segunda-feira, 26 de março de 2012

Xeque-mate


“Um tabuleiro foi montado em uma mesa na sala de estar, por ganhar no cara e coroa, pude escolher a cor das peças. Fiquei com as brancas para poder começar. Meu primeiro movimento foi o peão à frente do rei, uma casa, liberando espaço para a rainha e para o bispo da casa branca. Ele mexeu o peão à frente do cavalo do rei, abrindo caminho para o bispo da casa preta.
“Em seguida, nós dois tiramos os cavalos dos reis de trás dos peões. Eu avancei com o bispo da casa branca e ele me repeliu com peões. Aproveitei para fazer o Roque, movimento em que Rei e Torre trocam de posição quando ainda não foram mexidos. Decidi arriscar e comi alguns peões dele com o cavalo, mas em certo momento, ele usou um cavalo para comer o meu, prevendo isso, eu usei o bispo da casa branca para comer o cavalo dele.
“Aproveitando uma distração, tirei o bispo da casa preta dele. Eu estava com a vantagem em relação ao número de peças, mas isso não quer dizer muita coisa no xadrez. Continuei pressionando com os peões e, não sei se por nervosismo ou outro motivo, ele recuou para não perder as peças grandes, mas ao fazer isso me deu mais espaço para mover as outras peças.
“Em uma jogada arriscada, tirei mais dois peões dele, o segundo cavalo e uma torre. Logo em seguida, dei xeque com o cavalo, mas o perdi quando ele ameaçou minha rainha e o cavalo ao mesmo tempo. Naquele momento, ele tinha apenas sete peças: 3 peões, a rainha, o rei, uma torre e o bispo da casa branca.”


Enquanto Rubens jogava, parte de seu plano se desenrolava do lado de fora da Mansão Vidolin. Pelo menos 4 viaturas haviam chegado nos portões da grande casa e parado na burocracia dos seguranças. Um pouco antes de tudo isso, Rubens foi à empresa de Mauro Vidolin e contou suas suspeitas a cerca do filho do empresário.
– O senhor está enganado Sr. Fonseca. – o empresário disse.
– Tenho muitos motivos para acreditar nisso, Sr. Vidolin, mas o senhor pode me ajudar a decifrar esse enigma mais rapidamente. – Rubens disse.
– Como? – Vidolin perguntou.
– Esse bilhete foi encontrado junto do meu primo. Quero que me diga com sinceridade: é a caligrafia do seu filho? – o jornalista perguntou e o empresário franziu o cenho.
“Achando que estava com o domínio do jogo, perdi as duas torres em um rápido movimento. Apesar de ainda ter o maior número de peões, eu tinha as mesmas peças grandes que ele: rainha, rei e bispo, sendo que o meu era da casa preta e o dele, da casa branca.
“Mantive a calma e consegui derrotar o bispo dele, mas perdi vários peões. Minha única vantagem era o meu bispo. Notei que ele suava. Aproveitei a tensão do momento e tentei distraí-lo.
“– Mais difícil do que imaginava? – eu perguntei.
“– Você é bom. Gosto de desafios. – ele disse tentando disfarçar.
“Para escapar de um xeque, ele deixou a rainha e o rei, em casas vizinhas. Aproveitei esse lance para forçá-lo a perder a rainha. Com a minha, eu dei um xeque bem do lado do rei, mas com um peão na retaguarda, o que o obrigou a comer minha rainha com a dele, deixando-a na mira do meu peão.
“Com o esse mesmo peão, fui até o fim do tabuleiro e o troquei pela rainha, que eu havia perdido, com ela e o bispo, impedi que ele fizesse o mesmo com seus peões. E foi apenas questão de tempo para vencê-lo.”
– Xeque-mate! – Rubens disse no mesmo momento em que a polícia entrou na sala casa.
– Todo mundo parado! – um dos oficiais gritou.
– Isso é impossível! – Edgar balbuciou, ainda sem notar a presença dos policiais.
– Você perdeu, Edgar. Agora deve cumprir com sua palavra. – o jornalista disse.
– Como você... – o rapaz começou a falar algo.
– O que está acontecendo aqui? – Mauro Vidolin gritou ao passar pelos policiais.
– Pai?! – Edgar surpreendeu-se. – Eu posso explicar.
– Eu acho bom. – o pai disse sério.
“No fim, Edgar confessou o que fez, pediu desculpas para todos e seu pai pagou todas as despesas médicas de meu primo, além de uma indenização para retirar a queixa por agressão. Existem muitas pessoas inteligentes nesse mundo, o problema é que muitas delas a utilizam para o mal. Se todas elas usassem sua inteligência para o bem, o mundo seria muito melhor.”

                                                    Rubens Fonseca.

5 comentários :

  1. Tenho que falar que não consegui segurar o riso na parte "o que o obrigou a comer minha rainha com a dele". kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Desculpa.

    Ricky, eu fico aqui pensando: Caraca, como tu conseguiu montar esse jogo inteiro na tua cabeça até chegar no xeque??
    Eu não conseguiria guiar nem mesmo um jogo de damas mentalmente.

    Eita, e o pai era honesto? Estou chocada... O.O
    Certo, eu não esperava por isso. Hahaha
    Ah sim... Pessoas inteligentes que fazem o mal, esse mundo tem aos montes, infelizmente. =T

    Beijos.

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  2. Eu não entendo nada de jogo de Xadrez então tanto faz as peças que cada um tem, o importante é a narração do jogo e o desfecho. Pois é existem pessoas honestas nesse mundo, acho que em quantidade menor que as desonestas. Gostei da conclusão Ricky, onde coloca que pessoas inteligentes deveriam usá-la para fazer coisas boas nesse mundo e assim fazê-lo um lugar melhor.
    Beijokas doces e uma boa semana.

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  3. Rickynho,
    tudo bem?
    O texto é do Rubens Fonseca? Aaaaa..., mas eu queria ler um texto teu!...
    Jogo xadrez, mas não habitualmente, e o texto pegou todas as "peças" para fazer as analogias e deixar uma mensagem interessante.
    Beijoss

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  4. Ricky, eu fiquei zureta das ideias... Acho que esse capítulo do Rubão foi o mais inteligente(no sentido de estratégias que vc precisou apresentar) de todos, dele! Caraca!!! Eu confesso... tindi naaaaaaaaada do "xadrez"... mas, de gente que usa a inteligencia para fins negativos eu vejo todos os dias... a mídia tá aí que não me deixa mentir!

    Ah, tem dois memes lá no blog. Num deles eu linkei vc.

    bjks

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  5. A lay agora tá aliviada, por poder comentar, né!? hahahahahahah

    Tadinha, ficou dias sem nem poder vir aqui, fazer seus ótimos e divertidíssimos coments.

    bjks

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