ESCUTA
― Agora você sabe como eu me
sinto. – Rubens disse.
― Já invadiram sua casa e
destruíram tudo que tinha? – Carla rebateu.
― Não, normalmente tentam tirar
minha vida. – ele respondeu.
― Espera, e se essa foi a ideia
deles? Se a gente não tivesse saído juntos, Rubens, eu estaria aqui quando eles
chegaram. – ela disse e começou a chorar.
― E, muito provavelmente, não
estaria respirando agora. – ele completou e recebeu um forte abraço da amiga. –
Pegue suas coisas. Você vai passar a noite na minha casa. – ele disse.
― Achei que só tivesse uma cama
na sua casa. – ela se lembrou de quando a índia Kaluana o visitou.
― Sim, mas faz tempo que eu não
durmo no sofá. – ele disse e sorriu.
Carla pegou algumas peças de
roupas, objetos de higiene pessoal e acessórios femininos como estojos de
maquiagem. O apartamento de Rubens era pequeno com apenas um quarto e a sala
era conjunta com a cozinha.
― Fique à vontade! – ele disse
abrindo o quarto para ela.
― Muito obrigada. Agora, com
licença, que eu vou tomar um banho, espero que seu chuveiro esquente bem. – ela
disse e, com um sorriso, fechou a porta.
Rubens foi olhar sua geladeira e
confirmou que nada havia para comer. Decidiu sair rapidamente para comprar
algumas coisas para um simples jantar. Carla terminou o banho e saiu vestindo
uma regata branca e um short azul. Procurou pelo amigo, mas não o viu. Ainda
secando seus loiros cabelos curtos, ela sentou na cama e esperou. Não muito
depois, ele retornou.
― Onde você foi? Por que não me
avisou que ia sair? – ela perguntou se levantando com os cabelos úmidos.
― Fui comprar comida. Não costumo
ter em casa, sempre como fora. – ele explicou.
― Então, também não deve saber
cozinhar, não é? – ela devolveu e pela expressão no rosto dele, continuou. –
Fazemos assim: enquanto eu preparo nosso jantar, você vai tomar um banho. –
Carla disse e o empurrou até o banheiro.
Rubens comprou alguns ovos, carne
moída, tomate, batata e cenoura, e alguns pães. Sem muita opção, a jornalista
decidiu misturar tudo e depois comer com pão. Enquanto cozinhava a carne e as
verduras, ela foi pegar algo no quarto. Nesse momento, Rubens saiu do banheiro
apenas de toalha.
― Oh! Desculpa, Carla, eu achei
que você estaria na cozinha. É que eu esqueci de levar roupa limpa e... – ele
se explicou.
― Tudo bem, sem problemas. – ela
disse e começou a se aproximar. – Sabe, a gente já saiu algumas vezes e eu sei
que rolou um clima. Sei que você também sentiu, e talvez por causa das matérias
que investiga, você pensa que não pode investir em uma relação. Mas você pode,
Rubens. – ela disse.
― Carla, o que você... – ele
começou a dizer e ela pôs dois dedos nos lábios dele.
― Shh! Deixa rolar. – disse e
puxou a cabeça do jornalista na direção da sua.
Os dois se beijaram lenta e apaixonadamente,
em seguida as mãos de ambos começaram a descer e, assim como a toalha de Rubens
caiu, a regata de Carla subiu. Na cama, uma sequência de carícias e prazer
preencheu a noite deles.
Ele foi o primeiro a acordar. Ao
ver a mulher ainda dormindo ao seu lado, percebeu que não seria ruim acordar
todo dia com aquela visão. Levantou e preparou um café da manhã para os dois.
Levou em uma bandeja e, ao chegar lá, Carla já tinha acordado.
― Não sabia desse seu lado romântico,
Rubens. – ela disse e o recebeu com um beijo na boca.
― Que bom. É bom surpreender as
pessoas. – ele devolveu.
― Eu gosto disso. – disse e
começou a cortar um pão.
― Então, pronta para hoje? – ele
perguntou enquanto tomava um gole de café.
― Ansiosa. – ela respondeu.
― Que tal sabermos se o seu novo
inimigo também está tão empolgado assim? – ele propôs e ela fez expressão
confusa. – Ontem, além de ver os e-mails e últimos sites acessados do doutor,
eu também coloquei uma escuta no consultório dele. Sabe como é, só para
garantir. – ele explicou, pegou o notebook e abriu um programa.
― Eu sei que vamos perder muito
dinheiro hoje. – o Dr. Guramo disse, como não houve resposta, os jornalistas supuseram que ele estava no telefone. – Já mandei darem um fim naquela repórter
intrometida e também já sei como fazer para recuperar o que perdermos. – ele
disse. – Assim que acabar essas 24h de graça, cobramos tudo o que foi gasto com
cada paciente em suas contas. Eles não vão saber o que é e quando perceberem
suas contas já estarão vazias. – disse e gargalhou forte.
Rubens e Carla se olharam com
expressão preocupada.
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