segunda-feira, 19 de março de 2012

Acordo de cavalheiros


Apesar dos inúmeros avisos e pedidos que recebeu de seu primo e de sua tia, Rubens decidiu ir investigar a casa dos Vidolin. O jornalista começou a considerar prováveis motivos para o feito do jovem Edgar. Ele descartou logo a hipótese de dinheiro, pois além da diferença entre os prêmios do primeiro e segundo lugar ser de apenas 200 reais, os Vidolin eram ricos.
Em um dos bairros mais nobres da capital gaúcha, Rubens encontrou a mansão Vidolin, uma bela construção que cobria um grande terreno. Assim que ele chegou ali, viu dois homens com trajes bem diferentes dos usuais de moradores daquela região. O jornalista imaginou que eram os agressores e que, muito provavelmente estavam indo buscar o resto do pagamento.
Rubens aproveitou uma árvore que havia em frente ao grande muro e, utilizando as habilidades adquiridas no seu treinamento de sobrevivência na Amazônia, pulou de um para o outro até chegar no topo do vegetal. Dali, ele calculou bem o seu próximo passo, pois havia cerca elétrica no muro. No mais alto que conseguiu chegar, o jornalista se impulsionou e passou para o lado de dentro da propriedade.
Ele rolou ao pousar, protegendo a mala com seu material de trabalho. Em silêncio e tentando escapar do campo de visão das câmeras, seguiu em direção a casa grande. Após procurar um pouco, Rubens achou a janela que dava para um pequeno escritório. Nele se encontravam Edgar Vidolin e os prováveis agressores de Gabriel. O jornalista pegou sua câmera e começou a tirar fotos, quando um segurança o surpreendeu por trás.
– Imagino que não adianta pedir para você deixar eu continuar tirando fotos, não é? – Rubens falou.


O jovem paulista foi levado do lado de dentro do cômodo que espionava.
– Ele estava tirando fotos do senhor. – o segurança informou colocando a câmera em cima da mesa de onde Edgar estava próximo.
– Quem é você? Um investigador? – o jovem rapaz perguntou a Rubens.
– Não. Eu sou um jornalista, meu nome é Rubens Fonseca e eu sou primo do rapaz que o venceu no torneio de xadrez. – o paulista informou.
– E o que você quer aqui? O que pretendia com essas fotos?
– Provar sua ligação com esses dois. – Rubens apontou para os dois indivíduos que destoavam no local.
– E o que essa ligação provaria? – o rapaz entrou no jogo.
– Tenho motivos para acreditar que você é o mandante da surra que ele levou. – o jornalista afirmou.
– Que motivos?
– Pra começar, meu primo ganhou de você no torneio.
– Aquilo foi pura sorte. – Edgar se defendeu.
– Ele foi o único a vencê-lo e há várias ocorrências de brigas entre vocês durante o colégio. – Rubens rebateu.
– Coisas de adolescentes.
– Esses dois homens que se encaixam certinho na descrição dada por meu primo estão no escritório da sua casa.
– São meus amigos. – Edgar disse tentando disfarçar.
– É claro que são. – Rubens fingiu acreditar. – E por último, você mesmo acabou de me dar outro motivo. Foi encontrado junto ao corpo de meu primo esse bilhete escrito: “Sorte não é vitória”. Soa familiar? – Rubens concluiu.
– Isso não prova nada. – o rapaz rico disse.
– Teste de caligrafia. – o jornalista rebateu.
– E quem disse que você irá sair daqui com esse bilhete e as fotos? – Edgar ameaçou, desistindo de fingir.
– Imaginei que chegaria nesse ponto, por isso vim com uma proposta.
– Estou ouvindo. – o rapaz disse com interesse.
– Uma partida de xadrez. – Rubens falou.
– E quais seriam os termos de tal partida? – Edgar quis saber.
– Se você ganhar, eu te dou o bilhete, apago as fotos da minha câmera e você nunca mais ouvirá de mim. Mas se eu ganhar... – o jornalista começou.
– Se você ganhar... ? – Edgar repetiu para Rubens continuar.
– Você irá confessar que mandou esses dois homens baterem no meu primo e, claro, pagar por isso. – Rubens definiu.
– Como você não tem chance alguma de ganhar de mim, eu aceito. – o jovem enxadrista decidiu.
– Vamos selar isso com um aperto de mão, como em um acordo de cavalheiros, o que vale é a palavra dada. – Rubens acrescentou.
– Eu sempre cumpro minha palavra. – Edgar garantiu. – Você cumpre a sua, jornalista?
– Pode ter certeza de que sim. – Rubens sorriu animado.

Um comentário :

  1. Olá Ricky, que bom saber que você tem um blog de contos! Sou extremamente apaixonada por eles ♥
    Cara, adorei esse Rubens. Tem mais histórias dele?
    Beijoos
    Sah
    saahandradee.blogspot.com

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