quinta-feira, 6 de junho de 2013

Caos Urbano T01C06

ESCONDERIJO

Dois homens e duas mulheres, mas a diferença de gênero não diminuía a quantidade de lágrimas que escorria pelo rosto de cada um. As chances de um deles ser escolhido seriam bem maiores desta vez. Não bastava não ser sorteado uma vez, teria que passar por uma segunda vez.
E eles sabiam o que aconteceria. Na primeira noite, o filho tinha os obrigado a assistir o pai matar a primeira vítima. Ele amarrou os braços do refém num galho acima da cabeça e seus pés em uma estaca no chão, deixando-o imóvel. Em seguida, começava o espancamento. Socos e chutes em todas as regiões.
Devido à mordaça, a vítima não podia gritar e sua dor reprimida era ainda maior. Depois de deformar o corpo da pessoa, o assassino fazia vários cortes superficiais para aumentar o sofrimento. Para finalizar, ele cortava o dedo do pé, com a vítima ainda viva e a deixava lá até morrer. O assassino ia começar o sorteio quando ouviu um barulho que os reféns não ouviram. Ele levantou e foi para o quarto dele.
Do lado de fora da cabana, a Detetive Marins acabava de pisar em um galho seco, enquanto espiava pela janela da sala. Ao confirmar que os reféns e os bandidos estavam lá mesmo, ela avisou seu parceiro para chamar a equipe tática e se levantou. Quando virou deu de cara com o homem que vira no vídeo.
― Você! – ela disse e levou à mão direita ao coldre para pegar a arma.
Plínio reagiu rápido e acertou a mão da morena com o pé de cabra que carregava. Ela urrou de dor e ele emendou outro golpe acima, no cotovelo, causando outro grito da oficial. Após a segunda batida, ela caiu no chão.
― Que barulheira é essa, aqui? – disse o Valdetaro pai, chegando atrás do filho.
― Ela estava nos espionando. – o mais jovem respondeu.
― E você vai nos denunciar fazendo-a gritar desse jeito. – o velho repreendeu.
― Pode deixar, o próximo vai ser na cabeça. – Plínio garantiu.
Assim que o assassino levantou o braço para atacar, Raquel atirou e acertou a região do bíceps de seu oponente.
― Droga, eu sou péssima com a mão esquerda. – ela resmungou e levantou para ter uma mira melhor.
― Essa não vai cair tão fácil. – o pai disse e puxou o filho para o lado. – Já que você já fez tanto barulho, vamos terminar. – ele disse e apontou a espingarda que segurava, para a detetive.
Nesse momento, o Detetive Pérez surgiu da floresta e apontou a arma para o Valdetaro armado.
― Parados! – ele gritou. – Largue a arma e você talvez tenha uma chance, Valdetaro. Esse lugar logo estará cheio de policiais fortemente armados. – Jorge avisou.
― Até lá, posso levar pelo menos um de vocês. – ele disse e mirou a cabeça da morena.
Ela fez o mesmo e enquanto a tensão tomava conta do lugar, Plínio trocou o pé de cabra de mão e avançou em Raquel. Aproveitando a distração da detetive, o velho Valdetaro decidiu atirar, mas Jorge estava atento e atirou na mão do velho antes. A morena se jogou para a esquerda para evitar o golpe do assassino e, enquanto caía, girou o corpo e atirou no meio das costelas do homem, que caiu de vez.
― Você está bem? – Jorge perguntou ao chegar nela.
― Sim, eu acho. – ela disse e viu o assassino mais velho fugir. – Ele está fugindo. – ela avisou.
Quando seu parceiro foi levantar para persegui-lo, a equipe tática chegou, cercando o local e impedindo a saída do criminoso.


No dia seguinte, após ter seu braço enfaixado e voltado para o trabalho, Raquel foi chamada na sala do Delegado Rocha.
― Mandou me chamar, senhor? – ela disse ao entrar.
― O que você está fazendo aqui, garota? – ele perguntou indignado. – Você devia estar em casa descansando.
― Já estou bem, delegado. Obrigada por se preocupar. – ela disse.
― Se é assim, permita-me lhe dar os parabéns. Você foi muito bem em seu primeiro caso de homicídio. – Rocha cumprimentou.
― Obrigado, senhor. Só fiz o meu trabalho. – ela agradeceu sem jeito.
― Já que está tão disposta, – ele disse e pegou uma pasta com papéis. – tenho aqui um novo caso para você. Mas vou entender se preferir descansar até seu braço direito ficar bom.
― Não é necessário, senhor. Descobri que me viro muito bem com a esquerda. – ela disse e pegou a pasta. – Vou avisar o Jorge. – ela disse e se virou para sair.
― O Jorge já está com outro caso. – Rocha disse e a moça parou.

― Oh! – ela disse. – Bom, mais um motivo para eu começar logo a investigação. – finalizou e saiu.

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