PIRATA DE
COMPUTADOR
O local estava cercado, não tinha
como ele fugir. Mesmo assim, os policiais da equipe tática faziam o menor
barulho possível. O Detetive Perez conseguiu permissão para fazer parte da
operação de campo. Colocou um colete por cima de sua camisa e gravata, e
preparou a arma. Foram meses de investigação que levaram àquele momento, ele
não perderia por nada.
Um dos policiais arrombou a porta
do apartamento, e todos seguiram atrás dele. Foram encontrar o alvo na cozinha,
fazendo miojo.
― Everton Benck, você está preso!
– Jorge anunciou e deu a volta por trás do bandido para algemá-lo.
― Estou? – disse de modo
zombeteiro e riu estridente e agudamente.
O Detetive Perez olhou ao redor,
mas não havia necessidade de mais evidências. Benck seria condenado com o que
já tinham. Naquela noite, ele dormiu tranquilamente, seu trabalho havia sido
feito, o sentimento de dever cumprido estava presente. Acordou com o celular
tocando.
Era do Instituto de
Criminalística. Quando chegou lá, teve uma grande surpresa, para a qual não
estava preparado.
― Jorge! – Raquel exclamou quando
o viu? – O que está fazendo aqui? – perguntou.
― Oi, Raquel! – ele cumprimentou.
– A Ana me chamou, e você?
― Também. – disse e estreitou o
olhar. – Quer nos explicar o que está acontecendo, Ana? – ela perguntou para a
perita.
― Agora que os dois estão aqui,
sim. – ela disse sem se alterar. – Ontem, o Jorge prendeu um dos maiores
procurados por fraude e comércio ilegal na internet, Everton Benck. – ela
informou.
― Um pirata de computador. –
Raquel definiu.
― Pode ser chamado assim. Enfim,
eu fiquei responsável por analisar o computador dele. E você não vai acreditar
no que encontrei. – Ana disse e chamou a detetive mais para perto. – Veja!
― Oh, meu Deus! – a morena de
cabelos cacheados exclamou ao ver a tela. – É o mesmo modelo?
― Idêntica a que você nos trouxe.
– explicou.
― Desculpem interrompê-las, mas
eu estou meio perdido aqui. – Jorge disse.
― Eu explico. – Raquel disse e
contou tudo sobre seu novo caso e as descobertas e suspeitas que fez.
― Você está achando que o melhor
médico neurocirurgião de Curitiba é um assassino? Será que eu não posso deixar
você sozinha que dá nisso? – ele disse e gargalhou.
― Eu tenho evidências e não
preciso da sua opinião. – a detetive devolveu com raiva. – Ana, você tem como
ver as datas de compra do Benck e do hospital? – perguntou.
― Sim. Você quer saber se elas
vão bater, não é? – disse ao mesmo tempo em que digitava. – Assim terá uma
ligação entre o Benck e o Terom.
― Exatamente. – Raquel sorriu e
olhou para Jorge.
― Sinto muito, amiga. O Benck
comprou duas semanas antes do doutor. – a perita informou.
― E saiu a análise da serra que
eu trouxe? – a detetive quis saber.
― Nunca foi usada. – Ana disse em
um tom triste.
― Entendo. – Raquel disse de modo
resignado, mas logo mudou para um tom animado. – Então, o Benck é minha próxima
pista. Vou interrogá-lo.
― E eu vou junto. – afirmou
Jorge.
― Como é que é? Nem pensar.
Primeiro, você some sem falar nada e agora quer ser meu parceiro de novo? Nada
disso. – Raquel disse.
― Benck é o meu caso, se ele está
envolvido em algo a mais, eu quero e vou participar. – Jorge definiu.
― Que seja. Vamos nessa. – ela
disse e foi saindo. – Obrigada, Ana!
― Como está o braço? – Jorge
perguntou quando já estavam no corredor.
― Está bem, já estou fazendo tudo
muito bem com o esquerdo. – a detetive respondeu e então reparou. – Ei, não
puxe assunto comigo. Ainda estou brava com você.
― Esse dois. – Ana disse para si
mesma quando eles já estavam longe.
Graças a seu curso superior,
Benck estava em uma cela sozinho. Ele ouviu passos e então um policial surgiu
na frente com a refeição da manhã.
― Aqui está, escória. – o oficial
disse em voz alta.
Embaixo do copo de água,
encontrava-se um bilhete que dizia: “Bom trabalho, Benck. Aguenta mais um pouco
aí, essa noite mesmo você sairá da prisão”. O pirata terminou de ler e deu uma
alta gargalhada aguda.
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