— Por favor, não me mate! – implorou o homem sentado na cadeira.
— Dê-me um bom motivo. – retrucou o homem de jaqueta de couro e óculos escuros que apontava uma arma com um silenciador.
— Eu tenho mulher e filha que precisam de mim.
— Você não pensou nisso quando decidiu roubar o fundo de aposentadoria dos funcionários da sua empresa, não é?
— É claro que pensei, foi por elas que fiz isso. Você não entende? – o homem sentado disse aumentando o tom de voz.
— Ei, ei! Diminui essa voz aí. Quer apressar sua morte? Lembre-se que você só está vivo ainda porque estou de bom humor hoje. – o homem de preto disse.
— E por que você quer me matar? Eu já estou sendo julgado e...
— Você vai devolver tudo o que roubou de uma única vez, não é? Eu sei como funciona. Será feito um acordo e seus funcionários irão receber parcelas mínimas pelo resto da vida. – o motoqueiro devolveu.
— E como me matar vai resolver tudo? – o homem sentado quis saber.
— Simples. Com sua morte, todo seu dinheiro irá para sua mulher e filha. E elas sim irão devolver tudo de uma vez. – explicou o homem armado.
— Como você sabe?
— Eu já falei com elas. Não nesse traje, é claro.
— Quem é você? – o empresário perguntou.
— Acho que não faz diferença você saber agora. Eu sou o advogado de um de seus funcionários. – o homem de jaqueta respondeu.
— E por que você faz isso? Eu digo, matar as pessoas, fazer justiça com as próprias mãos. Deve ter um motivo. – o homem sentado indagou.
— Não é da sua conta. E já chega de papo. – o homem de óculos escuros apontou firmemente a pistola.
— Por favor, espera! Você mesmo disse que não faz diferença. Por que não me conta? Aposto que ainda não falou sobre isso. – o empresário insistiu.
— Meu irmão. – o motoqueiro começou e baixou o braço com a arma, fazendo o homem sentado relaxar. – Ele tinha acabado de passar num concurso da prefeitura, estava super feliz. Era novo e cheio de vida. Dois meses depois, sem mais nem menos, na volta do trabalho, ele foi parado por um homem que, segundo testemunhas, só perguntou o nome dele antes de atirar. Assim que soube disso, eu saquei que tinha sido uma morte encomendada. – ele fez uma pausa, olhou pela janela e continuou. – Com o retrato falado feito por uma testemunha, eles encontraram o atirador. Sem muito trabalho, ele foi condenado e preso... Para uma semana depois ser solto sem nenhum problema. – o homem armado ergueu o tom de voz. – Desde então, tenho feito o que a polícia e a justiça não fazem: punir os culpados de modo definitivo.
— Sinto muito pelo seu irmão. – o empresário falou.
— Obrigado. Pena que não posso dizer o mesmo sobre você. Sua hora chegou, Sr. Odessa. – o homem de preto disse e apertou o gatilho.
— Espere, por fav... – antes de terminar a frase, um tiro atingiu o meio da testa do empresário, fazendo sua cabeça pender para trás.
O motoqueiro saiu da casa pela porta da frente, como se ali morasse. Na tranquilidade momentânea do bairro, ninguém achou estranho uma moto sair da residência dos Odessa.
No outro dia, todos os policiais e peritos no local ficaram abismados e boquiabertos, quando viram o delegado chegar à cena do crime. Para fazer algo assim é porque o caso era de prioridade máxima e ele mesmo iria liderar a investigação.
— Foi ele, não foi? – o delegado perguntou.
— Sim, senhor. Mas como o senhor... – o detetive Vidal começou e logo obteve a resposta.
— Tinhas rastros de moto na frente da casa. – o delegado respondeu. – Essa é a quinta morte em uma semana. Precisamos pegar esse cara logo, Vidal.
— Estou trabalhando nisso, senhor. – o detetive concordou.
— Mas, delegado Biaco, o Motoqueiro até agora só tem matado criminosos. Dessa maneira, ele não está, o senhor sabe, ajudando a polícia? – um policial perguntou e após um silêncio ensurdecedor, o delegado respondeu furioso.
— É isso o que você pensa, rapaz? Pois eu tenho um recado para você e para qualquer oficial que seja a favor do Motoqueiro: “Prender esse homem que se acha no direito de fazer justiça com as próprias mãos é prioridade em todos os distritos de Curitiba. Se não concordar com isso, pode entregar seu distintivo e ir para casa”. – o delegado disse e todos engoliram em seco.
Muito bom!
ResponderExcluirTa faltado um justiceiro desse na vida real. Essa justiça do Brasil é um verdadeiro circo.
Gostei muito!
Uauuuuu quero um super heroi desse. Uma história que prende a gente na leitura. Parabéns.
ResponderExcluirbjks doces