FANTASMA DO PASSADO
Facada estava pronto para ir à reunião no centro de operações com o bando
e, após pensar um pouco, decidiu, no último minuto, não levar suas facas. Ele
se encaminhou para a porta e, quando a abriu, levou um chute no peito e foi lançado
ao chão e rapidamente dominado por dois homens.
– Ora, ora! Se não é meu velho amigo, Luiz Facada. – Crioulo Doido disse,
entrando na casa, enquanto seus capangas se espalhavam pelos cômodos.
Os dois capangas levantaram Facada e o sentaram no sofá, deixando-o
imobilizado. Crioulo sentou na poltrona em frente ao sofá.
– Crioulo, o que você está fazendo aqui? Como me encontrou? – Facada quis
saber.
– Desde que você saiu da vila, eu tenho te procurado. Coloquei todos os
homens atrás de você. Recentemente, eles pensaram tê-lo visto aqui, então
foquei todas as equipes nesse bairro. – o traficante explicou, enquanto
colocava os pés sobre a mesa de centro da sala. – O que eu quero é que pague
por sua traição.
– Traição? – Facada espantou-se. – Mas eu não te traí, Crioulo, só saí da
vila.
– Sim, de fato, mas antes disso foi contar meus planos para o Polaco
Azedo. Ou você acha que eu confiava cegamente em você? – Crioulo explicou.
– Mas como? Eu me certifiquei de que não estava sendo seguido. – Facada
se lembrou.
– E não foi. Eu tenho meus contatos do lado do Polaco. – o traficante
revelou. – Então, vamos para casa? – ele chamou e levantou com um sorriso.
Até aquele momento, Facada estava pensando em um jeito de sair dali. Ele
conseguiria se livrar facilmente dos dois homens que o seguravam, mas o depois
é que seria complicado. Todos estavam armados, enquanto suas facas estavam na
mesa da cozinha.
– Eu estou em casa. – o rapaz respondeu sério. – Você sabe que eu não
estou sendo seguro, não é mesmo? Estou me deixando ser segurado.
– É claro que sei. Você era o meu melhor homem. Mas mesmo você não pode
com armas de fogo. Sem as suas facas então...
– Será mesmo? – Facada provocou.
– Não sei, mas se eu fosse você, não arriscaria. Sua mãe está com tanta
saudade de você. – Crioulo disse cinicamente.
– Minha mãe?! – Facada espantou-se e então entendeu. – Não ouse encostar
um dedo na minha mãe, Crioulo! – ele ameaçou e o traficante riu.
– Mais do que eu já encostei, você quer dizer, não é? – ele disse e riu
mais. – Ela é bem resistente, não quis falar de jeito nenhum onde você estava.
– Eu vou te matar, seu porco. – Luiz gritou e foi segurado com mais força
ao tentar atacar o antigo amigo.
– É claro que vai. – Crioulo zombou. – Mas agora vamos voltar para a
vila.
Nesse momento, um dos capangas que estava revistando a casa voltou com
uma caixa de sapato cheia de dinheiro.
– Ora, ora! Mas o que temos aqui? Parece que alguém andou cometendo atos
ilícitos. – o traficante disse pegando o dinheiro e olhando para Facada. –
Peguem tudo de valor e quebrem o resto. – ele ordenou aos seus capangas.
Crioulo pegou as facas de seu antigo amigo e se dirigiu ao carro em que
estava. Luiz Facada foi arrastado pelos dois capangas que o seguravam. Depois
de todos estarem nos carros, eles partiram.
– Vila Zumbi, aí vamos nós! – Crioulo gritou para todo mundo ouvir.
Joel não conseguiu encontrar as facas e nem o dinheiro da parte que pertencia
a Facada. Por um instante, ele pensou que o amigo tivesse fugido e encenado
aquela bagunça, mas logo esse pensamento se desfez ao ver que os pertences do
rapaz ainda estavam lá. Ele saiu da casa e chegou até a calçada ainda sem saber
o que fazer.
– Boa tarde, Joel! – o seu Manoel, dono da padaria, cumprimentou.
– Opa, seu Manoel, como está? – Joel retornou educamente.
– Você é amigo do rapaz que mora, não é? – o padeiro perguntou.
– Sim, eu sou. O senhor de algo que aconteceu aqui? – Joel perguntou
ansioso.
– Sei, sim. Eu vi tudo. Dois carros pararam aí e vários homens saíram
deles. Depois de uma bagunça e uma gritaria danada, o líder deles saiu e dois
outros levavam o seu amigo pra um dos carros. – seu Manoel relatou.
– E como eram esses homens?
– Só me lembro do líder deles. Era parecido com você, assim.
– Comigo?
– É, você sabe... negro. – o padeiro falou meio sem jeito. – E no final,
ele saiu gritando que iam para a Vila Zumbi.
– Negro, Vila Zumbi. – Joel repetiu as palavras tentando correlacionar
com Facada. – Negro, Vila Zumbi... – então, ele se lembrou. – Negro, Crioulo,
Crioulo Doido! – ele falou em voz alta. – Obrigado, seu Manoel. – ele agradeceu
e voltou correndo para o centro de operações.
Uoou quero mais históriiia. Essa me chamou mais atenção ainda
ResponderExcluirCaramba, me prendeu do começo ao fim.
ResponderExcluirÓtimo texto. É sequência? :P
Cheguei agora, daí já viu...
Gostei daqui. Visita-me?
;D