CASCAVEL
Quando a bomba que caiu em Itaipu explodiu, além de espalhar uma onda de
radiação nas cidades mais próximas, ela causou um tremor que resultou no pânico
e êxodo da população do oeste paranaense. Décadas depois, eram poucos os
habitantes daquelas cidades. Cascavel, por ser a maior, era a que mais possuía.
Seu centro se tornou um labirinto de ruínas. Os pequenos grupos se concentravam
na periferia.
— Nosso dinheiro está acabando. – Jéssica lembrou, quando Nanda parou o
carro em frente a um restaurante.
— Não se preocupe, vamos dar um jeito. – a loira disse.
Elas entraram e pediram uma refeição para cada. Enquanto comiam, um bando
de cinco homens entrou no estabelecimento. O maior deles foi direto até o
balcão do caixa.
— Cadê meu dinheiro, Martinez? – o homenzarrão perguntou.
— Eu não tenho. Faz tempo que não tenho tido clientes. – o dono do
restaurante explicou.
— Então me dê tudo o que tem. – o líder do bando disse.
Jéssica se mexeu na cadeira e fez menção de pegar sua arma, mas a amiga a
parou.
— Não, ainda não. – Nanda disse. – Continue a comer e siga a cena com os
ouvidos. – a loira sussurrou.
O homem grande passou a mão no caixa e pegou tudo o que tinha, bateu no
dono do restaurante e entregou o dinheiro a um de seus capangas.
— Guarde isso, Riposte. – ele disse.
— Sim, Montanha. – o comandado respondeu.
— Amanhã, virei buscar mais e é melhor que tenha mais que essa merreca. –
Montanha avisou enquanto saía com seu bando.
Assim que o bando saiu do restaurante, Nanda levantou rapidamente, pegou
uma quantia de dinheiro e colocou sobre a mesa.
– Vamos! – ela disse e puxou a amiga bruscamente.
– Pra onde? – Jéssica perguntou, confusa.
A loira entrou no carro e apertou um botão que acionou um dispositivo que
lançou um pequeno aparelho no carro da frente, que já estava sumindo de vista.
– Por que você fez isso? – Jéssica perguntou. – Espera! Você está
pensando em...
– Nós vamos segui-los. – Nanda respondeu com um sorriso.
Ao chegarem na localização marcada pelo rastreador que lançaram no carro,
as duas amigas se viram no que, um dia, foi o bairro nobre da cidade. As
grandes mansões com seus belos jardins agora eram habitados pelos mais
inescrupulosos bandidos do oeste. Eles criaram portões e fecharam as ruas,
criando um bloco de quatro quadras só para eles.
Cada um tinha sua própria mansão. Na frente do portão principal, havia
dois guardas. Jéssica e Nanda pararam o carro a algumas quadras do local e
foram andando até o portão de entrada.
– Queremos falar com o Montanha! – Nanda disse.
– Quem quer falar com ele? – um dos homens disse e pôs a mão na arma.
– As garotas do restaurante. Ele vai saber.
Assim como Nanda imaginou, Montanha ficou intrigado ao saber que tinha
duas mulheres querendo falar com ele e as deixou entrar. Após serem revistadas,
elas foram levadas até o chefão do bando.
– Então, senhoritas, em que posso ser útil? – ele disse, sentado em uma
poltrona na sala da maior mansão da quadra.
O local estava repleto de bandidos, todos bem armados e prontos para
qualquer situação. Elas já tinham conversado sobre isso e também estavam
preparadas.
– Vim trazer algo que você esqueceu no restaurante. – Nanda disse.
– O que? – Montanha perguntou sem saber o que poderia ser.
– Isso! – ela disse e rapidamente pegou a arma que carregava em seu cinto
invisível.
A arma de Nanda era especial, criada pelo próprio Dr. Cintra, assim como
o cinto que ela e Jéssica usavam. A munição não era composta por projéteis e
sim energia. Para não haver chance de reação, a loira atirou bem no meio da
cabeça do homem grande. E antes que os outros pudessem sacar suas armas, ela
atirou em mais três, enquanto Jéssica acertou outros quatro. Nanda deixou um
vivo de propósito para interrogá-lo. Após um momento de relutância, ele revelou
que todo o dinheiro roubado dos moradores estava em um quarto no andar de cima.
As duas subiram e acharam rapidamente o cômodo. Encheram duas mochilas
com as notas, joias e barras de ouro que ali havia. Quando foram sair, ouviram
passos e vozes agitadas. Do topo da escada atingiram o primeiro e o usaram como
escudo para descerem, enquanto atiravam.
Após matarem todos da casa, correram pela rua para saírem de vez do covil
dos bandidos. Abateram os guardas do portão e chegaram ao seu carro. Antes de
irem para a estrada, as amigas passaram no restaurante novamente.
– Divida isso entre os moradores. – Nanda disse deixando uma das mochilas
na porta do estabelecimento e voltou para o carro.
– Você é doida, sabia, Nanda? – Jéssica disse ao dar partida no carro.
– Talvez, mas agora temos dinheiro. – a loira lembrou.
– É verdade e ainda ajudamos as pessoas. – a morena emendou.
– E nos divertimos! – Nanda falou e as duas riram.
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