terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Glória e Lucy


Numa duplex do vigésimo com o vigésimo primeiro andar de um prédio no bairro Morumbi em São Paulo, encontravam-se Carpo e Ana, espantados com a beleza e o tamanho do apartamento. Glória levou-os a uma sala de estar e convidou-os a sentar, Lucy, sua filha, também se acomodou e foi servida de um copo de vitamina por uma empregada. A anfitriã ofereceu bebidas aos convidados, que aceitaram apenas água, enquanto ela servia para si um copo de uísque.
Glória Cesca tinha 36 anos, era alta, quase do tamanho de Ana; devido a sua profissão costumava usar terno e camisa; e os cabelos presos num belo coque no alto da cabeça; era morena, de olhos castanhos escuros; sua expressão era fria e fechada.
Quando chegou ao Brasil, ela teve alguns problemas com a mudança do idioma no colégio. Seu pai, Carlo, começava a trabalhar de pedreiro numa construção. Ele sabia que não ia conseguir manter o nível que sua família tinha na Itália, por isso ele decidiu crescer na empresa para pelo menos tentar dar um pouco do conforto que sua mulher e filha tinham.
Com muito trabalho e suor derramado, ele se tornou empreiteiro e então mestre de obras. Seu salário aumentou e a vida deles melhorou um pouco, mas a amargura de Glória não diminuiu e assim que pôde, decidiu mudar de vida. Com 15 anos começou a namorar o filho de um rico empresário. Ela foi a namorada perfeita, sempre junto, sempre apoiando, nunca contrariando. Foi assim até o casamento, 5 anos depois.
A noite de núpcias foi também a noite da concepção de Lucy. Quase na mesma época seu sogro morreu e seu marido assumiu a empresa. Por muitos anos foram apenas Glória e Lucy. Diogo Barbatto, o pai de Lucy, estava sempre ausente, e com o aumento da distância conjugal, ele passou a ter um caso com sua secretária.
Quando descobriu, Glória decidiu trabalhar na empresa junto com ele, pois já estava cansada de ser deixada de lado. Com o passar do tempo, ela fez contatos e amigos. A empresa cresceu, uma filial foi aberta em São Paulo e, logo, a Cesca viu sua oportunidade surgir. Após muito planejamento e conversa com advogados, ela pediu o divórcio, que obviamente foi litigioso. Glória provou o caso de Diogo com a secretária e o ameaçou fora dos tribunais. Ela sabia muita sujeira da empresa. No fim, ela ficou com metade de tudo e o comando da filial paulista. Ela nunca escondeu nada de Lucy, que sempre ficou do lado da mãe.


– Agora explica como você já sabia de tudo antes de eu chegar? Meu pai é que deveria avisar a todos. – pediu Ana.
– Digamos que o seu pai demorou um pouco pra tomar essa decisão. – disse Glória. – Meu pai, seu tio, morreu. Em seu leito de morte me contou.
– Oh! Sinto muito, prima. – disse Ana, sem palavras.
– E qual o segredo de seu pai, senhora Glória? – perguntou Carpo, curioso.
– Carpo! Não seja insensível! – advertiu Ana.
– Ta tudo bem, Anita. – disse a mais velha. – Gostei de você, rapaz. Direto, objetivo, é assim que tem que ser. – ela elogiou o economista. – O segredo que nosso avô passou para meu pai foi muito importante.
– E qual foi? – Ana quis saber.
– As três caixas com a herança devem ser abertas ao mesmo tempo. Isso mesmo! É preciso as três chaves para ter acesso ao conteúdo das caixas, mas já não importa mais. Elas se perderam mesmo. – disse Glória.
– Como assim? – perguntou o rapaz.
– A primeira coisa que fiz quando meu pai me contou isso foi ir ao correio do Rio de Janeiro que era onde ficavam estocados os pacotes estrangeiros. Nada havia lá, há anos foi demolida a sede e não encontrei nenhum indício de pra onde possa ter ido, se é que ainda existem. – ela explicou.
– Sabíamos que não seria fácil a busca pelas caixas, mas não foi só por isso que viemos aqui. – disse Ana.
– Pelo que mais? – quis saber Glória.
– Para avisar vocês duas sobre os Martiniani. – Ana disse e suas primas arregalaram os olhos.

3 comentários :

  1. Essa série está cada vez melhor, e quase se tornando a minha preferida!

    ResponderExcluir
  2. Que "marrenta" essa Glória hein?
    Foi decidida na vida e conquistou tudo o que queria!
    Beijos
    http://giselecarmona.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  3. Só tenho uma coisa a dizer: Mas como essa glória é sebosa, hein?
    Huahuahuahua.
    Que xeque mate deu no ex marido! Cruela Cruel teria medo de Glória.

    E pelo jeito, toda a família aprovou Carpo, né? Até a Antártida em pessoa. Huahuahua

    ResponderExcluir