NEGOCIAÇÃO
De volta ao centro de operações, Joel reuniu os membros do grupo e os
atualizou da situação.
— O que faremos agora? – Léo perguntou.
— A coisa certa a fazer: vamos ajudar o Facada. – Joel disse.
— Mas e o nosso roubo ao museu? – Charger quis saber.
— Ainda temos tempo. Eu tinha programado para daqui duas semanas mesmo.
Só teremos que nos apressar um pouquinho depois. – Joel explicou e sorriu.
— Eu concordo com o Joel. Devemos ajudar o Facada. – Taís opinou.
— E como vamos fazer isso? – Bomber indagou.
— Eu tenho uma ideia, mas antes permitam-me explicar algumas coisas. Léo,
encontre um mapa da Vila Zumbi e o projete, por favor. – Joel pediu.
O especialista em informática, rapidamente, atendeu ao pedido do amigo. Com
todos tendo visão do mapa na tela de projeção, o líder do grupo começou a
discursar.
— A Vila Zumbi pode ser dividida em duas partes. – Joel iniciou e traçou
uma linha imaginária com o dedo. – Uma parte é dominada pela gangue do Crioulo
Doido e a outra, pela gangue do Polaco Azedo. Depois de anos de guerra por
expansão territorial, os dois chegaram a um equilíbrio, tendo cada gangue
dominado metade da vila. Entretanto, o Crioulo é ambicioso e se não fosse pelo
Facada, ele teria iniciado outra guerra há alguns anos atrás. – Joel continuou
explicando. – O Polaco tem mais bom senso, sabe que uma nova guerra só traria
morte e prejuízo para os negócios. O que eles fazem é o básico: tráfico de
drogas e de armas, além de prestar favores a preços altíssimos.
— Como você sabe tudo isso? – Léo indagou.
— O Facada me contou uma vez. – Joel respondeu.
— Joel, você disse que tem uma ideia. – Bomber lembrou.
— Bom, como o Crioulo quer vingança pelo Luiz ter contado o plano dele
para o Polaco, eu só vejo uma opção para ajudarmos nosso amigo. – Joel disse.
— Falar com o Polaco Azedo. – Charger adivinhou.
A casa do Crioulo Doido era a maior do seu lado da Vila Zumbi. Três
quartos, uma suíte, dois banheiros, duas salas, cozinha e lavanderia, além do
quintal nos fundos.
— Sinta-se em casa, Facada! – o traficante disse, cinicamente, ao
entrarem na imensa sala de estar.
— Eu quero ver a minha mãe. – o rapaz pediu.
— Sempre direto. Gosto disso. – Crioulo elogiou. – Tragam-na. – ele
ordenou a dois homens, que logo voltaram com a mulher.
— Mãe! – Facada chamou assim que a viu e os dois se abraçaram. – Você
está machucada. O que fizeram com você? – ele perguntou olhando o rosto dela e
depois encarando Crioulo.
— Pronto, você já a viu. Podem levá-la. – Crioulo disse.
— Espera! – Facada disse e os homens pararam. – Você já tem a mim, não
precisa mais dela. Deixe-a ir. – ele pediu para o traficante.
— E por que eu faria isso? Por que ficar só com um se eu posso ter os
dois? Ela é a minha garantia de que você vai me obedecer. – Crioulo explicou.
Nos segundos seguintes, Facada teve que tomar a decisão mais difícil de
toda a sua vida, mas numa situação como aquela, não havia mais o que fazer.
“Desculpem-me meus amigos, Joel. Eu não tenho outra opção.” – ele pensou
antes de dizer.
— E se eu te disser que de onde saiu aquele dinheiro que você encontrou
no meu quarto, tem muito mais? – Facada provocou.
— Eu diria que agora você está falando a minha língua. – Crioulo se
interessou.
— Eis os meus termos: você liberta a minha mãe, sendo que eu vou, junto
com você e seus homens, levá-la para casa e me certificar de sua segurança;
depois, eu te digo onde está o dinheiro e você faz o que quiser comigo. –
Facada definiu.
— Esse é o Facada que eu conheço, ditando as regras e me enfrentando como
ninguém mais tem coragem. Eu aceito os seus termos. – Crioulo disse e estendeu
a mão para Facada que a apertou e manteve a expressão séria.
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