Segredos

Zé olhou para os lados e, como se tivesse uma flecha indicando, cada um dos grupos que o estava observando surgiu em seu campo de visão. Ele tinha certeza de que Érica não poderia combater a todos de uma vez. A ideia da garota era sua melhor opção.

– Nós temos que sair daqui. – ele disse levantando-se.

– Ah, até que enfim entendeu. – Érica disse também ficando de pé.

– Como assim sair daqui? – Duda perguntou confusa acompanhando o movimento dos outros dois.

– Pra onde vamos? – Maurição quis saber e ficou como os outros.

– Duda, não posso te contar muito agora, mas eu preciso ir e é mais seguro para você ficar aqui. – Zé disse aproximando-se da garota loira.

– Não faça isso, Zé! – Érica o interrompeu e Duda começou a refazer a primeira impressão que teve da morena. – Estão todos de olho aqui. Vamos para algum lugar fechado em que eles não possam ver que estamos deixando-a. – ela concluiu e fez a namorada de Zé voltar ao pensamento original.

– Tem razão, que tal Livrarias Curitiba? – o espião sugeriu.

– Pode ser. – a amiga concordou e eles foram para lá.

Uns discretos, outros descarados, todos os olhares se voltaram para o grupo que entrava na loja. Os que estavam mais próximos ainda conseguiram vê-los subindo para o andar superior da livraria e, consequentemente, do shopping.

Duda e Zé fingiam estar olhando dicionário, enquanto se despediam. Érica fingia ler as sinopses de livros da seção de lançamentos, enquanto Maurição tentava entender a ligação entre a moça e seu amigo.

– Vamos logo, Zé! – Érica disse olhando o casal de longe.

– Então, o que realmente está acontecendo aqui? – Maurição finalmente perguntou.

– Hã...? É uma longa história. – ela respondeu sem dar muita atenção.

– Zé, o que está havendo? – Duda perguntou. – Não faz nem uma semana que estamos namorando e eu vejo você com dois amigos, que pelo visto não se conheciam até hoje. E essa garota parece ter um poder sobre você.

– Ela não tem um poder sobre mim. – o rapaz se defendeu. – É só que...

– É só que o que? Vocês estão juntos, é isso? De nerd, você virou cafajeste? Diz a verdade, Zé! – ela replicou.

– Não é nada disso, eu... – ele começou, fechou os olhos e respirou. – Não posso te dizer o que é ainda. Você vai ter que confiar em mim. Por favor, prometo não te decepcionar. – ele pediu.

– Ta bem. – ela concordou depois de pensar um pouco. – Vou te dar uma chance, mas é bom você não tentar me enganar com aquelazinha ali. – ela disse apontando para Érica.

– Não fale assim, vocês ainda serão grandes amigas. Há algo a mais que preciso te pedir. – ele falou.

– Diga.

– Enrole uns dez minutos aqui dentro para então sair. E depois disso, não saia imediatamente do shopping. Outro dia, prometo que te conto o porquê de tudo isso. – Zé disse.

– Tudo bem. Vai lá, então. – ela concordou e o beijou. – Liga depois.

– Pode deixar. – ele disse ao sair e piscou.

Ao se juntar com Érica e Maurição, ele levou uma bronca da garota por demorar para se despedir, enquanto desciam as escadas e voltavam ao andar de baixo do shopping. Eles saíram o mais rápido que puderam, atravessaram as ruas e logo chegaram à praça que havia em frente. Sem perceberem de imediato, os espiões e Maurição estavam sendo seguidos por um grupo de 5 manos, que não aparentavam estar armados.

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Duda esperou o tempo que Zé estipulou e saiu da livraria. Sem saber para onde ir e ainda processando as informações recebidas, ela ficou parada por um tempo. Quando começou a andar, ela trombou com um homem de terno e óculos escuros.

– Oh, mil desculpas, senhorita. – ele disse educadamente.

– Não foi nada. – ela respondeu e ia seguir seu caminho, mas foi impedida pelo homem.

– Você é amiga de um rapaz conhecido como Zé Mané? – ele perguntou.

– Eu sou mais do que uma amiga. Sou a namorada dele. Por quê?

– Hum, melhor ainda. – ele disse sorrindo e ignorou a pergunta da garota. – Queira me acompanhar, por favor. – ele disse e outros dois homens de terno e óculos escuros surgiram atrás da garota.