quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Adversários eleitorais


No dia de entregar a ficha de inscrição, Alex chegou mais cedo para mostrar interesse e fazer antes das aulas começarem, mas quando chegou lá, ele percebeu que não foi o único a ter essa ideia.
– Lemos! Você veio mesmo. – gritou Yago, assim que viu Alex. – Achei que ia desistir no último minuto.
– Como sabia que eu ia concorrer? – perguntou Alex, confuso.
– Ora, não é surpresa pra ninguém que você tava fazendo uma chapa. Afinal que outro motivo você, uma nerd e um jogador popular teriam pra andar juntos? É, foi aí que eu notei. – explicou o rapaz.
– O que você ta fazendo aqui, Yago? – Alex disse, irritado.
– Achei que tava na cara. Vim inscrever minha chapa. – respondeu Yago.
– Como é que é? – disse Alex sem acreditar. – Você é a pessoa mais sem escrúpulos e moral que eu conheço nesse colégio. Duvido que alguém vote em você.
– Não é uma questão de acreditar, Lemos. É um fato que vai acontecer, acostume-se. – começou Yago e chegou mais perto de Alex. – Para você não dizer que sou malvado, te dou uma chance de se juntar a mim, porque você sabe...
Enquanto Yago fazia seu discurso, Alex desviou o olhar para a outra pessoa que estava ali também. Uma menina loira, um pouco mais baixa que ele, esperava à porta da sala dos professores, lugar que Alex estaria se não tivesse sido abordado por seu ex-amigo. Sim, Alex e Yago já foram amigos, eles andavam juntos, mas as atitudes deste fizeram os separaram.
Encarando a menina, o rapaz tentava se lembrar de onde a conhecia. Ela, parecendo perceber que estava sendo observada, olhou também e quando seus olhares se cruzaram, Alex lembrou.


Seu nome era Emanuelle Rodrigues e era admirada por todos, inclusive pelo presidente da chapa Abalo Sísmico. Sua beleza e inteligência eram invejadas pelas meninas e idolatradas pelos meninos. Foi no quarto ano que tudo mudou.
Alex não andava com a melhor companhia na época e, um dia, na eterna guerra entre meninos e meninas, o lado masculino fez seu movimento. Um menino que sentava ao lado de Alex mascava um chiclete e o jogou no cabelo de Emanuelle, felizmente abaixo da linha da orelha, mas ainda assim atingiu uma grande região.
Ela teve que cortar o cabelo bem curto para a retirada do chiclete. Sua popularidade acabou, sua beleza mudou, suas notas caíram. No momento do golpe, quando ela olhou para trás, viu apenas o rosto de Alex, perplexo e imóvel, enquanto o verdadeiro culpado fingia dormir do lado do garoto. Quando seus olhares se encontraram novamente, no corredor, ela só conseguiu fechar a cara e virar o rosto.
– ... e você não vai ganhar porque você não é popular, Lemos, nunca foi... – Yago continuava.
– Dá licença, Yago. – Alex pediu e passou pelo rapaz.
– Ei, eu ainda não terminei. – reclamou Yago.
– Oi. – cumprimentou Alex, chegando perto da garota, que virou o rosto. – Eu quero que você saiba que não fui eu que joguei o chiclete em você.
– Sério? – ela disse espantada. – Você demorou anos para vir falar comigo para me dizer que não foi você?
– Bom... é. – ele admitiu.
– Espero que tenha valido a pena proteger o culpado, porque sempre que eu lembro aquele dia é o seu rosto que eu vejo, é você que eu culpo, é você que eu amaldiçoo. – Emanuelle disse quase gritando.
– Não, não valeu. E você não sabe como eu me sinto péssimo agora. Eu era um dos seus maiores admiradores, tudo que eu sempre quis foi ser próximo a você. Será que não podemos começar de novo? Ser amigos? – sugeriu Alex.
– Talvez em outro momento, eu fosse boazinha e te desse essa chance, mas você escolheu a hora errada. Não podemos ser amigos. – ela respondeu.
– Por que não? – ele perguntou, curioso.
– Porque seremos adversários eleitorais... – ela disse e ele arregalou os olhos. – ... e porque aposto que você nem lembra meu nome.
– Ora, é claro que eu lembro, seu nome é... é... é...
– Emanuelle! Yago! Alex! – exclamou a professora Célia ao chegar no corredor. – Vocês chegaram cedo. – ela disse abrindo a porta da sala. – Venham, crianças, vamos conversar.
Alex foi o último a entrar e ao passar por ele, Emanuelle sorriu e levantou uma sobrancelha, enquanto Yago piscou de modo cínico.
              – Vai ser mais tenso do que eu imaginava. – ele pensou ao entrar.

6 comentários :

  1. Muito bom!!!Parecia que eu estava vendo um daqueles filmes americanos,que jovens buscam o mesmo espaço...hahhaaa...
    Ou foi impressão minha??
    Muito bom!!!
    Tem continuação?
    Bjs!
    Zilda Mara
    Cachola Literária

    ResponderExcluir
  2. RICKY, meu queridinho... pois é, sumi tantão, né!!?? Ui, senhor de fala difícil! Rrsrs...

    olha só, logo colocarei minhas visitas em dia, com prazer... prometo!!!!!!!

    Hj tirei um tempo pra responder aos comentários lá no blog, mas a partir de amanhã tirarei um tempo para ler as postagens de todos os meus amigos blogueiros...

    Bjkssss JoicySorciere - Blog Umas e outras...

    ResponderExcluir
  3. É, Lemos, a a coisa tá esquentando pro seu lado, haha
    Quando a gente pensa que teve aquela ideia genial, né? Mas aí vem outros e mostram que não fomos os únicos, que merda isso.
    É.. "Vai ser mais tenso do que eu imaginava" rs
    Beijos

    ResponderExcluir
  4. Xiiii, será que ele consegue competir no meio dessa confusão toda? Os adversários já deixaram claro que não facilitar, rsrs.
    Muito bom!
    Beijos
    Gisele Carmona
    http://giselecarmona.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  5. É, eu cheia das minhas histórias: Eu tenho uma ex amiga que a gente até tentou, mas éramos diferentes DEMAIS, com NADA em comum. E a "amizade" acabou. Uma alívio, tenho que confessar. kkkkkkkkk

    Alex demorou pra confessar que não foi ele, hein? Agora está penando para conseguir chegar onde quer.

    Bjus Ricky.

    ResponderExcluir
  6. Parece mesmo aquelas histórias americanas, q estamos acostumados de ver... Tipo, o meu Glee tem isso! kkkkk

    Adorei a materia (caramba, só escrevo isso né?)
    é pq eu adoro mesmo meu povo.

    Ha e Ricky, bjs... hehe

    ResponderExcluir