segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O Motoqueiro das Trevas T01C03


IMPREVISTO

— Ian Rampinelli, o Motoqueiro das Trevas!
— Fala mais alto, Borba. O pessoal da outra quadra não escutou. – Ian brigou com o amigo. – Conseguiu o que eu pedi?
— É claro que sim. O que eu não consigo para você, amigão?
Ian e Borba se conheceram no exército, quando tiveram que cumprir o ano militar, com seus 18 anos. Tornaram-se grandes amigos e, juntos, aprenderam tudo o que se podia aprender sobre armas. Depois dali ficaram um bom tempo sem se ver, pois decidiram trilhar caminhos diferentes. Ian foi estudar Direito e Borba resolveu seguir carreira.
Em uma missão de desarmamento, o jovem militar descobriu algo que mudou sua vida. Um dos presos por porte ilegal lhe revelou que as armas que eles recolheram valiam muito no submundo e que ele podia ganhar uma grana se as vendessem. No começo, Borba não ligou muito, mas ao descobrir que alguns soldados faziam isso para ganhar um extra, ele se revoltou.
Borba pediu ajuda a uns amigos e roubou as armas contidas no exército, e a partir daí começou seu negócio no submundo.
— Colete, pistolas, rifles, sawn-off e muita munição. – Ian conferiu.
— Ouvi dizer que a polícia resolveu dificultar a vida do Motoqueiro. – Borba comentou.
— Hum, não será um problema. Sei como eles agem, nunca conseguirão me pegar. – Ian disse confiante.
Em casa, o jovem advogado tinha acabado de tomar banho e estava pronto para passar gel e pentear o cabelo, quando a campainha tocou. Ele abriu o portão e foi até a porta receber a visita.
— Oi, Carol. O que está fazendo aqui? – ele quis saber.
— Não vai me dizer que esqueceu? Combinamos de revisar o caso do despejo dos Domingues. – ele lembrou-o.
— Ah, sim, claro. Sente-se. Vou pegar o que tenho. – ele disse.
— Espera! Posso colocar meu carro na sua garagem? – ela pediu.
— Não! – ele disse de modo abrupto.
— Por que não? – ela quis saber. – Agora que seus pais se mudaram você tem um espaço vago lá. Eu sei muito bem que cabem dois carros.
— Eu sei, mas é que eu coloquei outras coisas lá. Está tudo muito bagunçado. – ele explicou. – Mas não se preocupe, o bairro é tranquilo.
— Hum, está bem. Vai lá pegar seus papéis então. – ela disse indo sentar-se.


“Droga, eu tinha esquecido isso. A liberdade daquele estuprador me tirou do sério. Eu até poderia deixar para pegá-lo outro dia, mas tenho certeza de que ele vai agir essa noite. Afinal, assim que a sentença foi dada, ele jurou vingança a sua mulher, que foi quem o atingiu com uma panela, deixando-o inconsciente, e chamou a polícia. Preciso dar um jeito de tirar a Carol daqui. – ele pensou enquanto pegava os papéis. – Já sei!”
— Pronto. – ele disse.
— Ótimo. Vamos começar então.
— Uhum... – Ian disse gemendo e com as mãos na barriga.
— O que foi? Você está bem? – Carol perguntou.
— Acho que foi algo que eu comi. – ele respondeu fazendo uma careta. – Será que podemos deixar para outro dia?
— Mas a audiência é amanhã! – Carol quase gritou.
— Então acho que deveríamos fazer a revisão, separados. Não vou te acompanhar desse jeito e acabarei te atrapalhando. – ele disse.
— Tudo bem. Mas se prepare mesmo. – ela pediu ao levantar-se. – E melhore. – ela disse ao despedirem-se na porta.
Tão logo o carro da morena sumiu de vista, Ian correu para se arrumar. Penteou o cabelo, pôs a camiseta preta, a jaqueta de couro, a calça jeans preta e o coturno. Na garagem, equipou a moto com algumas armas e colocou algumas na jaqueta e na calça. Vestiu o capacete e pôs os óculos escuros com visão noturna. Abriu a porta da garagem e o portão.
— Está na hora do Motoqueiro fazer justiça. – ele disse segundos antes de sair com sua moto, fazendo barulho por onde passava.

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