sexta-feira, 11 de março de 2011

Isolado

Alexandre Lemos sempre foi um garoto feliz, sua infância foi alegre e repleta de amizades, com muitas brincadeiras e aventuras. Desde cedo estudou no mesmo colégio, o Isaac Newton. Um colégio integral já com a nova metodologia de ensino com nove anos, sendo suas aulas de manhã e à tarde, atividades extracurriculares como esportes e música.
Durante seu ensino fundamental, do 1º ao 5º ano, Alex, como era mais chamado, tinha muitos amigos, e era bem conhecido, era um garoto popular. O tempo passou e ao chegar na pré adolescência, ele notou algumas diferenças, alguns amigos ficaram mais amigos de outras pessoas, outros saíram, outros reprovaram, mas isso ainda não o afetava, afinal ele tinha que estudar, ele era estudioso e nunca ficou em recuperação.
Após a primeira semana de aula do 8º ano, ele viu que estava numa situação insuportável, ele não tinha mais amigos e não se encaixava em nenhum dos grupos que haviam se formado em sua sala e mais ainda em seu colégio. Ele não era muito alto e nem muito forte, era atlético, mas não o suficiente para fazer parte dos musculosos do time de futebol. Ele era inteligente, mas só tirava o suficiente para passar de ano, por isso não poderia fazer parte do grupo dos nerds. Ele não era gótico, emo, mano, colorido, metaleiro, rico, pobre, ele não se encaixava em nenhum grupo.
– AAAHHHHHHH!!!!!!! – ele gritou involuntariamente durante a aula.
– O que foi, Alex? – perguntou a bela professora Viridiana, virando-se do quadro, para saber o motivo do grito.
– Nada não, professora. – disse ele sem jeito.
Sem amigos significava sem diversão e sem diversão significava só ficar estudando o ano inteiro. Desse jeito, ele acabaria virando um nerd de tanto estudar, mas era isso que ele queria? Ele não sabia. Ele só sabia que do jeito que estava não podia continuar. Com tantos grupos formados e ele não fazendo parte de nenhum, ele se sentia isolado no colégio inteiro. Enquanto ele pensava nisso e ignorava as equações passadas pela professora, alguém bateu à porta.
– Com licença, professora. Bom dia turma! – disse a diretora Tulipa ao entrar na sala.
Não era comum a diretora ir às salas de aulas, quando ela ia era um assunto muito importante.
– Bom, turma, como vocês sabem, o nosso colégio, apesar de ser privado, ele é mantido com doações de instituições filantrópicas. Após vários meses sem recebermos uma doação sequer, um grande empresário veio nos procurar e nos doou 25 milhões de reais. – seguiram-se vários suspiros e assobios na sala. – Mas ao ver a estrutura do colégio e a ementa do sistema de ensino, ele viu algo que não temos e nos exigiu isso até o fim do ano. Para tanto recebemos 5 milhões e o restante só depois que fizermos o combinado.
Todos ficaram em silêncio por um tempo, e após o momento de suspense ter surtido efeito, a diretora finalizou.
– É aí que vocês entram. Nós vamos criar um Grêmio Estudantil. – mais uma série de sussurros ocorreu. – Poderão ser feitas chapas entre alunos de anos diferentes. Vocês tem duas semanas para formar as chapas e se inscreverem. O formulário de inscrição está na secretaria. Boa sorte. Obrigada professora. – ela disse e se retirou.
Enquanto todos comentavam sobre a notícia, os olhos de Alex brilhavam, pois ele viu nesse acontecimento a sua chance de se enturmar e ser popular novamente. E ele não perderia isso por nada.  

3 comentários :

  1. O texto é bom. Bem escrito, com boas colocações.
    Mas, sem fundo literário, sem subjetivismo, que é o que me atrai.
    Não tão criativo.

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  2. belo texto e com um sentido impecavél

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  3. Vou atrás da continuação.
    Com certeza vou encontrar ai para cima rsss

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