domingo, 4 de dezembro de 2011

Passado mafioso


– Meu avô era um mafioso? – disse Ana, espantada depois de ouvir a história da família. – Mais importante, o senhor era um mafioso?
– Sim. – respondeu Giovanni. – Até seu avô nos mandar embora.
– Por que ele fez isso? – perguntou Carpo.
– No auge da crise, os Martiniani se aproveitaram do momento e atacaram outras famílias. A ideia deles era ser a única família e caso seus alvos não aceitassem eram mortos e saqueados. Seu avô soube quando iríamos ser os próximos e armou nossa fuga. Ele se sacrificou pela família, Ana.
– Ta, por que você não me contou isso antes? Por que esconder a existência de meus tios e primas?
– Muito bem. Depois de estarmos todos convencidos de vir para o Brasil, seu avô nos contou seu plano. – disse Giovanni, lembrando-se das palavras de seu pai.
Bene, ragazzi, voi sabem que nostra família tem uma grande fortuna. E é direito de vocês terem essa herança. Ma io no posso deixar voi levarem assim. Estão impedindo tutti de viajar com grandes quantias de denaro.
– E como ele fez pra distribuir o dinheiro para vocês? – quis saber Carpo.
– Ele colocou no correio e endereçou com nossos nomes alterados e nos deu uma chave para cada um abrir a sua caixa. Deveríamos receber as caixas um ano depois de chegarmos ao Brasil, mas depois de passado esse tempo eu fui tentar descobrir o que houve.
– E o que houve? – apressou Ana.
– Parece que teve uma confusão no correio da Itália e todos os pacotes pra fora do país foram enviados pouco depois que saímos. O fato é que nunca recebemos o tesouro da família Cesca. – explicou Giovanni.
– O senhor ou os seus irmãos nunca foram atrás? – perguntou o rapaz.
– Depois de um ano aqui, eu já estava estável financeiramente, não precisava mais daquele dinheiro.
– Ainda não entendo por que você nunca me contou isso. – Ana disse.
– Esperem, tem mais. Após cada um estar com sua chave, seu avô quis falar conosco separadamente. – informou Giovanni.
– O que ele disse? – Carpo perguntou curioso.


– Que por eu ser o filho do meio, eu iria ser responsável por avisar meus irmãos a hora de contarmos juntos para as nossas mulheres e filhas sobre nosso passado mafioso. Prometi que escolheria o melhor momento, o mais oportuno, obviamente eu não fiz isso. – respondeu o fazendeiro.
– O senhor disse que eles nos acharam, a quem estava se referindo? – lembrou a veterinária.
– Aos Martiniani. Tenho certeza que foram eles que tentaram raptar a filha da Glória. Eu não tenho o direito de dizer o que vou dizer, mas ainda assim o farei: Ana, minha filha, você tem que cumprir a minha promessa e avisar suas primas do perigo que elas correm. – disse Giovanni.
– O que? Mas por que eu? – se espantou Ana.
– Porque eu já to velho e essa seria uma ótima oportunidade pra você conhecer suas primas. Não era o que você queria?
– Não nessas condições. – disse Ana com uma careta.
– Não se preocupe, você não vai sozinha. To pensando em chamar o Breno para ir com você. Ele é jovem, forte e vai fazer exatamente o que você disser.
– Eu não quero ir com ele. Eu o conheço desde pequeno, ele não é tudo isso. Se é pra ir com alguém, quero que seja o Carpo. – ela disse, espantando seu pai e o rapaz. – Carpo, você aceita ir comigo?
– Bom, eu acabei de me formar. Acho que eu mereço umas férias depois de tanto estudo, não é? – ele disse com um sorriso.
– Mas, minha filha, você mal conhece esse rapaz, ele pode ser um...
– ... mafioso? – ela completou para o fazendeiro. – Vivi a minha vida ao lado de um sem saber e nada me aconteceu, acho que vou correr o risco.
– Está certo então. Eu já venho aqui. – o velho se levantou. – To de olho em você, rapaz. – ele disse ao passar por Carpo.
              O economista engoliu em seco.

3 comentários :

  1. Rick parabéns pelos textos, estão ficando bons a cada dia.
    hahaha esse seu conto da máfia é bem interessante.

    beijo.

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  2. Carpo engolindo em seco. kkkkkkkkkkkk Claro, imagina um ex-mafioso te dizendo: "Estou de olho em você, rapaz." No mesmo instante a pessoa imagina que se beijar a garota o pai vai cortar a língua fora. Se tentar pegar na mão corre o risco de ficar maneta. Se tentar "tirar o atraso" então, aí pode dar tchau para os futuros filhos. kkkkkkkkkk

    A história está muito boa!

    Beijos.

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  3. "Vivi a minha vida ao lado de um sem saber e nada me aconteceu, acho que vou correr o risco." Ui.
    Adorei "Cesca". Não sei porque demorei tanto tempo pra ler essa série. Tem tudo pra dar muito certo, ou melhor, já tá dando certo. E pelo visto, vai ter romance, hein? Hmmmm
    Bem, boa sorte pro Carpo, um cara que foi visitar a tia e de repente, e pelo visto, está entrando numa fria, que talvez possa ser bem quente... Sr. Giovanni, abra o olho.

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