segunda-feira, 21 de maio de 2012

Selva de pedra


Através de seus contatos entre os taxistas do aeroporto, Rubens soube o hotel que Krok e Everest tinham se hospedado, mesmo sem saber seus reais nomes. Antes disso, porém, o jornalista levou a jovem índia em uma loja e comprou algumas roupas para ela, uma calça jeans e uma camiseta.
Ao chegarem na esquina da quadra do hotel indicado, eles viram seus alvos saindo do local e esperando pelo manobrista com o carro. Rubens disfarçou e esperou. Logo, o rapaz do hotel chegou com a F-250 deles e a estacionou, recebeu uma gorjeta e voltou para o estabelecimento.
Em seguida, o jornalista parou um táxi que passava pela rua.
– Siga a F-250. – ele disse ao motorista.
O táxi estava a dois carros de distância de Krok e Everest. Eles seguiram reto por um tempo, depois viraram à direita, passaram mais duas quadras e foram para à esquerda. O trânsito da cidade começava a ficar notável. Em um semáforo, a F-250 passou no amarelo, sendo seguido por mais um carro, mas o táxi e o da frente tiveram que parar.
– Droga! – o jornalista praguejou.
– E agora, Rubens? – Kaluana perguntou.
– Motorista, leve-nos para a sede do jornal Terra da Garoa. – ele disse.
– Oh! Eu vou conhecer seu local de trabalho? – a índia quis confirmar.
– Sim, você vai.
A edição do jornal estava como qualquer outro dia normal. Vários teclados de computador sendo apertados ao mesmo tempo, pessoas gritando, pessoas comendo, mesas lotadas de papéis, mesas sem pessoas. E a única sala do cômodo, com um editor-chefe para lá de bravo.
– Eu ia te apresentar meu editor, mas não parece ser um bom momento para isso. – Rubens disse ao ver o chefe aos berros no telefone. – Venha, vamos para minha mesa.
Enquanto caminhavam entre as mesas, o celular de Rubens vibrou, o que quis dizer que ele recebeu mensagem. Ele parou e abriu a mensagem. Era de Carla, sua colega de trabalho. Havia um vídeo e um lembrete que dizia:
“Veja o vídeo sozinho. É só para você!”
– Ah, sua safadinha! A essa hora do dia? Ta bem. – o rapaz resmungou. – Kaluana, espera um pouco aí que eu já venho.
Ele saiu da sala de edição e foi para o corredor do andar, onde não tinha ninguém. Ao abrir o vídeo, Rubens teve uma surpresa, pois não era o que ele esperava. Em vez de Carla, Krok apareceu falando.


– Olá, Sr. Araújo. Ou devo dizer Sr. Fonseca? O senhor me deixou muito confuso com esses nomes. Fiquei muito chateado quando soube que o senhor mentiu para mim. E eu não gosto que mintam para mim. – ele terminou de modo furioso.
A câmera focava apenas o traficante de animais, mas Rubens podia ouvir um gemido abafado ao fundo.
– Entretanto, hoje, o senhor tem a chance de se redimir. – Krok continuou. – Eu sinto que mereço uma indenização por danos morais e materiais, já que graças a sua mentirinha, eu perdi tudo que eu tinha na Amazônia. – ele disse alternando entre tons suaves e graves. – Não espero, é claro, que o senhor ceda facilmente, portanto, imaginei que poderia precisar de um pequeno estímulo. – ele finalizou e virou o celular mostrando Carla sentada e amarrada.
– Não! – Rubens falou sem querer e, apesar de ter sido baixo, ecoou pelo corredor e chamou a atenção da índia.
Com a visão na jornalista, Krok continuou a falar.
– Meu caro, Everest, desamarre nossa convidada. – Krok pediu e o homem de dois metros surgiu e tirou a corda da boca da moça, que não pensou duas vezes antes de gritar.
– SOCORRO!! ALGUÉM ME AJUDA!
– Cala a boca, vadia! – Everest disse e deu um tapa no rosto de Carla, que desmaiou, e amarrou a boca dela novamente.
– Uou! Essa deve ter doído. – Krok recomeçou. – Bom, Sr. Araú... Fonseca, se o senhor não quer que mais cenas dessas se repitam, o senhor vai me trazer 100 mil reais em dinheiro às 20 horas no endereço que vou lhe mandar em outra mensagem logo mais. Não se atrase! – ele finalizou voltando o celular para si e dando um tchau com a mão.
O vídeo acabou, quando Kaluana chegou para saber o que aconteceu.
– Eles sequestraram uma amiga minha. – ele disse.
– E agora, o que vamos fazer? – a índia quis saber.
– Vamos visitar um amigo meu. – Rubens informou.

3 comentários :

  1. UAL QUE DEMAIS!!!!
    Parabéns!
    Eu achei perfeito!
    http://www.libertandoogenio.com.br/

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  2. Roupas novas para Kaluana. O conto já começou bem. kkk
    E Rubens, cheio das más intenções e pensando que ia ter uma bela "surpresinha", teve foi uma surpresa gigantesca e ruim. Coitada da Carla, pagando sem dever.

    Beijos.

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  3. Rickynho,
    sempre muito criativo e fluente.
    A gente vai lendo e com vontade de seguir lendo, a narrativa vai nos envolvendo.
    Fiquei imaginando a cara de surpresa do Rubens ao ver que não era a Carla no vídeo rsrs
    Beijosss

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