segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Invasão


Rubens sentiu na pele o que era um trabalho escravo. Acordou às 5h da manhã e foi direto até as 11h. Comeu a pior refeição da sua vida e seguiu de volta para o trabalho até as 18h. Parecia que ele tinha levado uma surra, todo o seu corpo doía e ele mal se aguentava em pé, mas ele não podia fraquejar.
Durante as poucas horas que eles tinham para conversar antes de dormir, o jornalista aproveitou e coletou algumas informações. Sem o gravador seria mais difícil guardar, mas ele não tinha outra opção. Mesmo morrendo de cansaço, Rubens decidiu agir ainda naquela noite, pois não suportaria outro dia de trabalho.
Quando todos já estavam dormindo, o jornalista saiu do local de dormir dos trabalhadores e foi em direção a casa grande. Enquanto se esgueirava pelas paredes e pensava num jeito de entrar, Rubens foi surpreendido.
– Então, qual é o plano, seu Rubens? – perguntou Josué assustando o jornalista que quase deu pulo.
– O que você ta fazendo aqui, Josué? – sussurrou Rubens.
– Ué, vim ajudar o senhor.
– É muito perigoso. Vai voltar a dormir. – aconselhou o jornalista.
– O perigo é igual para nós dois e o senhor é a melhor chance que eu tenho de sair dessa vida. Então eu vou te ajudar.
– Muito bem, comece me dizendo onde fica o escritório do Coronel.
Josué tomou a liderança e, de forma discreta e silenciosa, levou Rubens à parte lateral da casa grande, onde ficava a janela do escritório do Coronel. Os dois rapazes se agacharam e ficaram bem abaixo da janela, espiando uma conversa entre o dono da fazenda e Ônix.       


– Pode ir, Ônix, por hoje é só. – disse o Coronel, dispensando o capataz, enquanto bebia seu uísque. – Jornalistazinho metido, achou mesmo que podia chegar aqui e fotografar minha fazenda e meus escravos. – ele falou sozinho, olhando as fotos na câmera de Rubens. – Queria saber como ele ficou sabendo. – ele continuou divagando.
Em seguida, o Coronel Vespertino largou a câmera e o copo vazio e se retirou do escritório. Rubens e Josué continuaram observando e escutando os passos do homem até terem certeza de que ele havia subido. O jornalista abriu cuidadosamente a janela, sem fazer barulho algum. Com a ajuda de Josué e de algumas caixas que estavam ali perto ele entrou na casa grande.
Uma vez dentro, ele ajudou o outro rapaz a passar pela janela e então ambos começaram a procurar as coisas de Rubens. A câmera estava em cima da mesa e a mochila foi encontrada numa poltrona próxima. Ele tirou o gravador para conferir e Josué ficou de guarda na porta da sala e da janela. Depois de tudo visto, o rapaz pegou o celular e começou a digitar uma mensagem.
– Seu Rubens, sem querer atrapalhar, mas vamos logo embora daqui, antes que alguém apareça. – alertou Josué.
– Calma, Josué, depois que eu terminar aqui, tudo estará resolvido. – disse o jornalista, concentrado.
No segundo seguinte, o som do disparo de um revólver despertou Rubens de sua atividade.
– Ocê devia ter ouvido o escravo. Nem todos eles são burros. – disse Ônix com a arma recém disparada.
No chão, Josué colocava a mão em cima do ferimento na barriga. No mesmo momento, o Coronel desceu as escadas correndo e então entendeu toda a cena. Ele arrumou a postura e começou a sorrir.
– Por que eu não estou surpreso com essa invasão? – ele disse em tom triunfante e notando o silêncio do jornalista, continuou. – Não se preocupe, o rapaz não está morto, mas vai em breve. Ônix, pegue o escravo e deixe-o em qualquer sarjeta da cidade.
– Sim, sinhô. – o capataz respondeu e seguiu em direção aos dois.
Rubens viu que tinha que agir para sua situação não ficar pior, mas não queria e não podia deixar Josué ali daquele jeito. Ele olhou para o rapaz no chão e viu um aceno com a cabeça indicando a janela. Com certo peso na consciência e a promessa para si mesmo que voltaria para ajudar Josué, Rubens pegou o copo que o Coronel havia deixado ali e jogou no rosto de Ônix que não conseguiu evitar o golpe. Foi o tempo suficiente para o jornalista pegar sua mochila, sua câmera e pular pela janela. Quando seus pés tocaram no chão, um tiro atingiu a janela e chamou a atenção de todos na fazenda.
               Enquanto todos corriam para descobrir a origem do tiro, Rubens correu o mais rápido que pôde para o meio da plantação da fazenda.

