CONFIANÇA ABALADA
O dia do pagamento chegou e, desta vez, foi mais fácil que a anterior,
pois os valores eram fixos, não como as jóias. Por esse motivo, Léo não
precisou ficar de olho na hora da avaliação, o valor era aquele e pronto.
— Aqui estão, senhores! Por mais um trabalho bem feito, a merecida parte
de vocês. – anunciou o Sr. Barton. – Por favor, confiram.
Eles não duvidavam que seu financiador tinha colocado a quantia certa nas
malas, mas era um procedimento padrão. Dessa maneira, no final da contagem,
cada um chegou ao exato valor de 500 mil reais. O empresário estava pronto para
ir embora, quando Taís falou.
— Sr. Barton, sei que o plano do Joel são quatro assaltos, mas
conseguimos quantias consideráveis nos dois primeiros. Acho que já podemos parar.
– a mecânica disse.
— Parar? – o financiador repetiu. – Ainda não contou para eles, Joel? –
ele perguntou e o líder do grupo ficou de cabeça baixa. – Entendo. Bom, pelo
visto, vocês precisam conversar. Já está na minha hora mesmo. Até mais. –
Barton se despediu. E saiu.
O grupo esperou que seu líder se pronunciasse, mas ele nada disse. Foi
Bomber quem quebrou o silêncio.
— Joel, você nos deve uma explicação.
— Eu sei. – Joel conseguiu dizer e levantou a cabeça. Olhou para os
rostos surpresos, confusos e nervosos que o encaravam. Enfim, contou-lhes toda
a conversa que teve com Barton duas semanas antes.
— Por que não nos contou isso antes? – Léo quis saber.
— Eu não sei. – Joel confessou. – Em parte porque imaginei que seria
melhor se não soubessem. Mas também não houve realmente uma oportunidade desde
que nos reunimos novamente. Espero que me perdoem por isso.
— Nós confiamos em você, Joel. Cegamente, desde o começo. – Taís disse. –
Não é legal saber que você escondeu algo de nós. Ninguém está brincando aqui.
Se formos pegos, já era.
— Não necessariamente. Estamos no Brasil. Não ficaremos para sempre
presos. – Facada disse.
— Acredita mesmo nisso? – Léo interveio. – Isso funciona para os peixes
grandes. Somos meros ladrões. Ninguém vai se importar conosco.
— E como sua mãe reagiria a sua prisão? – Bomber emendou.
— Olhem, o Joel deve ter tido seus motivos para omitir essa informação.
Não sou que vou questioná-lo, pois até hoje, ele nos levou ao sucesso. – Facada
disse, desconversando, irritando-se e ficando de pé. – Estamos perdendo tempo e
nos estressando à toa aqui. – ele disse, pegou sua mochila e se dirigiu para a
porta de saída. – Joel, conte comigo até o fim de tudo. – disse e saiu.
— Obrigado, Facada. – o líder agradeceu. – Eu devo ir também. Pensem e
reflitam sobre tudo. E depois me digam o que decidiram. – Joel pegou sua
mochila e saiu também.
Assim que o amigo saiu, Charger, que havia ficado quieto durante toda a
discussão, levantou, o que chamou a atenção dos demais restantes.
— Eu já volto. – ele disse.
Joel estava quase na esquina da quadra, quando ouviu ser chamado.
— Espere, Joel. – Charger gritou. – Não fique assim. – disse ao alcançar
o amigo. – Eles estão surpresos. Vai passar.
— Eles precisam de um tempo. E eu também. – Joel replicou. – Talvez, isso
tudo tenha sido um erro, Charger. Nunca devíamos ter começado essa onda de
roubos.
— Ei, não diga isso! Estamos indo tão bem. Logo isso acaba e você verá
que foi a melhor coisa que fizemos. Além do mais, eu estou aqui, lembra? – Joel
sorriu com as palavras do amigo. – Vou falar com eles, mas me diga qual será o
próximo local. Isso vai melhorar o humor deles. – Charger pediu.
— Nós passamos por ele em nossa fuga do museu. – Joel disse.
— Não?! – Charger espantou-se e Joel sorriu. – Como você é ousado, Joel
Dasco!
— Eu disse que iríamos agitar essa cidade. – o líder disse e estendeu a
mão para o mecânico.
Os dois amigos apertaram-se as mãos fortemente e Joel estava tão animado
quanto quando teve a ideia dos quatro assaltos.
Cara, comecei a ler este conto, então percebi que tem continuação e estórias anteriores.
ResponderExcluirJá me programei para ler todos.
É o tipo estória que gosto.
Já quero saber como termina.
Dá um bom livro.