PEDRAS NO
CAMINHO
Bomber já havia estado em todos
os locais em que os vigilantes deveriam ficar. Em um desses lugares, ele viu
Léo e os dois trocaram acenos de cabeça e cumprimentos como se não se
conhecessem. Faltava apenas um ponto de trabalho e era para lá que o musculoso
funcionário se dirigia no momento.
― Cheguei, Amilton! – ele se
anunciou ao entrar na sala dos monitores, mas ficou em silêncio ao ver quem
estava lhe esperando.
― Desculpe, decepcioná-lo,
Marcelo, mas o Amilton estava só cobrindo as minhas férias. – disse a mulher.
― Sandra? – o vigilante disse e
arregalou os olhos.
Quando ainda estava no serviço
militar, Bomber costumava malhar na academia do bairro em que morava. Foi lá
que conheceu o grande amor de sua vida, Sandra. Uma morena, de pele bronzeada,
cabelos encaracolados, alta e atlética, o sonho de qualquer homem. A atração
foi mútua e os dois saíram várias vezes e começaram a namorar.
Tudo estava indo bem até usarem
Bomber como bode expiatório do esquema dos policiais corruptos. Sandra não
acreditou no começo, mas depois da sentença dada ao namorado, ela ficou confusa
e preferiu aceitar a palavra da polícia. Bomber mudou de bairro e desde então
nunca mais falou com ela.
― Quando vi o nome do mais novo
contratado, quase caí de costas. O que veio fazer aqui, Marcelo? Roubar o
banco? – ela perguntou.
― Ela está mais perto do que
imagina. – ele pensou e então falou em voz alta. – Claro que não. Estou
trabalhando. É só.
― O que foi? Seus amigos bandidos
não quiseram te ajudar depois que foi expulso da corporação? – ela provocou.
― Você ainda não acredita em mim,
não é? Tudo bem. Só não fala nada para a chefia, estou tentando recomeçar. –
ele pediu.
― Está bem. Mas lembre-se: estou
de olho em você. – ela avisou e sentou no seu lugar, em frente aos monitores
com Bomber ao seu lado.
“Essa vai ser uma pedra no
caminho”, pensou o ex-militar.
Léo se adequou rápido à rotina do
Arquivo. No primeiro e segundo dia, ele foi mais devagar, mas depois mostrou
toda sua habilidade com programas eletrônicos. Devido a uma diferença de
horário entre a empresa terceirizada pela qual trabalhava e o Banco Central, o
servidor do setor ia embora antes de Léo e Luana.
A garota, por sua vez, ia antes
do novo funcionário, pois ela ia trocar de roupa e pegar suas coisas no
vestiário. Léo gostava disso, já que dessa maneira teria mais tempo para
explorar o local sozinho. Depois de tirar fotos de todos os cantos, decidiu
mexer e descobrir mais sobre o sistema do banco.
Na segunda semana, porém, Luana,
de quem Léo havia ficado muito amigo, não foi no horário em quem costumava ir.
― Já não está na sua hora? – Léo
perguntou.
― Nossa! Quer tanto assim que eu
vá? – ela retrucou.
― Não, não é isso, é que não
quero que se atrase para sua aula. – ele consertou logo.
― Sei. – ela fingiu acreditar. –
Acontece que hoje, não terei aula e estava pensando em fazer algo depois do
trabalho. Gostaria de me acompanhar, Léo? – ela explicou e sugeriu.
― Sair? Eu... hã... – ele
gaguejou e olhou para a tela do computador, estava prestes a se aprofundar mais
nos documentos do banco. Então, lembrou tudo que já havia passado, desde o
primeiro roubo e percebeu que ele, mais do que ninguém, tinha trabalhado muito.
Talvez, fosse a hora de relaxar um pouco. – Tudo bem. Vamos nessa! – ele
concordou e começou a desligar a máquina.
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