6 comentários :

  1. Adorei UAHUAHUA mal começou a nova fase da série e já tá ficando massa. É por aí. :)

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  2. decisão difícil do rubens de deixar o josué para trás. a história está ótima, continue assim!

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  3. Olá, Ricky,

    Qdo comecei a ler seu texto, pensei que o Rubens estivesse trabalhando como professor, com a parte que diz que ele chegou ao final do dia com dores no corpo todo... rsrsrs... achei que ele tinha largado a vida de jornalista. Foi assim que me senti durante essa correria de final de ano. Mas, brincadeiras a parte, vi que o problema dele era maior que o meu. O.O

    O Rubens andou se metendo em confusão das mais brabas, dessa vez(como sempre), heim!? Legal a temática, Ricky! Vamos ver o que acontece com o audacioso Rubens Fonseca(nunca mais me esquecerei dele... acho que por causa do meu micão, ele se tornou meu personagem favorito! rs)

    Sobre seu comentário lá no blog, ahhh que legal sua história de leitura... bom eu falei num comentário lá no blog, para a Juliana e o Jim sobre essa questão de professores que nos forçam a ler SEM prazer. É algo realmente complicado e uma prática ainda muito vista, apesar de em menos grau. Poxa, “A droga da obediência” é um livro maravilhoso do Pedro Bandeira... eu li há muitos anos, ainda na adolescência... Hoje tenho diversos livros desse autor, para que meu filho leia! Obrigada por me fazer relembrar desse clássico infanto-juvenil. Adoro!
    Hahahahah, então vc está no topo dos Tops coments!!! Heheheheheh

    bjksssss JoicySorciere - Blog Umas e outras...

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  4. Tadinho do Josué!
    Pq será que todo jornalista sempre acha que vai dar tempo para se safar? Ah sim, pq temos síndrome de heróis, rsrs.
    Sim, eu sou jornalista, hahahhahahhahahahha.
    Adoro acompanhar o seu blog!!
    Beijos
    Gisele Carmona
    http://giselecarmona.blogspot.com

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  5. Oi Ricky!

    Olha depois eu passo aqui com mais calma para ler sua história tá? Ando super sem tempo.
    É..eu fico fascinada com os contos dos Irmãos Grimm e com todos os Contos de Fadas em geral. Tem gente que acha isso infantil mas quero ver elas terem senso crítico e saber ver as coisas nas entrelinhas...certamente ficariam traumatizadas!
    Sobre o filme dos Irmãos Griim eu vi há muito tempo e não me lembro bem..na real queria comprar um livro deles que contenham todos oseus contos...assim como gostaria de ter um livro com os contos do Hans Cristian Andersen.
    Bom a versão da Branca de Neve no Sherek foi hilária, aquela cena ficou mesmo muito boa!!!
    bjs

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  6. Eita que Rubens é um danado! Que barriga tanquinho é essa? kkkkkk Gamei! Huahuahuahuahuahuahuahua
    Fiquei temorosa por Josué. Nossa, que peninha dele. Espero que ele não morra.

    Ah, também espero que Ônix fique com cicatrizes permanentes no rosto (má quase nada.)

    Ricky, ano passado você leu 14 livros, né?
    Esse ano eu li 17. :D

    Beijos.

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