domingo, 30 de setembro de 2012

A Arte de Roubar T02C04


NEGOCIAÇÃO

De volta ao centro de operações, Joel reuniu os membros do grupo e os atualizou da situação.
— O que faremos agora? – Léo perguntou.
— A coisa certa a fazer: vamos ajudar o Facada. – Joel disse.
— Mas e o nosso roubo ao museu? – Charger quis saber.
— Ainda temos tempo. Eu tinha programado para daqui duas semanas mesmo. Só teremos que nos apressar um pouquinho depois. – Joel explicou e sorriu.
— Eu concordo com o Joel. Devemos ajudar o Facada. – Taís opinou.
— E como vamos fazer isso? – Bomber indagou.
— Eu tenho uma ideia, mas antes permitam-me explicar algumas coisas. Léo, encontre um mapa da Vila Zumbi e o projete, por favor. – Joel pediu.
O especialista em informática, rapidamente, atendeu ao pedido do amigo. Com todos tendo visão do mapa na tela de projeção, o líder do grupo começou a discursar.
— A Vila Zumbi pode ser dividida em duas partes. – Joel iniciou e traçou uma linha imaginária com o dedo. – Uma parte é dominada pela gangue do Crioulo Doido e a outra, pela gangue do Polaco Azedo. Depois de anos de guerra por expansão territorial, os dois chegaram a um equilíbrio, tendo cada gangue dominado metade da vila. Entretanto, o Crioulo é ambicioso e se não fosse pelo Facada, ele teria iniciado outra guerra há alguns anos atrás. – Joel continuou explicando. – O Polaco tem mais bom senso, sabe que uma nova guerra só traria morte e prejuízo para os negócios. O que eles fazem é o básico: tráfico de drogas e de armas, além de prestar favores a preços altíssimos.
— Como você sabe tudo isso? – Léo indagou.
— O Facada me contou uma vez. – Joel respondeu.
— Joel, você disse que tem uma ideia. – Bomber lembrou.
— Bom, como o Crioulo quer vingança pelo Luiz ter contado o plano dele para o Polaco, eu só vejo uma opção para ajudarmos nosso amigo. – Joel disse.
— Falar com o Polaco Azedo. – Charger adivinhou.


A casa do Crioulo Doido era a maior do seu lado da Vila Zumbi. Três quartos, uma suíte, dois banheiros, duas salas, cozinha e lavanderia, além do quintal nos fundos.
— Sinta-se em casa, Facada! – o traficante disse, cinicamente, ao entrarem na imensa sala de estar.
— Eu quero ver a minha mãe. – o rapaz pediu.
— Sempre direto. Gosto disso. – Crioulo elogiou. – Tragam-na. – ele ordenou a dois homens, que logo voltaram com a mulher.
— Mãe! – Facada chamou assim que a viu e os dois se abraçaram. – Você está machucada. O que fizeram com você? – ele perguntou olhando o rosto dela e depois encarando Crioulo.
— Pronto, você já a viu. Podem levá-la. – Crioulo disse.
— Espera! – Facada disse e os homens pararam. – Você já tem a mim, não precisa mais dela. Deixe-a ir. – ele pediu para o traficante.
— E por que eu faria isso? Por que ficar só com um se eu posso ter os dois? Ela é a minha garantia de que você vai me obedecer. – Crioulo explicou.
Nos segundos seguintes, Facada teve que tomar a decisão mais difícil de toda a sua vida, mas numa situação como aquela, não havia mais o que fazer.
“Desculpem-me meus amigos, Joel. Eu não tenho outra opção.” – ele pensou antes de dizer.
— E se eu te disser que de onde saiu aquele dinheiro que você encontrou no meu quarto, tem muito mais? – Facada provocou.
— Eu diria que agora você está falando a minha língua. – Crioulo se interessou.
— Eis os meus termos: você liberta a minha mãe, sendo que eu vou, junto com você e seus homens, levá-la para casa e me certificar de sua segurança; depois, eu te digo onde está o dinheiro e você faz o que quiser comigo. – Facada definiu.
— Esse é o Facada que eu conheço, ditando as regras e me enfrentando como ninguém mais tem coragem. Eu aceito os seus termos. – Crioulo disse e estendeu a mão para Facada que a apertou e manteve a expressão séria.

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