quinta-feira, 10 de março de 2011

Descoberta

Embrenhado na Floresta Amazônica, ele segue as pegadas de seus alvos. Ele aprendeu a andar pela mata, passou por um treinamento rigoroso, perdeu uma semana inteira de sua vida, para esse momento. Ele não está perdido, ele sabe exatamente o que está fazendo. Seu nome? Rubens Fonseca. Sua profissão? Jornalista. E ele está prestes a conseguir o maior furo de sua vida.
Cautelosa e silenciosamente, ele continua seguindo os traços no chão, logo ele ouve o barulho da correnteza, está perto do rio. Então, ele avista sua “caça”, chega o mais perto possível e sobe em uma árvore. Ajeitado em um galho, ele prepara a câmera porque sem fotos, sua matéria não valeria nada.
Ele tira muitas e muitas fotos sem parar, e então decide ver algumas antes de continuar. Para ele, ficaram perfeitas, mostraram todo o cenário e personagens. Nas fotos podia-se ver o navio ancorado na beira da mata, as várias jaulas, com animais de todas as espécies, sendo carregadas por homens musculosos e mal encarados para dentro do navio, e alguém que ele só notou quando viu as fotos, saindo do navio e indo falar com o “chefe” do bando.
Rubens conhecia aquele rosto, não se lembrava de onde, mas ele fez um esforço e reconheceu o filho do prefeito de Manaus. Ele sorriu, essa matéria ia ser um escândalo, escândalo esse, que ele estava precisando pra alavancar sua carreira jornalística. Ele foi mudar a postura para tirar mais fotos, mas se desequilibrou e caiu, chamando a atenção de todos.
Dois homens armados foram até ele e o carregaram para o local das fotos tiradas. Assim que chegaram, um homem maior do que todos rapidamente se aproximou e empurrou Rubens em uma árvore, colocando uma grande faca em seu pescoço, ameaçando-o.
– Ora, ora! O que temos aqui? – falou o chefe do bando.
Vendo que Rubens não podia falar devido a grande pressão feita pelo homem maior ainda, ele continuou.
– Everest, alivia um pouco. O rapaz mal pode respirar.
– Ah, obrigado... Everest? – disse o jornalista parando pra pensar no nome do cara que estava pressionando uma faca em seu pescoço.
– Então, agora o senhor pode me dizer, o que está fazendo aqui?
– Turismo. – Rubens respondeu rindo.
– Encontramos isso com ele, chefe. – um dos que carregou o jornalista entregou a câmera para o chefe.
– Vamos ver isso aqui. – o chefe começou a ver as fotos tiradas. – Muito bonitas, realmente muito bonitas. O senhor é um belo fotógrafo, senhor...
– Araújo, Carlos Araújo.
– Senhor Araújo. O senhor vê que eu estou numa situação complicada aqui. O senhor viu demais e eu não posso deixá-lo sair assim.
– O que pretende fazer? – perguntou Rubens.
– O senhor já viajou de navio, senhor Araújo?
Enquanto o navio desancorava e zarpava pelo rio, Rubens pensou que ele ter caído da árvore foi o melhor imprevisto que já tinha acontecido, isso claro com o fato de ele ter tirado o cartão de memória da câmera antes de ser pego.

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