Agente duplo

Bomber teve dificuldades para localizar o segurança que encontrou os colegas inconscientes no chão, por isso não pôde avisar Facada antes que ele fosse surpreendido pelo funcionário do shopping. Ele avistou o ladrão saindo de uma joalheria com uma mochila preta.

– Parado! – o segurança disse, apontando uma arma e visualizando o perfil esquerdo do rapaz.

Facada parou, nem mexeu a cabeça. A mochila pendia no ombro direito.

– Solte a mochila, ponha as mãos na cabeça e vire bem devagar. – o segurança continuou.

Devagar, o rapaz tirou a mochila do ombro e a colocou no chão. Girou o corpo lentamente e ao passar a mão direita pelo cinto, ele segurou no cabo de uma de suas facas. Num movimento rápido, ele retirou a arma da bainha e a lançou contra seu oponente, atingindo-o no ombro direito. Devido ao impacto, como uma reação reflexa, o revólver do segurança foi disparado pouco acima da cabeça de Facada.

– O que foi isso? – Joel falou. – Luís, você ta bem? – ele perguntou pelo comunicador.

– Eu to legal, acertei-o no ombro e ele disparou em seguida. Vou sedá-lo para não nos atrapalhar mais. – Facada respondeu.

– Vocês não vão conseguir escapar. Cada segurança tem um dispositivo de alarme que avisa diretamente a polícia. Vocês estariam cercados antes de conseguirem sair do prédio. – o segurança caído falou ao notar Facada chegar perto com a seringa.

– E você vai fazer isso agora? – ele perguntou retoricamente.

– Tenho três colegas lá embaixo. – o outro respondeu em tom de desafio.

– Olha minha cara de preocupado. – Facada disse e aplicou o sedativo.

Ele pegou sua faca, guardou-a de volta no cinto e pegou seu equipamento para se mover até o próximo ponto, quando Bomber o interrompeu com uma mensagem.

– Pessoal, os seguranças de baixo ouviram o tiro e estão subindo pela escada próxima à bifurcação e à praça de alimentação. Ou seja, mais próximos a você, Facada. – o membro infiltrado avisou. – Vou tentar atrasá-los, enquanto isso, Joel e Taís vão para a base da escada que leva à academia e aos restaurantes e, Facada, passe pela praça de alimentação e encontre-os lá.

– Certo. – eles concordaram e começaram a se movimentar.

Os locais mencionados por Bomber se encontravam em um andar acima do primeiro, em que se encontravam a academia e o chamado Espaço Gourmet. Havia uma escada de acesso que ficava em uma das extremidades do shopping, exatamente sobre a entrada pela qual Joel, Facada e Léo adentraram a primeira vez para fazer o reconhecimento.

Ouvindo os ecos dos passos e percebendo que o silêncio já não era mais absoluto no local, Joel se permitiu falar.

– Qual é o plano, Bomber? – ele quis saber.

– Eles estão me pedindo para ajudar a localizar o intruso. Vou mandá-los para o lugar errado, assim o Facada pode se juntar a vocês.

– E depois o que? – Taís se intrometeu.

– Eu vou guiá-los para vocês os emboscarem e seguirem com o plano.

– Parece bom para mim. – Joel concordou.

– Escutem isso! – Bomber pediu aos companheiros.

– Central, estamos onde ocorreu o disparo, o agente Breno está ferido e inconsciente. Pode ver onde o intruso se encontra no momento? – um dos seguranças que havia subido pediu para Bomber.

– Sim, claro. Notamos uma movimentação ao final da bifurcação. – ele falou como se os companheiros estivessem acordados. – Próximo da Renner. – a extremidade oposta à de Joel e Taís.

– Positivo. Estamos a caminho. – o líder do trio de seguranças assentiu.

– Ei! O que você... Ah!! – Bomber encenou sozinho pelo comunicador dos seguranças, jogou-o longe, pegou sua arma e atirou, destruindo-o.

Os seguranças ficaram em silêncio por um minuto e então um deles disse.

– O que o senhor acha que houve? – ele perguntou ao líder.

– Eles estão na sala das câmeras. – o líder concluiu.