CARTAS NA MESA
― E aí, Rezende, o que você tem
para nós? – Raquel perguntou ao entrar no necrotério da criminalística.
― Oh, algumas coisas
interessantes. – respondeu o velho médico legista.
― Diga lá, então. – pediu Jorge.
― A vítima foi identificada e se
chama Gilson Andrade, tinha 30 anos e era farmacêutico. – começou o legista. –
Encontrei um fio de cabelo de outra pessoa que foi identificada como Plínio
Valdetaro. – ele disse e os detetives se olharam. – Suspeito? Possível
assassino, talvez?
― Talvez. O que mais? – a morena
perguntou.
― Os peritos ainda não terminaram
de analisar todas as evidências, mas pediram-me para lhes dizer que de uma
coisa eles têm certeza. O corpo não foi morto no Barigui. Foi levado até lá
depois do ato. – Rezende informou.
― Muito obrigado, Rezende. Ajudou
bastante. – Raquel agradeceu e saiu com seu parceiro.
De volta ao distrito policial,
ela passou o que fazer para o pessoal participante da investigação.
― Quero saber tudo o que
aconteceu com os cinco colegas do assassino que ainda não foram mortos. Onde
estão, o que fazem da vida, tem descendentes. Tudo. – ela disse e três saíram
para pesquisar. – Quero um perfil completo do Valdetaro: onde nasceu e cresceu;
com quem casou; se teve filhos; se esses filhos tiveram filhos e o que fazem
agora. – mais dois saíram para essa tarefa. – Quero a lista dos pontos
turísticos em foram encontrados os corpos e quais ainda faltam. – o último saiu
para isso.
― E nós? O que vamos fazer? –
Jorge perguntou.
― Uma visita ao novo Valdetaro. –
a jovem respondeu.
O bairro era simples, algumas
casas de madeira outras de alvenaria, na periferia da cidade. Os detetives
entraram em uma de madeira. Assim que abriram a porta, viram uma mulher morta
sentada numa poltrona, com um grande pedaço de papel em que estava escrito
“Ligue o DVD”.
Quando eles fizeram, um homem
loiro, com o cabelo caído na testa, apareceu e começou a falar.
― Olá, policiais, detetives,
inspetores, investigadores ou seja lá o título que vocês ostentam. Se estão
assistindo esse vídeo é porque seus peritos encontraram o fio de cabelo que
coloquei no corpo que deixei no Barigui. Eles merecem um aumento de salário. –
Plínio disse e os detetives notaram que ele não estava em residência, mas em
algum lugar com muitas árvores. – Vocês devem ter muitas perguntas em mente
agora. Vou tentar responder algumas. Primeiro, a mulher que jaz na poltrona da
minha sala é a minha mãe. Estava cansado dela e precisava me livrar dela para
seguir meu plano. – ele continuou enquanto se movimentava no local em que
estava. – Quanto ao meu objetivo e o motivo pelo qual estou fazendo tudo isso,
é muito simples, estou vingando meu avô. Imagino que já devam estar procurando
as pessoas que ainda não foram, não é? Vou dar a dica para poupar o tempo de
vocês. Elas já estão comigo e vão morrer não importa o que vocês façam. Por que
estou contando tudo isso? Porque é divertido ter o controle de tudo e ver que a
polícia não pode fazer nada para impedir. – o assassino disse e parou de andar.
– Vocês devem querer saber onde eu estou, não é? Oh, tenho certeza de que já
estiveram aqui? Prestem atenção. – ele disse e virou a câmera ao redor.
― Ópera de Arame. – Raquel
reconheceu.
― Última dica, sei que adorariam
fuçar em todos os cantos da minha casa, mas isso não posso permitir. Portanto,
assim que o vídeo acabar e vocês tirarem o DVD, terão apenas 10 segundos para
sair antes que a casa inteira exploda. Até mais. – ele disse e a tela ficou
azul.
― Precisamos sair daqui. – Jorge
disse.
― Espera! – Raquel o parou. – Não
ouviu o que ele disse? Só depois que tirarmos o DVD é que vai contar o tempo.
Vamos fazer o que ele não quer e fuçar a casa dele. – ela disse e o
compartimento do aparelho de DVD se abriu.
Sem tempo para pensar, com um
reflexo, a detetive pegou a mídia do aparelho e saiu correndo pela porta da
frente, acompanhada pelo seu parceiro. Ao chegarem no portão, eles ouviram o
barulho e depois sentiram o tremor. Só tiveram tempo de pularem por cima do
carro e se esconderem atrás dele. A casa explodiu e seus pedaços voaram pela
rua e pelos ares. Ao ver os rostos das pessoas que olhavam o que acontecia, a
detetive olhou para o seu parceiro e disse.
― Nosso assassino em série acabou
de instalar o caos na cidade.
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