Júlia informou que estavam na cidade de Planaltina e lhe contou tudo o que houve, desde o sequestro do deputado, como as
milícias surgiram, até o atual momento. No início era tudo muito bom, as
pessoas passaram a ter melhores condições de vida, TV a cabo, internet, mas
tudo tem um preço. E quem não pagava era severamente punido, ou mesmo um
familiar ou amigo, para servir de exemplo.
Caso a dívida persistisse, a pessoa era morta sem piedade. O pior para a
moça era não ter para onde ir, sua melhor opção era continuar casada com Cleverson.
Júlia, então, perguntou a Rubens o que ele havia feito para estar ali. O jovem
percebeu que teria que dividir informação se quisesse contar com a ajuda da
moça.
– Você não é o primeiro jornalista a ser trazido pra cá. – ela disse.
– E você ajudou os outros também? – ele quis saber.
– Não tive como. Normalmente eles não veem aqui em casa. Cleverson e o
bando vão atrás dele. E o deputado avisa com antecedência, não como hoje. – ela
explicou.
– Hum, talvez seja porque normalmente os jornalistas são locais. Eu sou
de São Paulo e meu voo é amanhã. Ele teve que agir rápido. – Rubens deduziu.
– Provável. – Júlia concordou.
– E agora, tudo o que posso fazer é tentar fugir, mas não sei o quão longe
consigo chegar, e ainda que escape não poderei fazer nada com relação às milícias.
– ele começou. – Não tenho como provar que o deputado conhece Cleverson e muito
menos que ele comanda as milícias.
– Eu posso ajudar nisso. Que tipo de prova precisa? – ela perguntou.
– Fotos. Seria ótimo. – ele respondeu.
– Tem uma foto deles dois na época que o candidato tomou posse. Peraí. –
ela levantou e foi em outro cômodo. – Aqui está. – disse ao voltar e entregou
para Rubens.
– Isso resolve, mas sozinha não vale nada. Sem uma foto mostrando que
Cleverson extorque os moradores, essa não adianta nada. – ele disse.
– Hum, posso conseguir isso. – Júlia disse.
– Você tem certeza? Não quero te arrumar confusão. – Rubens avisou.
– Pode deixar. Eu tenho meu jeito. Enquanto isso, por que não começa a
pintar a sala? – ela disse, piscou e saiu.
Rubens arregaçou as mangas, forrou o chão e cobriu os sofás com jornais
velhos, pegou o pincel e começou a pintar. Escolheu uma parede em que pudesse
ver o rapaz que havia ficado de guarda na casa. Júlia chegou próxima onde o
marido estava, um mercadinho. Ela entrou e fingiu estar olhando o celular,
quando estava gravando um vídeo da rotina de Cleverson.
– Como o senhor é morador antigo, seu Astolfo, eu vou lhe dar mais um
dia, mas não atrase, ta bem? – o rapaz disse para o dono do estabelecimento. –
E me dá uma garrafa daquela birita que eu gosto. – ele disse e o velho vendedor
pegou o produto de uma prateleira e entregou para Cleverson.
Júlia decidiu que já estava bom, quando o rapaz olhou para ela.
– O que você ta fazendo, mulher? – ele disse e avançou nela.
Rapidamente, ela saiu da parte do vídeo e tudo o que ele viu foi a tela
das chamadas perdidas.
– Estavam me ligando. Vim comprar um salgadinho. Deu vontade. – ela se
explicou recebendo o celular de volta.
– Sei. Vai embora mulher. Não quero aquele jornalista sozinho na minha
casa. – Cleverson disse e saiu do mercadinho.
Com alguns respingos de tinta na roupa, Rubens foi até a cozinha quando Júlia
voltou.
– Um vídeo? – ele disse espantado. – É bem melhor do que eu esperava.
Ela tirou o cartão de memória do celular e entregou ao rapaz, que guardou
no seu bolso interno da calça.
– Alguma ideia de como eu saio daqui? – ele perguntou.
– Sim, mas é arriscado e você vai ter que fazer o que eu disser.
– Certo. – Rubens concordou e escutou o plano de Júlia.
Planaltina? Aqui pertinho de mim, uai! rrsrsrsrs... E olha que passei por lá, sábado passado, para ir ao show da banda Mexicana, Brujeria, que aconteceu em BSB!
ResponderExcluirAh, sobre sua pergunta, eu acho que vc é super discreto quando escreve sobre filmes. Mas, já tive alguns parceiros da blogosfera que deram com a língua nos dentes, aí tive que dar uns toques! ahhahaah
bjks
Planaltina... kkk lembrei de um trecho da música faroeste caboclo - Renato Russo.
ResponderExcluirGostei do conto. Peço desculpas por estar tão sumido. Esse ano realmente está complicado pra mim.
http://errosxacertos.blogspot.com.br/2012/04/vamos-viver.html
abraço
"Mulher de malandro" MESMO, hein? Como assim, dando piscadinhas pra Rubão? Hahahahaha!
ResponderExcluirMas quando você postou no capítulo anterior que era um amor de infância, jamais pensei que ela entregaria o marido...
Falando em morrer a tiros, lembrei do jornalista Décio "Alguma Coisa" que morreu lá no Maranhão por fazer denúncias no blog dele. É tenso...
Beijos.