segunda-feira, 12 de março de 2012

Xadrez


Após prometer para seu editor-chefe, Beneton, que não iria se meter em confusão, Rubens conseguiu permissão para cobrir o XI Torneio Internacional de Xadrez, em Porto Alegre. O motivo do pedido do jornalista se deveu ao fato de que um primo dele, Gabriel, decidiu participar do torneio e o convidou para assisti-lo.
Para não precisar pagar pela viagem, Rubens resolveu fazer uma matéria sobre o assunto. Débora, a tia do jornalista e mãe do enxadrista, também estava no local do torneio para acompanhar e torcer pelo filho. A competição começou de manhã e foi até de tardezinha.
Rubens acompanhou com interesse todas as partidas de seu primo, e as dos outros competidores, quando este acabava a sua. Até a hora do almoço foram três rodadas, de um total de sete, e Gabriel venceu todas. O intervalo reservado para a refeição passou rápido e logo os competidores voltaram a jogar.
– E agora, senhoras e senhores, teremos a última rodada desse torneio e apenas dois jogadores estão invictos e eles vão se enfrentar. São eles: Gabriel Salles e Edgar Vidolin. – o mestre de cerimônias do evento anunciou.
– Puxa! Esses rapazes são bons, hein, tia. – Rubens comentou.
Por ser a partida que iria definir o campeão foi disponibilizada sua visão através de um telão para que os acompanhantes e interessados assistissem. A parida estava equilibrada, nenhum dos lados queria perder suas peças. Ambos se defendiam e se protegiam como podiam. A rainha, peça mais poderosa do jogo, fez poucos movimentos no início, pois ninguém quis arriscar perdê-la logo.
Quando as outras partidas acabaram, todos os olhares se voltaram para os dois invictos. Gabriel, com as peças pretas, tinha ainda quatro peões, um bispo, um cavalo, uma torre, o rei e a rainha. Edgar, com as brancas, havia perdido a rainha em um movimento ruim e defendia o rei apenas com três peões, dois cavalos e uma torre.
O primo de Rubens tinha a vantagem evidente e, como bom enxadrista que era, não demoraria muito para ganhar. Edgar estava ficando irritado e estressado. Sua situação no tabuleiro não era boa e ainda estava sendo observado por todos, especialmente seu pai, Mauro Vidolin. Um momento de distração o fez perder a outra torre. Ele sabia que seria praticamente impossível vencer apenas com os cavalos, mas ainda assim ele tentou.


Gabriel administrou bem o jogo e inutilizou os cavalos de seu concorrente, usando a rainha, a torre e o bispo da casa preta, ele deu o cheque-mate. A torcida vibrou, sua mãe gritou e abraçou Rubens nervosamente, este por sua vez, tirava inúmeras fotos do primo campeão. Edgar levantou furioso e não deu a mão para seu adversário. Saiu rapidamente do local do evento.
Eles decidiram comemorar em uma pizzaria, apenas família e amigos próximos. Depois de terminar sua refeição, de ouvir vários comentários sobre a partida e de ser parabenizado e elogiado várias vezes, Gabriel pediu licença e avisou a mãe e o primo de que iria a uma balada com os amigos. Rubens e Débora voltaram para casa logo depois.
Já era mais de uma hora da manhã, quando o primo do jornalista decidiu ir embora. Ele se despediu dos amigos, chamou um táxi e foi esperar do lado de fora do estabelecimento. Dois homens, fortes e musculosos, contrastando do físico do rapaz, aproximaram-se dele. Em um primeiro momento, o enxadrista não percebeu que eles os estavam encarando, foi quando um deles perguntou.
– Você é o Gabriel Salles?
– Sim, por quê? – ele quis saber.
O homem maior respondeu com um soco no rosto do rapaz. A partir daí seguiu-se violentos golpes que logo derrubaram Gabriel. Os chutes só pararam quando o táxi chegou. Antes de saírem, um deles jogou um bilhete sobre o rapaz.
Após ser atendido, tratado e colocado em uma cama, Gabriel recebeu a visita de sua mãe e seu primo.
– Essa cidade ta cada vez mais perigosa mesmo. – Débora reclamou.
– Não só essa cidade, tia. – Rubens complementou.
– Mas desta vez não foi a cidade que fez isso comigo. – Gabriel disse.
– Como assim, primo? Você sabe quem te bateu?
– Quem me bateu foram dois brutamontes que eu nunca vi antes, mas eu to dizendo que sei que foi o mandante. – o enxadrista explicou.
– Quem? – o jornalista perguntou curioso.
– Edgar Vidolin. – Gabriel respondeu.

2 comentários :

  1. E Rubão consegue ficar longe de encrenca? Isso é pra os fracos! kkkkkk Rubens é o chuck norris dos "frascos e compriMIdos".

    E esse Edgar, hein? Muito estranho ele dando "olhadelas" pra o pai... Porque ele queria tanto a aprovação de Mauro? Se sabia que ia perder, tinha que se conformar.

    Beijos.

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  2. Gostei, gostei. O que me deixou encantada foi a palavra "enxadrista", se a visse em qualquer outro lugar me sentiria muito tentada a usá-la em qualquer texto. Não sei porque mas imaginei esse Rubens um adolescente, daqueles que estão no primeiro semestre da faculdade e com muita sede pra fazer o que sempre quiseram, num estágio que paga pouco e que cobre pequenas reportagens que no caso dele, que parece já ter se metido em outras confusões, viram casos polêmicos, perigosos, etc. Ricky, obrigada por me visitar novamente, não perca seu tempo tentando entender muita coisa lá, a intenção é somente compartilhar. Um beijo da Vick!

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