SUSPEITO
O Hospital Amadeu Polvilho se
tornou um grande centro de referência em seus 20 anos de existência, muito
graças a seu dono e principal médico, o neurocirurgião Doutor Terom. A Detetive
Marins usou seu distintivo para passar pelos setores do local até chegar ao
consultório de seu dono.
― Não costumo fazer encaixes de
pacientes, detetive. – ele disse após deixá-la entrar.
― Pode ficar tranquilo, não foi
para isso que vim. Estou muito saudável por sinal. – ela devolveu.
― Não é o que esse braço mostra.
– o médico reparou.
― Ah, isso. Foi um acidente de
trabalho, já estou bem. Como eu disse, não se preocupe. – ela reafirmou.
― Muito bem. Então em que posso
lhe ser útil? – ele perguntou.
― Estou investigando um
assassinato e, após análise pericial, foi descoberto que a arma usada para o
crime veio desse hospital. – ela disse.
― Essa é uma acusação muita
séria, Detetive.
― Sim. O equipamento em questão é
uma serra para cortar membros. – ela informou.
― Sei qual é, mas sinto lhe
informar que nosso equipamento ainda não chegou a ser usado e ele é muito bem
guardado. – Terom informou.
― Então não vai se importar de me
mostrar. – Raquel pediu.
O médico a levou para o local em
que ficavam guardados os materiais cirúrgicos. E lá estava ela, na segunda
prateleira de uma estante. Uma bela serra com muitos dentes afiados de variados
tamanhos para facilitar o corte.
― Receio que terei que levá-la
para análise pericial. – a detetive disse.
― Eu entendo. – o doutor
respondeu e chamou um enfermeiro que estava próximo. – Espero que as coisas se
resolvam logo. – ele disse à morena assim que o rapaz foi embrulhar o
equipamento.
― Eu também, doutor. Eu também. –
ela disse e recebeu a serra em uma caixa. – Até mais.
― Espere! – ele pediu. – Posso
ter a honra de saber o nome da bela detetive que me interrogou? – ele disse
galantemente e a fez sorrir.
― Sim, desculpe-me. Meu nome é
Raquel Marins. – ela respondeu e foi.
Do hospital, ela seguiu de volta
para o Instituto de Criminalística para deixar a possível arma do crime. De lá,
voltou para a delegacia, onde decidiu começar uma pesquisa sobre o médico que a
recebera de modo tão solícito.
― Solícito até demais. – ela
pensou.
Galvão Terom sempre foi um médico
muito dedicado. Com a ajuda do pai e de alguns amigos que entraram com o
capital, ele construiu o hospital que se tornaria seu legado. Viciado em
trabalho, ele tentava manter seu casamento e o hospital, mas este sempre
vencia. Após uma ameaça de divórcio por parte de sua mulher, Terom decidiu
levá-la para uma segunda lua de mel.
No caminho para o aeroporto, o
carro em que estavam sofreu um acidente e sua mulher morreu na hora. Depois
disso, seu comportamento mudou totalmente. Ele ficou ainda mais sério e viciado
em trabalho. Passou a dormir ainda menos e nunca saía para se divertir. Sua
filha mudou de cidade para ficar longe dele. Por fim, ele comprou um
apartamento ao lado do hospital para estar perto sempre que fosse necessário.
Após ler essa biografia, Raquel
pensou e juntou todas as peças que tinha, mas a conclusão a que chegou não lhe
agradou muito.
― Não, não pode ser isso! É muito
insano! – ela disse em voz alta.
― Disse alguma coisa, Raquel? –
perguntou um estagiário que passava ao lado de sua mesa.
― Não. – ela disse e ele
continuou seu caminho. – É só que... eu acho que meu assassino está tentando
montar uma nova mulher para ele. – ela falou para si mesmo em voz baixa.
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