Ki Bun Tin e o pescoço

O tempo passa muito rápido. Nem parece que faz um ano que estou na faculdade de Direito. Ontem mesmo, tive minha primeira aula. Com o início do terceiro semestre, decidi praticar um pouco do que aprendi. Consegui um estágio em um escritório de advocacia. Estou gostando bastante de lá, meus chefes são simpáticos e atenciosos, mas também rigorosos quando necessário. A única desvantagem é que é bem longe de onde moro, por isso preciso ir de ônibus.
Não que isso seja um problema, mas como é logo depois da faculdade, às vezes nem consigo almoçar direito. E são nessas idas e vindas de ônibus que vi algo fascinante, pelo menos para mim. Nunca tinha visto algo assim desde que saí do internato, mesmo nas épocas de calor. Nenhuma garota da minha sala fica daquele jeito. A Ki Mei Ga não tem o cabelo tão longo assim.

Da primeira vez que vi, parecia um idiota, devo até ter chamado atenção das outras pessoas. Quando cheguei no escritório, pesquisei e descobri: o nome do penteado era coque. E naquela garota ficava muito sensual e atraente. Ela estava de costas e longe de mim, eu só conseguia ver seu pescoço. Ah, que pescoço! Os conjuntos de fios de cabelo mais curtos que não foram presos caíam-lhe de modo simples. Ela era loira, um tom mais escuro, imaginei ser seu natural, e um mais claro, quase branco, que supus ser pintura. Usava uma corrente prata, seu tom de pele era meio bronzeado, deixando-a mais linda ainda. Embora, não tenha visto seu rosto, consegui, num dia de sorte, ver seu olho direito, quando ela girou a cabeça.

Estou simplesmente fascinado e atraído por aquele pescoço. Não, eu não sou um vampiro. Todo dia, pego, meticulosamente, o mesmo ônibus e torço para que esteja calor e que ela esteja de coque para eu poder admirar aquele belo pescoço. Mas, ei! A Ki Mei Ga não pode saber disso, hein. Espero que esse estágio dure bastante tempo...