Joel, Luiz Facada e Tecno Léo desceram do ônibus, andaram mais um pouco e pararam em um semáforo, esperando o sinal verde para poderem atravessar a rua e entrar no Park Shopping Barigui.
– Você não está pensando em roubar o Shopping Barigui, ta? – Luiz perguntou apreensivo.
– É claro que não to pensando em roubar o Shopping. Isso seria muita insanidade e não teríamos tempo de sair dali antes dos policiais chegarem.
– Então, o que viemos fazer aqui? – Tecno Léo perguntou.
– Nós vamos roubar as joalherias do Shopping Barigui. – disse Joel.
– Você ta louco cara, completamente louco. – disse Luiz.
– É, talvez eu esteja mesmo. – concordou Joel.
Alguns dias antes, Joel pediu para que Tecno Léo colocasse câmeras em objetos que eles pudessem usar, de modo que a visão fosse a mesma que eles estariam tendo. Após pensar um pouco, ele decidiu por em um óculos, um boné e uma caneta, que deveria ser usada juntamente com um paletó.
Tecno Léo escolheu o óculos para si, já que ele tinha feito achou justo poder escolher primeiro. Luiz Facada ficou o boné e Joel com a caneta. Quem via os três juntos não entendia como pessoas tão diferentes podiam ser próximas. Luiz parecia um “mano”, Léo parecia um nerd, e Joel, um empresário de sucesso. Ao entrar no shopping, eles se separaram.
A entrada pela qual eles chegaram era numa das pontas da grande estrutura. A partir dali seria perfeito para executarem o plano de Joel. Ele não precisou dizer muito para que seus colegas entendessem o que ele havia pensado.
– Eu não posso falar muito e nem alto. – ele começou alguns metros da entrada. – A ideia é a seguinte: vamos entrar em todas as joalherias e filmarmos o máximo que conseguirmos do local. – após dizer isso, eles entraram no shopping.
Havia um corredor principal e à esquerda uma bifurcação, que era mais estreita. Joel seguiu à direita do corredor principal, Tecno Léo seguiu à esquerda e Luiz foi pela bifurcação. A primeira loja que Joel encontrou pelo caminho foi a Boutique da Prata. Ele entrou e foi muito bem atendido.
– Boa tarde, senhor, posso ajudá-lo? – disse uma atendente muito simpática.
– Pode sim. – respondeu Joel, enquanto girava pela loja lentamente como se estivesse procurando algo. – Eu preciso dar uma jóia para minha mulher no nosso aniversário de casamento. Alguma sugestão?
– Ah, sim, nós temos muitas opções para a sua esposa. Um momento, por favor. – ela pediu e ele consentiu com a cabeça.
Enquanto, ela pegava algumas peças, Joel aproveitou para localizar possíveis câmeras na loja, a qual ele encontrou. Não demorou muito e ele reconheceu o lugar inteiro com a caneta. Ele viu que com ele ia ser muito fácil.
Ele foi até o fim do seu trajeto pela direita, passando pela Viccenza, Modérnika e Renê. Antes dele, Léo já estava lá, pois do lado esquerdo só havia a Dalitz e a Bergerson. Mas o que realmente chegou antes foi Luiz, pois na bifurcação, ele só precisou ir à Swarovski.
No andar de cima, eles fizeram o mesmo e na mesma sequência, Joel pela direita do corredor principal, Tecno Léo pela esquerda e Luiz pela bifurcação. Logo, eles terminaram e saíram pelo mesmo lugar que entraram.
De volta ao centro de operações, como Joel decidiu chamar a velha mecânica incendiada onde eles se encontravam, Tecno Léo começou a trabalhar com os vídeos feitos, enquanto Luiz comentava o acontecido.
– O Joel teve muita sorte. O terno ajudou muito ele. – ele começou. – vocês precisavam ver como eu fui tratado em algumas joalherias. Os caras achavam que eu não tinha dinheiro pra pagar. Um quase chamou o segurança. – todos riram. – Vocês riem né? – ele reclamou.
– Apesar de ser engraçado, a verdade é que ainda há muito preconceito nesse país, e não é só racial, também social. Mesmo eu sendo negro, com terno e bem arrumado fui muito bem tratado em todas as lojas. – Joel começou, e todos silenciaram para ouvi-lo. – O contrário aconteceu com o Luiz, não importa o quão branco ele seja, com roupas não “adequadas” pela sociedade, ele se torna alvo de preconceito. E sabe de quem é a culpa? Em parte da própria população. E no ponto em que as coisas chegaram é bem difícil reverter essa situação. – ele concluiu, causando um silêncio ensurdecedor na sala.
Engana-se quem pensa que o preconceito está só na cor.
ResponderExcluirO problema está na sociedade mesmo.
Gostei do texto, bem interessante!
http://inlegau.blosgpot.com
O problema do preconceito ainda é fato em nosso país! Infelizmente, não é tão simples quanto pensamos.
ResponderExcluirEntão quer dizer que o "sinhozinho" tbem conta até 10, quando está zangado!? rs... é uma técnica milenar! hahahaha... Quase sempre dá certo... Ah, simmmm, voltei com força total! heheh Bjks :)
É... Gostei muito do texto, por um instante achei que fosse virar um livro em vários capítulos postados diariamente aqui. Com certeza teria um final melhor. Parabéns pelo blog, e pela ótima produção textual.
ResponderExcluirÔ bora cobrar um cachê pela propaganda das lojas aí heim haha! E o Charger, como fica nessa história?
ResponderExcluirLaura e Joicy
ResponderExcluirÉ, e o preconceito caiu de paraquedas nesse post, não era a intenção, mas acabou até ficando uma crítica boa...
Vick
E é quase um livro, acompanhe sempre aqui às quintas "A arte de roubar"
Izak
Não seja ansioso meu amigo, o próximo capítulo terá o Charger e suas máquinas tão queridas... ;D