VERDADE
― Eu também tenho uma evidência
para acrescentar ao processo, Meritíssimo. – Lívia disse e avançou para
entregar os papeis ao juiz. – Esses são recibos de compras de carros. Recebi
hoje pela manhã no meu escritório de modo anônimo. Após uma rápida conferência,
descobri ser os mesmos veículos usados nos roubos do Shopping Barigui, do Museu
Oscar Niemeyer e do Banco Centra. – a advogada concluiu.
― Protesto! Isso não tem relação
com o caso. – Rosolen argumentou.
― Claro que tem. – Lívia revidou
antes do juiz falar. – Se for verdade, o seu cliente é o ladrão da história.
― Ela tem razão. – o juiz
concordou e Rosolen olhou para Barton.
― Isso não é verdade. – Barton
disse.
― Então, não vai se importar de
olharmos a garagem da sua empresa. – a loira sugeriu e encurralou o empresário.
― De modo algum. – ele disse sem
opção.
A audiência foi interrompida até
que houvesse a verificação dos carros na garagem do prédio em que ficava a
seguradora de Barton. Lívia só pôde ficar torcendo para que Taís e Charger
tivessem conseguido executar o plano da morena. Enfim, os guardas enviados pelo
juiz voltaram com a confirmação.
― Sr. Barton, a sua situação acabou
de ficar bem complicada. – o juiz disse. – Agora, vamos aos testemunhos do réu
e da acusação. Primeiro, o réu. – decretou.
Joel foi levado ao banco das
testemunhas e em seguida, um guarda foi até ele com uma bíblia na mão.
― Jura dizer a verdade, somente a
verdade, nada além da verdade, em nome de Deus? – o oficial disse.
― Eu juro. – o réu respondeu,
sabendo que eventualmente teria de quebrar o juramento.
― A defesa tem a palavra. – o
juiz decidiu e Lívia se aproximou de Joel.
― Sobre o que você foi conversar
com o Sr. Barton, na noite em que foi preso? – Lívia perguntou a Joel.
― Fui pedir mais tempo para pagar
o dinheiro que devo a ele. – o réu respondeu.
― Ele aceitou? Quanto deve? – ela
perguntou.
― Devo 20 mil e ele não aceitou.
Disse que precisa do dinheiro agora.
― Por que levou uma arma? – a
loira quis saber.
― Eu estava desesperado. Ele já
estava me cobrando a tempos. Eu só queria assustá-lo. Nunca pretendi atirar. –
Joel contou.
― E por que atirou? – Lívia quis
saber.
― Porque ele atirou antes. Meu
dedo estava no gatilho, quando fui atingido, disparei no reflexo. – explicou o
réu.
― Sem mais perguntas,
Meritíssimo. – a loira sentou em seu lugar e o promotor se levantou para se
aproximar de Joel.
― Bom dia, Sr. Dasco. Como vai? –
Rosolen iniciou.
― Já estive melhor. – o réu
respondeu.
― Diga, Sr. Dasco, por que não
aceitou quando meu cliente lhe ofereceu ajuda para levantar? – o promotor
perguntou.
― O cara tinha acabado de atirar
em mim. Acho que reagi da maneira mais condizente. – Joel respondeu.
― Certo. E mesmo sabendo das
implicações que viriam, o senhor não tentou fugir quando chegou ao térreo. Por
que? – Rosolen quis saber.
― Como fugiria? Estava mancando e
sangrando, seria pego antes de chegar à esquina. – o réu disse e sorriu ao fim.
― Faz sentido. Agora, vamos falar
sobre a sua equipe. Onde ela está agora? – o advogado de acusação disse.
― Não há equipe, achei que
tínhamos superado essa parte. Seja quem for que roubou o Sr. Barton, não tem
nenhuma ligação comigo. – Joel explicou.
― Preciso lembrar-lhe que está
sob juramento? – o promotor disse.
― Preciso lembrar-lhe das
evidências? – o réu revidou.
― Sem mais perguntas,
Meritíssimo. – Rosolen disse e voltou a seu lugar.
― Sr. Dasco, pode voltar para o
seu lugar. – o juiz decretou. – Sr. Barton, dirija ao banco de testemunhas, por
favor. – o empresário obedeceu e passou pelo processo de juramento. – A defesa
tem a palavra.
― Segundo os autos, o meu cliente
chegou ao seu escritório às 18h03. Isso está correto? – a loira perguntou.
― Sim. – Barton respondeu
calmamente.
― Segundo a perícia, para roubar
os objetos, dinheiro e documentos de todos os andares da sua empresa, uma
pessoa levaria pelo menos uma hora. Considerando que o tempo em que as câmeras
de tais andares foram alteradas é o mesmo em que o meu cliente estava com o
senhor, o que pode ser provado graças ao vídeo que o senhor mesmo forneceu, é
possível concluir que seria impossível ao meu cliente roubar seu prédio ao
mesmo tempo em que estava em seu escritório. O senhor concorda? – a loira
finalizou.
― Sim. – ele disse
desconfortável. – Mas tem a equi...
― Quando meu cliente lhe apontou
o revólver, o senhor não pareceu abalado. – Lívia aumentou o tom de voz e o
interrompeu.
― Eu sabia que ele era um homem
perigoso, mas sabia que iria querer me ameaçar antes. – o empresário disse.
― O senhor admite ter pensado que
meu cliente não iria atirar? – a loira indagou.
― Sim, quer dizer, não. – Barton
se atrapalhou ao responder.
― Vejam, senhores e senhoras. – a
advogada se virou para o júri. – Com isso, eu tenho quase certeza que o
conceito de legítima defesa vai por água abaixo. – ela se voltou ao empresário.
– A ligação à polícia foi feita às 18h07, quatro minutos depois que meu cliente
entrou em sua sala e um minuto antes de ele lhe apontar a arma. Como o senhor
explica isso? – ela disse mas não o deixou responder. – Não, não, deixa que eu
explico. O senhor contratou uma equipe para roubar sua própria empresa e
enquanto conversava com o meu cliente, um funcionário seu os observava e ligou
para a polícia, pedindo muitas viaturas, pois o prédio estava sendo assaltado.
Ou seja, o senhor fez tudo isso para incriminar meu cliente e chegarmos a esse
julgamento hoje. – ela concluiu.
― Não foi assim que aconteceu. –
ele disse com raiva.
― Então como foi? – ela devolveu
com mais ferocidade e se apoiou na bancada em frente a ele, encarando-o.
― Como eu disse à polícia. – ele
respondeu ao se ver novamente encurralado pela advogada loira.
― Sem mais perguntas. – ela disse
e voltou ao seu lugar, mas falou ao passar pelo promotor. – Bate essa, bonzão.
– sorriu e se sentou.
É! Bate esta bonzão! kkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirEntão vc está com força total com seus contos?? Legal, querido!! :)
ResponderExcluirJoicySorciere => CLIQUE => Blog Umas e outras...
"Bate essa, gatinha" "Bate essa, bonzão." Hahahahah Ironia (U_u) ajudando a criar tensão desde que o mundo é mundo.
ResponderExcluir:P
;*