CAPÍTULO 13 – JOVENS ESPIÕES
Enquanto Yago corria para bem
longe do Passeio Público, um carro passou por ele, parou logo à frente e uma
porta de trás se abriu. O rapaz achou estranho, mas foi ver quem estava dentro.
— Entra logo antes que eu me arrependa.
– Mauricinho disse e surpreendeu o ex-colega de classe.
Assim que a porta fechou, o
carro voltou a se mover.
— O que está fazendo aqui? Por
que tá me ajudando? – Yago perguntou para o outro que usava roupa social e sua
característica jaqueta de couro.
— Bem, preciso de alguém para
fazer o trabalho sujo. – Mauricinho disse e pegou um copo para se servir de
uísque.
— O quê? Você é meu fornecedor?
– Yago devolveu ainda mais surpreso.
— Então, por que você não
conseguiu cumprir uma missão simples como a de hoje? – o mais rico questionou
ignorando a reação do outro.
— Estava tudo indo bem até o
Lemos e os amigos dele aparecerem. Não sei como eles sabiam de mim e sobre
hoje. – Yago disse e Mauricinho sorriu.
— Isso acabou de ficar interessante. Yago, você vai me contar tudo com riqueza de detalhes e talvez eu te dê uma segunda chance. – o rapaz de jaqueta de couro disse e sorveu um gole de sua bebida.
O velório era para ser apenas
para família e amigos próximos, mas o número de pessoas que apareceram para
prestar homenagens mudou os planos. A igreja estava cheia e muitos precisaram
ficar em pé. Em seus 15 anos, Raíssa Caramello encantou e marcou a vida de
muita gente.
Depois dos discursos dos
familiares, Alex subiu ao púlpito para falar.
— Meu nome é Alexandre. Conheci
a Raíssa no jardim de infância e somos amigos desde então. Depois de um tempo,
passamos a chamá-la de Caramello já que a cor de sua pele combinava certinho
com o sobrenome. – Alex pausou e sorriu, e notou muitos dos presentes fazerem o
mesmo. – Caramello era uma pessoa incrível, nunca pedia nada para si mesma e
estava sempre disposta a ajudar quem precisasse, fosse conhecido ou não. Não
estudávamos na mesma sala, mas passar os recreios com a companhia dela era
sempre bom. Ela era dessas pessoas que deixava o ambiente leve e harmonioso. –
ele pausou novamente e fungou sabendo que não demoraria para as lágrimas
caírem. – Sua maior paixão era o balé. E como ela era boa nisso. Nós amávamos
vê-la dançar. Era relaxante e tranquilizante, como se não existisse mais nada
no mundo, era possível alcançar uma paz de espírito indescritível. Ela...
Ela... – as lágrimas o impediram de falar. Ele respirou, limpou o rosto e
continuou. – Ainda é difícil acreditar que ela não vai mais estar em nossas
vidas, que vou voltar ao colégio e não a verei mais. Não vou mais ouvir sua voz
nem sua risada. Sei que foi para um lugar melhor, mas saiba que sempre me lembrarei de
você, minha amiga. Você sempre estará em nossos corações. – Alex finalizou e
voltou ao seu lugar.
Todos os outros amigos estavam
chorando e ficaram ainda mais emocionados pelas palavras de Alex. Quando ele
sentou, sua ex-namorada o abraçou.
— Foi lindo, Alex. Tenho certeza
de que ela gostou. – ela disse entre lágrimas.
— Tá doendo, Manu. Tá doendo muito. – ele disse sem se conter mais.
Uma semana se passou e o luto
era visível no Colégio Isaac Newton. Ciano e Hugo não tinham cabeça para ficar
na rádio. Slomp ficou no comando e fez homenagens para Caramello todos os dias.
Lucy também sentia a morte da bailarina, mas como mal a conhecia, seu luto foi
mais breve. Havia coisas para serem feitas. Ainda mais depois da notícia que
recebeu.
Quando o grupo chegou, viu o
andar bem diferente. Pessoas andavam pelos corredores carregando móveis e
equipamentos. A sala que só tinha uma mesa e um laptop, passou a ter nove mesas
com igual número de equipamentos. Estava começando a parecer uma agência de
espiões.
— Tá ficando bom, hein! – Alex
comentou ao entrar no cômodo com seus amigos.
— Ah! Vocês estão aqui! – Lucy
disse com um sorriso. – Fiquei tão feliz quando me contaram que queriam entrar
para a agência. Embora, confesso que não esperava por isso, considerando o que
aconteceu.
— Nós conversamos bastante. –
Manu começou. – Apesar dos nossos conflitos internos, concluímos que a
Caramello iria querer assim. Afinal, nas palavras delas “Se há algo ruim
acontecendo e podemos fazer algo, é claro que faremos.”
— E juntos. – Diana
complementou.
— O ano começou há pouco tempo e
tanto já aconteceu. Tudo que eu queria era fazer coisas junto com meus amigos e
ser popular novamente. – Alex disse e suspirou.
— Você e essa sua obsessão chata
com popularidade. – Patricinha comentou e todos riram.
— Bom, se ajuda, você é popular
entre a gente. – Lucy disse.
— É, ajuda sim. – Alex respondeu
com um sorriso.
— Ei, nossa equipe vai ter um
nome? – Hugo perguntou.
— Boa ideia! Precisamos de um
nome. – Diana elogiou concordando. – Alex, alguma sugestão?
— Eu tenho o nome perfeito:
Equipe Caramello! – ele disse e todos sorriram em aprovação.
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