segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Resolução


“Quando viram o guarda Amorim e Kaluana, Krok e Everest não tiveram outra opção a não ser se entregarem. Alguns policiais tomaram posse do navio dos traficantes e, assim, as três embarcações navegaram de volta em direção à cidade mais próxima. Para que você, caro leitor, entenda melhor a conclusão da minha aventura na Amazônia, vou explicar alguns pontos.
Primeiro, como já foi dito, antes de ser capturado pelos traficantes, retirei o cartão de memória da minha câmera fotográfica. Segundo, de onde surgiu o mandado para revistar o navio? Bom, eu sabia que as fotos que eu tirei seriam insuficientes para tal ato, por isso quando pedi ajuda a Kaluana, disse-lhe que entregasse o meu gravador para que essa pessoa passasse para alguma autoridade policial. Juro que não imaginei que ela tinha contato direto com uma.
Então, vem a pergunta: o que aconteceu com o cartão de memória depois que eu pulei no rio? Simples, depois que todos estavam bêbados e desmaiados no navio, aproveitei para guardá-lo num saco plástico que achei por lá e coloquei num bolso escondido no interior da minha calça e assim o protegi.
O que aconteceu com Bruno Pavão, o filho do prefeito? Nada, o nosso país, infelizmente, não pune os políticos severamente. Ouvi dizer que ele foi pra Europa refletir sobre o que fez, belo castigo, não? Depois de muito aclamado e parabenizado pelo que fiz, confesso que fiquei meio sem jeito com tanto elogios, eu finalmente conheci o guarda Amorim e pude conversar melhor com Kaluana...”
– Eu ainda não acredito que você depositou todas as suas esperanças em uma índia que você tinha acabado de conhecer. – comentou Amorim.
– Algo dentro de mim disse que ela era confiável. – o jornalista disse olhando para a nativa.
– Kaluana fica feliz de ter ajudado. – disse a índia.
– E eu de tudo ter dado certo. – Rubens replicou. – Foi muito bom conhecer vocês, mas agora eu preciso ir. – ele disse e foi se afastando.
– Espera! – pediu Kaluana. – Rubens, eu quero ir com você pra São Paulo.
– O que? Agora? – ele perguntou espantado e ela confirmou com a cabeça. – Ta... olha só, agora não vai dar pra você ir porque eu to cheio de trabalho e problemas pra resolver. Vamos fazer assim, eu vou deixar meus telefones com o guarda Amorim e daqui umas semanas você me liga pra vê se já ta mais tranquilo ou senão eu mesmo ligo quando der, pode ser? – ele sugeriu, entregando um papel para o guarda.


“... assim que saí de lá fui para Manaus e de lá peguei o primeiro vôo para São Paulo. Mas espera!!! A história ainda não acabou, quer dizer, acabou sim, mas há algo que eu deixei para contar no final.
Assim que desembarcamos, eu fiz questão de acompanhar a soltura dos animais, em especial a da onça pintada. Com todo o cuidado e proteção, eles abriram a jaula no meio da floresta e se afastaram. Eu fui puxado por um deles, pois eu tinha ficado parado, mesmo com a fera solta. Ela olhou para os lados e então nos viu, notou que todos os guardas portavam armas e se mostrou apreensiva (eu descobri que se tratava de uma fêmea).
Ao me ver, ela me olhou diretamente e ficou parada me encarando. Não sei explicar direito, mas é como se ela tivesse me reconhecendo e me agradecendo com aquele olhar, posso jurar que vi a cabeça dela se mexer durante isso. Então, calmamente, ela se virou e correu floresta adentro.
Essa aventura me ensinou a amar e a cuidar de todos os seres vivos e que não importa o quão selvagem um animal possa ser, se você o tratar com respeito, assim ele o fará com você. É a premissa básica da natureza: plante coisas boas e coisas boas colherá!”
                                                                      
                                                 Rubens Fonseca.

5 comentários :

  1. Belo retrato da impunidade nesse nosso brasilzão... Anyway, tudo fica bem quando acaba bem, não é?

    Abração!

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  2. Olá,Ricky!
    Essa é a minha primeira visita ao blog.Vi seu link em outro blog e resolvi entrar para conhecer aqui! Amei e já tô seguindo. Seu blog é muito legal e suas postagens são muito bem elaboradas.Viva ao mestre Rubem Fonseca.Curti demais seu blog.
    Te convido a visitar e seguir o meu blog também.Aguardo sua visita!
    Bjs!
    Zilda Mara
    http://cacholaliteraria.blogspot.com/

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  3. Como citaram aí: Uma pena que os safados saíram ilesos né?
    "Justiça" no Brasil é só pra os pobres.

    Ain, como você falou no final: Se tratar bem, será bem tratado!

    Fiquei indignada domingo porque no programa de gugu estavam mostrando um vídeo com o título "Tigre ataca caçador" e tudo isso num tom como se o tigre fosse o vilão. Dá pra acreditar?
    :@

    Beijos.

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  4. Ótima escolha de Rubens Fonseca! É um dos meus textos preferidos!

    ^^

    Ricky tem promoção lá no Sook. Passa por lá depois.
    BjO

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  5. Gosto muito de Rubens Fonseca... mas, esse texto eu não conhecia!

    Então, meu querido... essa questão do dinheiro sendo supervalorizado é bem realidade. Falei sobre isso em alguns comentários acima. Vejo como algo que está impregnado em nossa cultura ocidental! Espero que possamos nos tornar pessoas mais evoluidas a ponto de não pensarmos nele como base de tudo. Bjão :)

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