segunda-feira, 16 de abril de 2012

Todos juntos


Antes de descer da limusine que a havia levado ao aeroporto da empresa, Glória preencheu um cheque para dar ao segurança que a ajudou. Valdez vendo o que iria acontecer, tentou oferecer mais ainda seus préstimos.
– Posso acompanhá-la até São Paulo, se quiser. – ele disse.
Ela ainda estava machucada, não tinha ido ao hospital, preferiu ir direto ao aeroporto. Seria bom ter uma companhia, uma segurança para ir para a capital paulista, mas ela sabia que lealdade não era o forte do rapaz, e não pretendia arriscar sua vida no caso de um dia alguém poder pagar mais do que ela.
– Não, obrigada. Agora, eu me viro. – ela disse e lhe entregou o cheque.
Glória entrou no avião e, com uma ordem sua, ele decolou. Antes de qualquer outra coisa, ela foi olhar seu celular e nele tinha uma mensagem de Lucy.
“615131519 16181 32118920921 141 31191 415 2015149, 5143151420185-141519 121. 205 11315, 2019.”
Ela logo reconheceu o código alfanumérico que usava com a filha e não teve dificuldades em decifrar a mensagem, afinal após tanto tempo de uso as letras e seus números correspondentes já estavam gravados em sua memória. Não demorou para ela chegar ao seguinte resultado.
“Fomos pra Curitiba na casa do tio Toni, encontre-nos lá. Te amo, bjs.”
– Essa é minha filha. Muito esperta, Lucy. – Glória elogiou e apertou um botão. – Azevedo, mudança de destino, nós vamos para Curitiba.
– Sim, senhora. – o piloto respondeu.
Por ter feito várias viagens com o avião particular, a empresária passou a deixar algumas roupas no veículo. Decidiu por algo mais casual e vestiu uma calça jeans e uma camisa creme de manga comprida. Usou o kit de primeiros socorros para limpar e o estojo de maquiagem para disfarçar os ferimentos. E então descansou o resto da viagem.


No caminho de volta, o silêncio reinava dentro do carro de Bárbara, que ainda estava sendo dirigido por Carpo. O rapaz não conseguia parar de pensar no que haviam descoberto e, mal sabia ele, que as Cesca estavam pensando a mesma coisa. Ana lembrava bem o trecho da conversa que tinha sido confuso.
– O que meu avô disse para o senhor? – ela perguntou.
– Nada. Ele só me chamou para os meus irmãos acharem que eu também tinha um segredo. – Toni respondeu.
Ana achou aquilo estranho, mas não quis duvidar da palavra do tio que acabara de conhecer.
– O senhor chegou a ir aos correios para ver se algo tinha chegado?
– Não, eu sabia que só chegaria um ano depois e que seria no Rio, e nesse tempo, eu ainda não estava bem financeiramente, não tinha como eu viajar. Quando tive condições, já não tinha mais interesse. – ele explicou.
Na hora pareceu coerente, mas ao parar para pensar, Ana viu que aquilo era muito contraditório. Ele era um ex-mafioso recém chegado da Itália, se houvesse uma mínima chance de ele conseguir dinheiro fácil para recomeçar a vida, ele iria atrás.
Bárbara havia tido mais informações do que gostaria em um dia. Primeiro, seu pai lhe contou sobre seu passado secreto e, além de tudo, ele mentiu sobre isso. “Por quê?”, era só o que ela se perguntava.
Lucy não parou muito nessa questão. A jovem carateca só pensava se a mãe dela teria recebido e lido sua mensagem. Ela queria que Glória estivesse ali participando da aventura também.
Já era noite quando eles chegaram à casa de Toni. Ao abrirem a porta viram, sentada no sofá da sala de estar, conversando com o ex-mafioso, a mais velha das Cesca.
– Mamãe! – Lucy gritou e agarrou o pescoço da empresária e as duas se deram um longo e apertado abraço.
– Como você está, meu amor? – Glória perguntou.
– Eu to bem, e você? Nossa! O que houve com seu rosto? – a menina perguntou. – Você andou brigando? Quem bateu em você? – ela emendou com tom assustado.
– Calma, eu já explico. – ela disse e cumprimentou Ana.
– Ta tudo bem mesmo, prima?
– Sim, Anita, não se preocupe. – Glória a acalmou.
– Você foi num hospital? Não tem nada mais grave? – Carpo quis saber.
– Não foi nada demais, mas obrigada por se preocupar. – Glória disse. – Então, essa é a minha prima mais nova? – a empresária se dirigiu a Bárbara. – A que ainda estava na barriga quando saímos da Itália. – ela continuou, segurando uma das mãos da loira e passando a outra mão em seu rosto. – Muito linda, mesmo. Uma verdadeira Cesca! – Glória finalizou com um sorriso.
– Então, tio Toni. – Ana disse com todos já sentados. – Por que o senhor mentiu para nós? – ela perguntou, indo direto ao ponto.
– Eu menti para vocês? – ele disse, fingindo espanto. – Acho que você está equivocada, minha sobrinha.
– Por favor, senhor Toni, não nos enrole mais, já sabemos de tudo. – Carpo disse.
Ana explicou o que houve em Paranaguá e como descobriram que Toni havia pegado um pacote proveniente da Itália um ano após se mudar de lá.
– Você nos deve uma explicação, tio. – Ana exigiu.
– Sim, eu devo e farei isso assim que o último convidado chegar... Oh, lá vem ele. – Toni disse e se levantou.
– Último convidado? – Ana perguntou.
– Sim, alguém que você conhece muito bem. – ele respondeu e abriu a porta, revelando um homem alto vestindo uma calça jeans e uma camisa, e usando um chapéu.
– Boa noite a todos! – Giovanni cumprimentou.
– Papai! – Ana ficou em pé e gritou. Em seguida, todos se levantaram também.

2 comentários :

  1. Uhhhh... Agora as cartas estão sendo postas na mesa. Finalmente as coisas ficarão mais claras, hein??

    E até que a reunião das Cescas foi tranquila. Pensei que ela iriam querer se matar por causa de Carpo.

    Beijos.

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