na vida. – disse o primeiro.
O jornalista olhou bem para a arma apontada para o seu rosto e percebeu
que havia ido longe demais e, daquela vez, não teria como escapar. Respirou
fundo e fechou os olhos esperando o seu destino. Segundos depois, um tiro foi
disparado.
Após ter passado mais de um ano fazendo reportagens em diferentes estados
e regiões do país, Rubens Fonseca decidiu parar um pouco em sua cidade natal e
prestar atenção em seus problemas. Não demorou muito para ele perceber quanta
coisa de ruim estava acontecendo bem debaixo dos seus olhos e sobre o quanto
poderia escrever.
Falou sobre as enchentes; a falta de ação da prefeitura; as obras
inacabadas da cidade; o trânsito e muito mais. Então, decidiu que precisava de
algo que chamasse mais atenção da população. Foi então que começaram os
atentados. A cada noite, um policial morria. Sem farda e por nenhum motivo
aparente.
Sem saber por onde começar, Rubens ligou para os seus informantes, cada
um querendo falar menos que o outro. Enfim, encontrou alguém disposto a dizer o
que sabia. Eram 15h quando o jornalista viu seu contato surgir na lanchonete e
sentou a sua frente.
– E aí, Funk, há quanto tempo, bebe alguma coisa? - Rubens ofereceu
solícito.
– Não sei como você consegue ficar animado depois do que me pediu. - o
informante falou.
– Você veio porque quis. - Rubens lembrou.
– Eu vim porque você me tacou na cara tudo o que fez por mim e que eu te
devo. - Funk reclamou fazendo uma careta.
– Já que não vai querer aquela bebida. Conte-me o que sabe. - o
jornalista decidiu parar de enrolar.
– Há várias versões para o que está acontecendo, mas duas delas são bem condizentes.
- começou o informante. - Algumas gangues estão se vingando contra as operações
que a polícia realizou nos últimos meses, abatendo muitos criminosos. E outras
mortes são o jeito que alguns bandidos encontraram para quitar suas dívidas com
os grandes chefes. - finalizou.
– Sabe se há alguma morte marcada para os próximos dias?
– Você está com sorte, jornalista. Ouvi dois malucos conversando e
marcando algo na Avenida Santa Catarina, no bairro Jabaquara. Mencionaram
policiais de folga. - Funk informou.
– Obrigado, Funk. Você ajudou muito. Se eu precisar de alguma coisa...
– Não me ligue. - completou o informante, levantou e foi embora.
Rubens não perdeu tempo e foi até a tal avenida, que era tão grande
quanto se podia esperar. Fez uma rápida pesquisa em seus arquivos e descobriu
que havia um policial que ia sempre ali visitar os pais. Ele se posicionou em
uma rua cruzada, mas que proporcionava um bom campo de visão para a casa.
Eram umas 20h quando o carro do policial chegou. E então, tudo aconteceu
muito rápido. Duas motos surgiram do nada e começaram a atirar sem parar no
policial sem farda. Rubens saiu do carro e foi ver o baleado, assim que os
bandidos fugiram.
– Meus pais... - Rubens ia dizer para ele não falar, quando seus pais
chegaram perto. - Não deixe... - o oficial continuou se dirigindo ao
jornalista, que agora estava em pé para dar espaço aos pais. - que eles
saiam... impune... minha moto... - ele conseguiu dizer com esforço.
– Ele deixa a moto dele com a gente. E parece que ele quer que você
persiga os assassinos. Você tem coragem para isso, rapaz? - perguntou o pai do
policial.
Alguns minutos depois, Rubens ia atrás dos bandidos assassinos, com a
moto do policial morto.
Loucura, loucura..ahhaha. E Rubens foi morto mesmo?
ResponderExcluir#curiosidade.
Beijão!
Opa, que bom que voltaram os contos! Agora fiquei curioso, como que o
ResponderExcluirRubens vai escapar dessa, e o que ele aprontou agora? Vou continuar
acompanhando :).
Obs: eu indiquei o blog pros meus leitores, no
www.lucascomunicacoes.blogspot.com Um abraço, e parabéns pelos contos!