Retrato falado

O empresário Jonas Parvo olhava pela janela de seu escritório a rua em frente ao seu prédio e o trânsito que nela se formava, na cidade de Curitiba, quando um homem de terno e óculos escuros entrou em sua sala.

– O retrato falado ficou pronto. – disse o recém chegado.

– Ótimo, Beckert. Vamos lá ver. – Parvo disse e seguiu o funcionário alguns andares abaixo do seu, que era o último, para conferir o retrato falado.

Thiago Tonetti trabalhava na parte dos negócios mais discretos do seu chefe, por isso quando perguntavam o que ele fazia, ele apenas respondia: “Sou técnico em informática”. Era o suficiente para mudarem de assunto.

– E então, Tonetti, conseguiu alguma coisa? – perguntou Beckert ao se aproximar da mesa do rapaz.

– Sim, enquanto você e o Sr. Parvo vinham, eu coloquei o desenho que você me deu no sistema e comecei a procura. – explicou Tonetti. – E já achei uma combinação.

– E qual é? Diga logo garoto! – Parvo falou nervoso.

– Ora, veja o senhor mesmo! – disse o jovem mostrando a tela do computador, que tinha a foto de Zé Mané com todos os seus dados do lado. – O nome dele é José Manoel Ferreira da Silva, estuda Design e mora no bairro Portão. Ele é só um rapaz comum. – disse Tonetti após ler algumas respostas.

– Isso é o que ele quer você pense. Esse tipo de agente é da pior espécie, ele cria um perfil falso e às vezes até vive essa vida. Faz você pensar que é um idiota e quando você menos espera, ele te surpreende. – disse o chefe.

– Mas esse cara é zé mané até no nome. – observou Beckert.

– Ele é profissional. – elogiou Parvo. – Precisamos pegá-lo antes que ele nos pegue. Chame todo o pessoal, Beckert, e todos aqueles que nos devem algum favor. Eu quero esse zé mané capturado pra ontem. – exigiu o empresário.

– Pode deixar, chefe. Trarei a cabeça dele em uma bandeja para o senhor. – prometeu Beckert.

– Não! Eu quero ele vivo. Entendeu?

– Sim, senhor.