terça-feira, 22 de maio de 2012

Fogo contra fogo


– Vocês não vão! – Giovanni decretou.
– E dois tiozinhos, com mais de 60 anos cada, vão enfrentar uma máfia inteira sozinho? – Glória indagou.
– Você faz parecer tão negativo. – Toni observou.
– Podemos ser poucos e velhos, mas somos úteis. Se vocês forem, serão apenas mais uma preocupação para nós. – Giovanni explicou.
– Aí que o senhor se engana, meu tio. Eu sei atirar e pratico desde que a Lucy começou o caratê. – a mais velha disse.
– E eu sou faixa preta, e também sei atirar, pratico há um ano. – Lucy emendou e, junto com Glória, olhou para Bárbara.
– Eu... não sei atirar. – ela começou devagar. – Mas dirijo muito bem. – ela falou rapidamente ao lembrar algo em que poderia ajudar.
– Muito bem, vamos nos armar. – Giovanni aceitou a contragosto e todos saíram do hotel.
Em uma loja de ferramentas, os Cesca encontraram um velho amigo da família, Olavo o antigo vendedor de armas.
– No credo! Giovanni! Toni! – o italiano exclamou e abraçou cada um dos irmãos.
– Olavo, precisamos de armas. – Giovanni disse.
– Venham comigo.
Depois de explicada a situação, Olavo mostrou-lhes seu arsenal. Nos fundo de sua loja havia as mais variadas pistolas, espingardas e automáticas. Os mais velhos começaram a escolher, sendo seguidos por Glória que entendia um pouco também. Toni pegou um rifle AK-47, três pistolas e pentes de munição.
Giovanni e Glória preferiram espingardas, mas também pegaram pistolas. Lucy e Bárbara estavam meio perdidas. A mãe da carateca lhe entregou uma arma, mas com uma recomendação.
– Tome cuidado, use os ensinamentos das aulas. – Glória disse.
– Sim, mamãe.


Na mansão Martiniani, Carpo, depois que levantou, achou que teria tempo de ver Ana em determinado momento, mas não conseguiu se livrar dos filhos de Marco. Eles o encheram de perguntas e, apesar da situação, Carpo simpatizou com os rapazes. A conversa, porém, foi interrompida por um barulho vindo do portão da grande propriedade.
Um pequeno caminhão derrubou o portão e ficou transversal ao jardim que o separava da mansão. Seus ocupantes rapidamente desceram do veículo e ficaram atrás dele, usando-o como uma barricada para suportar os tiros dos inimigos. No imenso jardim, havia uma fonte com um chafariz no centro e vários arbustos ao redor formando um pequeno labirinto.    
– Vamos usar a vegetação para avançar até a casa. – Toni disse.
– Há muitos deles. Não dá para ir todo mundo. – Giovanni observou enquanto o caminhão recebia uma série de tiros.
– E não precisa. – Glória disse. – Lucy, você e Bárbara podem seguir pela lateral e entrar por alguma janela da casa. Nós cobrimos vocês.
– Sim! – a menina assentiu.
Assim, as duas Cesca seguiram ao lado do jardim e além do trecho que havia para os carros passarem. Entre uma árvore e outra, elas corriam mais. Enfim, alcançaram a borda da casa. No entanto, em vez de seguir, Lucy parou, notando o quanto os inimigos haviam avançado e o quão encurralados seus tios e sua mãe estavam.
– Prima, segue você. Liberte Ana e Carpo. Eu vou ficar aqui e ajudar a acertar esses manes. – a carateca disse.
– Cuide-se, Lucy. – Bárbara pediu e foi em busca de uma entrada.
Dentro da mansão, mafiosos corriam para todos os lados buscando munição e avisando posições. Marco mantinha-se em seu escritório. Marcelo e Bruno foram até a porta para analisar a situação e informar o Don da família.
Aproveitando a bagunça e falta de atenção sobre ele, Carpo foi onde Ana estava. Abriu a sala, desvendou-a e começou a desamarrá-la.
– Carpo! O que está acontecendo? Eu ouvi vários tiros. – ela disse. – Nossa, mas que terno mais...
– Mafioso? Também acho. – ele completou e a atualizou do que estava acontecendo.
– Então, vamos sair logo daqui. – ela disse e avançou à porta, abrindo-a.
Ao fazer isso, porém, Ana, sendo a primeira a sair, foi vista e reconhecida.
– Refém em fuga. – um mafioso gritou e atirou em seguida.
A moça só teve tempo de olhar para seu atirador antes de escorregar ao longo de uma parede com um tiro no ombro esquerdo. Carpo apareceu logo após e ficou paralisado com o que viu. O mesmo ocorreu com o atirador ao ver o Capo convidado ali.
– ANAAAAAA! – o economista gritou e abraçou a Cesca.
– Car... po... – ela murmurou.
– Shh, não fala. Pressiona o local aqui. – ele disse e colocou a mão dela sobre o ferimento. – Nós vamos sair daqui e vai ficar tudo bem, eu prometo.
Carpo levantou, virou-se e encarou bem o mafioso que atirou em Ana. Ele ficou muito feliz de não ter sido Bruno ou Marcelo, pois não sabe se teria coragem de fazer o que fez em seguida.
Pela primeira vez em sua vida, Carpo matou uma pessoa.

6 comentários :

  1. Nossa... que conto ein? Adorei!!! Eita, tadinha da Ana. Beijos, www.spiderwebs.tk

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  2. Que historia, hein? Me senti dentro de um filme de ação.

    Parabéns!

    Beijos.

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  3. Coitada da Ana... E Bárbara que entrou sozinha??? Ela não disse que não sabia atirar? O.o
    Gente, que loucura.

    Carpo virando um assassino... Agora a porra ficou séria.

    Beijos.

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  4. Eita a coisa ta ficando tensa heim?? O enredo está ótimo Ricky, a leitura me prendeu do início ao fim.
    Beijokas doces

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