Antes de descer da limusine que a havia levado ao aeroporto da empresa,
Glória preencheu um cheque para dar ao segurança que a ajudou. Valdez vendo o
que iria acontecer, tentou oferecer mais ainda seus préstimos.
– Posso acompanhá-la até São Paulo, se quiser. – ele disse.
Ela ainda estava machucada, não tinha ido ao hospital, preferiu ir direto
ao aeroporto. Seria bom ter uma companhia, uma segurança para ir para a capital
paulista, mas ela sabia que lealdade não era o forte do rapaz, e não pretendia
arriscar sua vida no caso de um dia alguém poder pagar mais do que ela.
– Não, obrigada. Agora, eu me viro. – ela disse e lhe entregou o cheque.
Glória entrou no avião e, com uma ordem sua, ele decolou. Antes de
qualquer outra coisa, ela foi olhar seu celular e nele tinha uma mensagem de
Lucy.
“615131519 16181 32118920921 141 31191 415 2015149, 5143151420185-141519
121. 205 11315, 2019.”
Ela logo reconheceu o código alfanumérico que usava com a filha e não teve
dificuldades em decifrar a mensagem, afinal após tanto tempo de uso as letras e
seus números correspondentes já estavam gravados em sua memória. Não demorou
para ela chegar ao seguinte resultado.
“Fomos pra Curitiba na casa do tio Toni, encontre-nos lá. Te amo, bjs.”
– Essa é minha filha. Muito esperta, Lucy. – Glória elogiou e apertou um
botão. – Azevedo, mudança de destino, nós vamos para Curitiba.
– Sim, senhora. – o piloto respondeu.
Por ter feito várias viagens com o avião particular, a empresária passou
a deixar algumas roupas no veículo. Decidiu por algo mais casual e vestiu uma
calça jeans e uma camisa creme de manga comprida. Usou o kit de primeiros
socorros para limpar e o estojo de maquiagem para disfarçar os ferimentos. E então
descansou o resto da viagem.
No caminho de volta, o silêncio reinava dentro do carro de Bárbara, que
ainda estava sendo dirigido por Carpo. O rapaz não conseguia parar de pensar no
que haviam descoberto e, mal sabia ele, que as Cesca estavam pensando a mesma
coisa. Ana lembrava bem o trecho da conversa que tinha sido confuso.
– O que meu avô disse para o senhor? – ela perguntou.
– Nada. Ele só me chamou para os meus irmãos acharem que eu também tinha
um segredo. – Toni respondeu.
Ana achou aquilo estranho, mas não quis duvidar da palavra do tio que
acabara de conhecer.
– O senhor chegou a ir aos correios para ver se algo tinha chegado?
– Não, eu sabia que só chegaria um ano depois e que seria no Rio, e nesse
tempo, eu ainda não estava bem financeiramente, não tinha como eu viajar. Quando
tive condições, já não tinha mais interesse. – ele explicou.
Na hora pareceu coerente, mas ao parar para pensar, Ana viu que aquilo
era muito contraditório. Ele era um ex-mafioso recém chegado da Itália, se
houvesse uma mínima chance de ele conseguir dinheiro fácil para recomeçar a
vida, ele iria atrás.
Bárbara havia tido mais informações do que gostaria em um dia. Primeiro,
seu pai lhe contou sobre seu passado secreto e, além de tudo, ele mentiu sobre
isso. “Por quê?”, era só o que ela se perguntava.
Lucy não parou muito nessa questão. A jovem carateca só pensava se a mãe dela
teria recebido e lido sua mensagem. Ela queria que Glória estivesse ali
participando da aventura também.
Já era noite quando eles chegaram à casa de Toni. Ao abrirem a porta
viram, sentada no sofá da sala de estar, conversando com o ex-mafioso, a mais
velha das Cesca.
– Mamãe! – Lucy gritou e agarrou o pescoço da empresária e as duas se
deram um longo e apertado abraço.
– Como você está, meu amor? – Glória perguntou.
– Eu to bem, e você? Nossa! O que houve com seu rosto? – a menina
perguntou. – Você andou brigando? Quem bateu em você? – ela emendou com tom
assustado.
– Calma, eu já explico. – ela disse e cumprimentou Ana.
– Ta tudo bem mesmo, prima?
– Sim, Anita, não se preocupe. – Glória a acalmou.
– Você foi num hospital? Não tem nada mais grave? – Carpo quis saber.
– Não foi nada demais, mas obrigada por se preocupar. – Glória disse. – Então,
essa é a minha prima mais nova? – a empresária se dirigiu a Bárbara. – A que
ainda estava na barriga quando saímos da Itália. – ela continuou, segurando uma
das mãos da loira e passando a outra mão em seu rosto. – Muito linda, mesmo. Uma
verdadeira Cesca! – Glória finalizou com um sorriso.
– Então, tio Toni. – Ana disse com todos já sentados. – Por que o senhor
mentiu para nós? – ela perguntou, indo direto ao ponto.
– Eu menti para vocês? – ele disse, fingindo espanto. – Acho que você está
equivocada, minha sobrinha.
– Por favor, senhor Toni, não nos enrole mais, já sabemos de tudo. –
Carpo disse.
Ana explicou o que houve em Paranaguá e como descobriram que Toni havia
pegado um pacote proveniente da Itália um ano após se mudar de lá.
– Você nos deve uma explicação, tio. – Ana exigiu.
– Sim, eu devo e farei isso assim que o último convidado chegar... Oh, lá
vem ele. – Toni disse e se levantou.
– Último convidado? – Ana perguntou.
– Sim, alguém que você conhece muito bem. – ele respondeu e abriu a
porta, revelando um homem alto vestindo uma calça jeans e uma camisa, e usando
um chapéu.
– Boa noite a todos! – Giovanni cumprimentou.
– Papai! – Ana ficou em pé e gritou. Em seguida, todos se levantaram também.
Uhhhh... Agora as cartas estão sendo postas na mesa. Finalmente as coisas ficarão mais claras, hein??
ResponderExcluirE até que a reunião das Cescas foi tranquila. Pensei que ela iriam querer se matar por causa de Carpo.
Beijos.
Agora que vai começar.
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